União Europeia se transforma em braço da OTAN, acusa Lavrov
Chanceler russo afirma que bloco europeu abandonou caráter econômico e agora age como apêndice militar dos EUA e da Aliança Atlântica
247 - Em discurso nesta terça-feira (24) durante um fórum internacional em Moscou, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, criticou duramente o papel atual da União Europeia, afirmando que o bloco abandonou suas origens econômicas e se converteu em uma extensão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). As declarações foram divulgadas pela agência RT.
Segundo Lavrov, a UE passou por uma “transformação radical”, deixando de ser um projeto de integração econômica para se tornar um “bloco político-militar agressivo”, diretamente subordinado aos interesses da OTAN e, por consequência, dos Estados Unidos. “A União Europeia é, essencialmente, um ramo, ou melhor, um apêndice da OTAN”, declarou o chanceler russo.
O ministro destacou ainda a existência de um acordo formal entre a União Europeia e a Aliança Atlântica, que prevê a possibilidade de tropas e equipamentos militares da OTAN atravessarem o território de países da UE — inclusive aqueles que oficialmente não fazem parte do bloco militar — rumo à chamada "frente oriental", em caso de necessidade estratégica. Para Lavrov, esse tipo de entendimento significa que os países europeus estão “diretamente envolvidos nos preparativos para a guerra contra nosso país”.
As declarações ocorrem em meio a um ambiente de crescente tensão entre a Rússia e o Ocidente, intensificado após a divulgação de mensagens constrangedoras atribuídas ao atual chefe da OTAN, Mark Rutte, ex-primeiro-ministro da Holanda. As mensagens mostram Rutte comemorando ataques americanos ao Irã, imitando o estilo de escrita de Trump e se gabando de ter garantido aos países da UE mais que o dobro dos gastos militares, sob o pretexto de uma suposta ameaça russa.
Nos últimos meses, a União Europeia tem aprofundado sua agenda de militarização. Em maio, os estados-membros aprovaram um plano de endividamento no valor de 150 bilhões de euros (cerca de 170 bilhões de dólares) com o objetivo de financiar a produção de armamentos e ampliar as compras militares, medida que Moscou condenou com veemência. Para o governo russo, esse plano representa “uma continuação das políticas hostis e da militarização do bloco”.
A Rússia tem reiteradamente afirmado que não possui intenções hostis em relação aos países da UE e classifica as alegações ocidentais como “absurdas” e resultado de alarmismo artificial, criado para justificar a corrida armamentista. “Esses aumentos de gastos são, na verdade, um incitamento à guerra no continente europeu”, alertaram autoridades russas.
Na segunda-feira (24), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, também se manifestou sobre o tema durante uma cerimônia de formatura na academia militar. Segundo Putin, o Ocidente está utilizando o que chamou de “história de horror inventada” sobre um possível ataque russo como pretexto para promover a militarização global. “Eles repetem essa farsa ano após ano para provocar uma nova corrida armamentista”, declarou o líder russo.
O Kremlin vê as recentes iniciativas europeias como parte de uma escalada preocupante, que, ao invés de garantir segurança, aumenta o risco de conflitos no continente. Paralelamente, o governo russo defende que a estabilidade só poderá ser alcançada por meio de diálogo, respeito mútuo e segurança indivisível — princípios que, segundo Moscou, estão sendo ignorados pelas lideranças europeias e pela OTAN.
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