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Trump questiona pacto de defesa da Otan às vésperas de cúpula na Europa

Presidente dos EUA diz que apresentará “definição exata” do Artigo 5 após chegada à Holanda

O presidente dos EUA, Donald Trump, chega a um jantar para chefes de estado e de governo da OTAN oferecido pelo rei holandês Willem-Alexander e pela rainha holandesa Máxima, à margem de uma cúpula da OTAN, no Palácio Huis ten Bosch em Haia, Holanda, em 24 de junho de 2025 (Foto: REUTERS/Christian Hartmann)
Luis Mauro Filho avatar
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HAIA, 24 de junho (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou dúvidas nesta terça-feira (24) sobre o comprometimento norte-americano com a defesa coletiva dos aliados da Otan, ao afirmar que existem “inúmeras” interpretações possíveis para o princípio que sustenta o pacto de defesa mútua da aliança.

Segundo reportagem da Reuters, Trump falou com jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One, a caminho da cúpula da Otan realizada nos Países Baixos. O encontro, que se estende por dois dias, tem como objetivo principal sinalizar ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que a aliança está coesa — mesmo após críticas recorrentes do líder norte-americano — e empenhada em reforçar sua estrutura defensiva diante de possíveis agressões de Moscou.

Ao ser questionado sobre sua adesão ao Artigo 5 do tratado, que estipula que um ataque contra um membro é um ataque contra todos, Trump declarou: “Estou comprometido com salvar vidas. Estou comprometido com a vida e com a segurança. E vou lhes dar uma definição exata quando eu chegar lá.”

Diante da repercussão, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, minimizou as declarações do presidente dos EUA. “Não tenho dúvidas de que os Estados Unidos estão totalmente comprometidos com a Otan, totalmente comprometidos com o Artigo 5”, afirmou Rutte aos jornalistas no centro de conferências em Haia, onde ocorre a cúpula.

Trump recebe elogios por ação no Irã e pressiona Europa

Em publicação nas redes sociais, Trump compartilhou uma imagem de uma mensagem enviada por Rutte, na qual o secretário-geral da Otan o parabeniza por sua “ação decisiva no Irã” e por ter conseguido a adesão dos países-membros a um novo compromisso de aumento de gastos com defesa.

“É a Europa que vai pagar PESADO, como deve, e isso será uma vitória sua”, diz o texto atribuído a Rutte, sugerindo um esforço diplomático para agradar Trump e garantir o êxito do encontro.

Um dos temas centrais da cúpula é justamente a meta proposta por Trump de que os países da Otan destinem 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) aos gastos com defesa — um salto significativo em relação à atual meta de 2%. A proposta prevê não apenas a ampliação de investimentos militares, mas também a inclusão de gastos mais amplos com segurança no cálculo do novo objetivo.

Entre os que se opõem à nova meta está o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que afirmou que seu país não precisa cumprir esse novo patamar. Trump, por sua vez, direcionou críticas a Madri por essa postura.

Encontro com Zelenskiy e alerta sobre ameaças russas

Durante a cúpula, Trump deve se reunir com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy. O líder ucraniano afirmou que pretende discutir a aquisição de armamentos, incluindo sistemas de defesa antiaérea Patriot, além de sanções e outras formas de pressionar o governo russo.

Nesta terça-feira, Zelenskiy advertiu os membros europeus da Otan sobre os riscos de novas agressões russas caso Moscou não seja derrotada no conflito em curso na Ucrânia. “A Rússia está até mesmo planejando novas operações militares em território da Otan – ou seja, em seus países”, afirmou ele durante evento com representantes da indústria de defesa, realizado paralelamente à cúpula. A declaração veio horas depois de um ataque russo com mísseis que matou ao menos 17 pessoas no sudeste da Ucrânia.

O presidente ucraniano também ressaltou que é crucial que seu país lidere o desenvolvimento de tecnologias de drones, uma área que tem transformado o campo de batalha com velocidade impressionante ao longo dos 40 meses de guerra.

Kremlin acusa Otan de militarismo e demonização

Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou a Otan de seguir um caminho de “militarização desenfreada” e de retratar a Rússia como um “demônio do inferno” para justificar o aumento expressivo nos gastos com defesa.

A Rússia tem afirmado que o desejo da Ucrânia de ingressar na aliança militar liderada pelos EUA foi um dos fatores que levaram à invasão em 2022. Peskov, no entanto, negou qualquer plano de ataque à Otan e considerou “em grande parte um esforço desperdiçado” tentar convencer os aliados disso, afirmando que a organização está determinada a demonizar Moscou.

“É uma aliança criada para o confronto... Não é um instrumento de paz e estabilidade”, declarou o porta-voz.

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