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Israel e Síria negociam acordo de segurança contra Hezbollah e Irã

Discussões incluem inteligência conjunta, além de possíveis exportações de gás e novas definições de fronteira no Golã

Soldados israelenses se reúnem perto da linha de cessar-fogo entre a Síria e as Colinas de Golã ocupadas por Israel, 9 de dezembro de 2024 (Foto: REUTERS/Ammar Awad)
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247 - Em meio a crescentes tensões no Oriente Médio, Israel e Síria estão em negociações sobre um suposto acordo de segurança com foco na cooperação de inteligência para conter o Hezbollah e a influência do Irã na região. A informação foi divulgada pelo coronel da reserva israelense Moshe Elad e repercutida pela rede Al Mayadeen nesta quinta-feira (3).

Segundo Elad, o acordo não se enquadra na chamada série de "acordos de normalização" promovidos por Israel em outros países árabes, mas busca estabelecer uma colaboração prática na área de segurança. As negociações também preveem novos arranjos de fronteira nas Colinas de Golã, território sírio ocupado por Israel desde 1967.

Um ponto sensível das tratativas seria o reconhecimento, por parte de Israel, de que as Fazendas de Shebaa pertencem à Síria — uma região historicamente disputada entre o Líbano e a Síria, atualmente sob ocupação israelense.

Além das questões militares, o acordo incluiria também potenciais exportações de gás natural de Israel para a Síria e a coordenação do uso da água na bacia do rio Yarmouk, recurso estratégico compartilhado pelos dois países.

Desde dezembro de 2024, quando o novo governo sírio assumiu o poder, o país segue sendo alvo de ataques aéreos por parte de Israel. As forças israelenses mantêm o controle de posições estratégicas como o Monte Hermon e áreas no sul da Síria, palco frequente de incursões militares e de planos para novas bases israelenses.

Em meio a esse cenário, o presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, manifestou abertura para o diálogo, apesar das contínuas agressões israelenses. "A era dos bombardeios retaliatórios intermináveis deve acabar. Nenhuma nação prospera quando seus céus estão tomados pelo medo. A realidade é que temos inimigos em comum e podemos desempenhar um papel importante na segurança regional", afirmou al-Sharaa em entrevista ao Jewish Journal.

Conforme revelado pelo portal Axios, os contatos entre Israel e a Síria têm ocorrido por ao menos quatro canais simultâneos. Entre os interlocutores estão o conselheiro de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi; o diretor do Mossad, David Barnea; o ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa'ar; além da tradicional coordenação militar entre os dois exércitos.

Al-Sharaa já participou de uma reunião sigilosa com altos funcionários da inteligência israelense, realizada nos Emirados Árabes Unidos em abril deste ano. O encontro, mediado pelas autoridades dos Emirados, teria contado com representantes do Mossad, do Conselho de Segurança Nacional de Israel e da inteligência das Forças de Ocupação Israelenses.

Apesar do histórico de hostilidade entre os dois países e da recusa síria em aceitar as condições impostas por Israel em décadas anteriores, analistas apontam que a atual conjuntura pode abrir caminho para entendimentos pontuais. 

Reportagens anteriores já indicavam que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu demonstra interesse em avançar para um acordo de segurança mais abrangente com a Síria, o que poderia, no futuro, servir como base para um possível tratado de "paz entre os dois países.

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