Agência da ONU retira inspetores nucleares do Irã
Decisão surge em meio a impasse sobre acesso
Por Francois Murphy
VIENA (Reuters) - O órgão de vigilância nuclear da ONU disse nesta sexta-feira que retirou seus últimos inspetores do Irã, à medida que o impasse sobre o retorno deles às instalações nucleares do país bombardeadas por Estados Unidos e Israel se aprofunda.
Israel lançou seus primeiros ataques militares contra instalações nucleares do Irã há três semanas. Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) não conseguiram inspecionar as instalações iranianas desde então, embora o chefe do órgão, Rafael Grossi, tenha afirmado que essa é sua prioridade.
O parlamento iraniano aprovou uma lei para suspender a cooperação com a IAEA até que a segurança de suas instalações nucleares seja garantida. Embora a agência afirme que o Irã ainda não a informou formalmente sobre qualquer suspensão, não está claro quando seus inspetores poderão retornar ao país.
"Uma equipe de inspetores da IAEA partiu hoje em segurança do Irã para retornar à sede da Agência em Viena, após permanecer em Teerã durante o recente conflito militar", disse a agência no X.
Diplomatas afirmaram que o número de inspetores da agência no Irã foi reduzido a um punhado após o início da guerra, em 13 de junho. Alguns também expressaram preocupação com a segurança dos inspetores desde o fim do conflito, devido às duras críticas à agência por parte de autoridades e da mídia do Irã.
O país acusou a agência de efetivamente abrir caminho para os bombardeios ao emitir um relatório condenatório em 31 de maio, que levou a uma resolução do Conselho de Governadores da IAEA, composto por 35 nações, declarando que o Irã violou suas obrigações de não proliferação.
O chefe da IAEA, Rafael Grossi, afirmou que mantém o relatório. Ele negou que tenha fornecido cobertura diplomática para ações militares.
Os ataques militares dos EUA e de Israel destruíram ou danificaram gravemente as três instalações de enriquecimento de urânio do Irã. Mas ficou menos claro o que aconteceu com grande parte das nove toneladas de urânio enriquecido do Irã, especialmente os mais de 400 kg enriquecidos com até 60% de pureza -- um pequeno passo em relação ao grau de enriquecimento para armas.
Isso é suficiente, se enriquecido ainda mais, para nove armas nucleares, de acordo com um parâmetro da IAEA. O Irã afirma que seus objetivos são inteiramente pacíficos, mas as potências ocidentais afirmam não haver justificativa civil para o enriquecimento a um nível tão alto. Já a IAEA diz que nenhum país fez isso sem desenvolver a bomba atômica.
(Reportagem adicional de Miranda Murray em Berlim)
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