<p><b>247 – </b>A cúpula presidencial do BRICS, marcada para o Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho, serviu de pano de fundo para a entrevista concedida pelo professor e financista José Kobori ao jornalista Leonardo Attuch, exibida pela TV 247 na sexta-feira (4).</p>
<p>Gravada dois dias antes, a entrevista traz uma radiografia densa da crise da ordem unipolar conduzida pelos Estados Unidos e um roteiro de como a articulação entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul pode abrir caminho para uma “nova era multipolar”.&nbsp;</p>
<p>“Talvez nós estejamos diante do fim do império americano e do nascimento de um mundo de vários polos”, resumiu Kobori logo no início do diálogo, classificando o BRICS como “um bloco contra-hegemônico” que aposta em cooperação econômica e técnica, e não em alianças militares.</p>
<h3><b>O dólar como ferramenta de dominação</b></h3>
<p>Kobori foi didático ao explicar a centralidade da moeda norte-americana na arquitetura de poder de Washington. Segundo ele, o sistema “euro-dólar” – sustentado desde os anos 1970 pelo acordo do petrodólar com a Arábia Saudita – garante aos EUA o “privilégio exorbitante” de financiar seus déficits imprimindo moeda.&nbsp;</p>
<p>“Se os países pararem de usar o dólar, os Estados Unidos perderão a capacidade de sustentar 800 bases militares espalhadas pelo planeta”, disse. Ele lembrou que, após congelar reservas russas em 2022, Washington mostrou ao mundo “o risco de manter ativos denominados em dólar”, o que acelerou iniciativas de diversificação cambial, sobretudo da China.</p>
<h3><b>Alternativas ao Swift e o papel do Novo Banco de Desenvolvimento</b></h3>
<p>A hegemonia do dólar depende também do Swift, o sistema ocidental de liquidação financeira que, conforme lembrou Kobori, “ainda leva até cinco dias para compensar transações internacionais”.&nbsp;</p>
<p>Ele destacou que Pequim já opera um mecanismo próprio de pagamentos em renminbi capaz de liquidar operações “em quinze segundos” e avalia que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), presidido por Dilma Rousseff, pode ser a plataforma para uma cesta de moedas lastreada em reservas dos países do bloco.&nbsp;</p>
<p>“Não é fácil nem imediato, mas o caminho é criar um circuito financeiro graduado que reduza a exposição à moeda norte-americana”, avaliou.</p>
<h3><b>Brasil: entre a ousadia e a pressão externa</b></h3>
<p>Para Kobori, o Brasil “precisa sair de cima do muro” e assumir posição de liderança no BRICS. Ele teme, porém, que uma eventual vitória da extrema-direita possa recolocar o País sob a órbita de Washington. “Há setores que sonham em retirar o Brasil do bloco para agradar aos EUA”, alertou.&nbsp;</p>
<p>Mesmo assim, o economista aposta que o Planalto dispõe de margem para aprofundar laços Sul-Sul: “Temos mais a ganhar reforçando uma frente anti-imperialista do que cedendo a retaliações.”</p>
<h3><b>Multipolaridade, guerra e segurança</b></h3>
<p>Ao tratar dos conflitos recentes, Kobori afirmou que a operação russa na Ucrânia “quebrou o monopólio da guerra” exercido pelos EUA desde o fim da URSS e que o cerco ao Irã tenta salvar o petrodólar. “Israel, Reino Unido e Washington querem desacoplar a rota da seda e intimidar quem negocia petróleo fora do dólar”, disse.&nbsp;</p>
<p>Questionado sobre a defesa nacional, o professor foi direto: “O Brasil deveria considerar ter dissuasão nuclear. Só nós, entre os fundadores do BRICS, ainda não possuímos esse recurso estratégico.”</p>
<h3><b>Crítica frontal à financeirização</b></h3>
<p>Ex-operador de mercado, Kobori classificou a financeirização como “a nova forma de colonialismo” porque “extrai valor sem precisar ocupar fisicamente países”.&nbsp;</p>
<p>Ele citou gigantes como BlackRock e Vanguard: “Controlam participações cruzadas em quase todas as companhias e pressionam por lucros de curto prazo, encurtando ciclos de crise e provocando desindustrialização no Ocidente.” O resultado, afirma, foi a transferência de fábricas para a China, “acabando por criar a potência que hoje desafia o império”.</p>
<h3><b>Justiça tributária e ‘ditadura da burguesia’</b></h3>
<p>O economista endossou a campanha do presidente Lula por taxar super-ricos, classificando-a como “mínimo de social-democracia europeia” e denunciando a estrutura regressiva do sistema brasileiro. “Aqui vivemos a ditadura da burguesia: sempre que se tenta tributar os mais ricos, a reação é feroz”, disse.&nbsp;</p>
<p>Em contraste, mencionou o Japão – onde morou na juventude – como exemplo de sociedade com alta carga progressiva e ampla classe média: “Lá, 90% da população sente estabilidade; no Brasil, a desigualdade é gritante.”</p>
<h3><b>Democracia liberal sob escrutínio</b></h3>
<p>Kobori sugeriu que o sucesso chinês abala o mito de que apenas a democracia liberal ocidental traz prosperidade. “A China é chamada de ditadura, mas opera uma ‘ditadura do proletariado’ baseada em conselhos populares. No Ocidente, vivemos a ditadura do capital”, provocou. Para ele, a ascensão de modelos híbridos – socialismo de mercado chinês ou economias mistas do Sudeste Asiático – impõe revisão conceitual às velhas categorias políticas.</p>
<p>Encerrando a entrevista, Kobori afirmou que o momento atual é “intelectualmente mais excitante” do que a rotina de índices e derivativos que marcou três décadas de carreira no mercado. “Estamos diante de uma chance histórica de construir uma ordem multipolar, mais humana e cooperativa. É complexo, mas infinitamente mais estimulante do que o mundo reduzido a números”, concluiu, citando o conceito chinês de “destino compartilhado para a humanidade” como possível sinal de que uma alternativa pacífica – e não a barbárie – ainda pode prevalecer. Assista:</p>
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Redação Brasil 247

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Ideias

BRICS desafiam hegemonia global e anunciam nova era multipolar, diz José Kobori

<p><b>247 – </b>Em vídeo publicado no YouTube, o professor José Kobori faz uma contundente análise da geopolítica global ao comentar o cessar-fogo anunciado por Donald Trump entre Estados Unidos, Israel e Irã. Para ele, o desfecho do conflito expõe o enfraquecimento da hegemonia norte-americana e marca a derrota de uma das principais estratégias do chamado "eixo do mal", que, na sua visão, seria representado por Washington e Tel Aviv.</p>
<p>A análise foi publicada originalmente em seu canal, onde Kobori aborda temas que conectam geopolítica, economia e filosofia. Logo no início, ele ironiza o anúncio feito por Trump em sua rede social, sugerindo que o ex-presidente dos Estados Unidos age como um "blogueiro presidencial": "Seria cômico se não fosse trágico que o presidente da nação com o maior poderio militar do mundo anuncie decisão tão importante para a paz mundial por sua rede social e seja desmentido por ações de Israel logo em seguida".</p>
<h3><b>Resistência iraniana frustra ofensiva ocidental</b></h3>
<p>Para Kobori, o ataque israelense ao Irã, iniciado sob o pretexto de destruir supostas instalações nucleares, contrariou o direito internacional, os relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica e a própria inteligência norte-americana, que não apontavam qualquer violação por parte de Teerã. O professor denuncia o movimento como parte de um plano mais amplo do império norte-americano de conter a ascensão chinesa e manter o controle do sistema financeiro global, especialmente por meio da hegemonia do dólar.</p>
<p>“Derrubar o regime iraniano atende a vários interesses estratégicos americanos”, explica Kobori. Entre esses interesses, ele cita o objetivo de desestabilizar os BRICS — já que o Irã tornou-se membro pleno do bloco em 2024 — e evitar que mais países comercializem petróleo fora do dólar, como o Irã já faz com a China. Além disso, o professor alerta para a tentativa dos Estados Unidos de impedir que a Arábia Saudita se aproxime do BRICS e do projeto multipolar em curso.</p>
<h3><b>Cessar-fogo ou manobra tática?</b></h3>
<p>O vídeo também traça um paralelo com o cessar-fogo em Gaza, anunciado anteriormente por Trump e seguido pela retomada das hostilidades por parte de Israel. Para Kobori, o mesmo pode acontecer agora: “Assim como no cessar-fogo em Gaza, este pode ser apenas um momento para Israel se reabastecer e reiniciar os ataques”.</p>
<p>Ele também afirma que a tentativa de desestabilizar o Irã se insere num antigo plano do <i>deep state</i> norte-americano, revelado pelo general Wesley Clark em 2007, de “derrubar sete governos” no Oriente Médio e na África. De acordo com Kobori, a persistência iraniana impediu a conclusão desse projeto.</p>
<h3><b>Multipolaridade em marcha</b></h3>
<p>Em contraposição ao belicismo ocidental, Kobori destaca a estratégia diplomática e comercial da China. Enquanto os ataques ocorriam em 13 de junho, Pequim encerrava o Fórum China-África, com a participação de 53 países e a assinatura de acordos de comércio livre de tarifas. Poucos dias depois, em 17 de junho, realizou-se a cúpula China-Ásia Central no Cazaquistão, com novos acordos e consolidação da influência chinesa na região.</p>
<p>“Os Estados Unidos se acostumaram a definir como ‘eixo do mal’ os países não alinhados ao sistema imperialista, enquanto uns jogam bombas, outros fecham bons negócios”, afirma Kobori.</p>
<h3>Final de ciclo</h3>
<p>Para o professor, a ofensiva contra o Irã representa mais um erro estratégico dos Estados Unidos: “Bombardear e destruir um país não é vencer uma guerra”, adverte. Ele acredita que o conflito no Irã, caso se prolongue, drenará os recursos de Washington, da mesma forma como ocorreu em guerras anteriores no Afeganistão e no Iraque. A tentativa de atrair a China para a confrontação direta é vista como ilusória, já que Pequim demonstraria maior profundidade estratégica e resiliência econômica.</p>
<p>No encerramento do vídeo, Kobori reafirma que a derrota do projeto imperialista no Oriente Médio abre espaço para a consolidação de uma nova ordem mundial: “O Irã venceu, e isso é vital para a consolidação de um mundo multipolar”, sentencia. Assista:</p>
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Kobori: 'eixo do mal' foi derrotado no Oriente Médio

<p><b>247 –</b> Em entrevista ao canal <b>À Deriva</b>, o professor <b>José Kobori</b> fez uma crítica contundente ao discurso do Estado mínimo e ao modelo neoliberal que predominou nas últimas décadas em países como o Brasil. Para ele, a ascensão econômica da China se deu justamente por ter rejeitado essa cartilha liberal e adotado um Estado forte e estratégico. “A China fez exatamente o que os Estados Unidos fizeram no passado: protegeu seu mercado, investiu em tecnologia, usou o poder do Estado para crescer”, afirmou.</p>
<p>Kobori comparou o processo chinês com o caminho trilhado pelo Brasil a partir da década de 1990, após o Consenso de Washington. Enquanto os chineses protegeram suas empresas e exigiram transferência de tecnologia, o Brasil abriu seu mercado e desmantelou sua base industrial. “A gente fez exatamente o que os Estados Unidos pregaram, e nos demos mal”, lamentou.</p>
<h3>O papel da abstração e do contrato social</h3>
<p>Na entrevista, Kobori explicou que o Estado é uma das grandes abstrações criadas pelos seres humanos para possibilitar a vida em sociedade. Citando autores como Thomas Hobbes, ele relembrou que o Estado nasceu para impedir que as relações sociais descambassem para a violência. “O Estado foi criado para proteger o mais fraco. O mais forte não precisa do Estado.”</p>
<p>Segundo ele, o problema não está no tamanho do Estado, mas sim em sua captura pelas elites econômicas. “Quem domina o Estado é o poder econômico. O poder econômico se traduz em poder político”, afirmou. Para Kobori, o discurso de que o Estado prejudica os mais pobres por cobrar impostos é, na verdade, uma retórica manipuladora das elites para manter o sistema tributário regressivo.</p>
<h3>“O Estado precisa ser grande e forte”</h3>
<p>Kobori defendeu um Estado grande, forte e atuante, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. “Todos os países que hoje pregam o Estado mínimo já foram Estados grandes em algum momento, foi assim que eles chegaram lá”, afirmou. Ele criticou o discurso de austeridade que impede países pobres de seguir o mesmo caminho. “É o famoso ‘chutando a escada’, como diz o livro do coreano Ha-Joon Chang.”</p>
<p>A Coreia do Sul e a própria China foram citadas como exemplos bem-sucedidos de nações que usaram o Estado como indutor do desenvolvimento. “Eles protegeram seu mercado, levantaram barreiras tarifárias, exigiram transferência de tecnologia. E hoje colhem os frutos disso.”</p>
<h3>O Brasil e a desindustrialização</h3>
<p>Ao falar do Brasil, Kobori lamentou a destruição da indústria nacional após a abertura econômica iniciada nos anos 1990. “A produção industrial brasileira na década de 1980 era equivalente à da China e da Coreia do Sul somadas. Hoje, estamos muito atrás.” Ele lembrou que setores estratégicos como o de defesa e o de implementos agrícolas foram abandonados, e muitas empresas desapareceram ou foram compradas por estrangeiras.</p>
<p>Como exemplo de sucesso, citou a <b>Embraer</b>, protegida e incentivada pelo Estado brasileiro durante anos. “Hoje ela é uma empresa de alta tecnologia, que concorre com gigantes como Boeing e Airbus. Isso só foi possível porque o Estado acreditou e investiu.”</p>
<h3>Crítica ao modelo norte-americano</h3>
<p>Kobori também criticou o modelo fiscal e tributário adotado pelos Estados Unidos sob o comando do presidente <b>Donald Trump</b>. Para ele, a teoria do “trickle-down economics” (economia do gotejamento) — que defende a isenção fiscal dos mais ricos e grandes corporações como forma de estimular o crescimento — fracassou em todos os lugares onde foi aplicada. “Toda isenção dada aos mais ricos vira mais acúmulo de riqueza, nunca se distribui.”</p>
<p>Para encerrar, o professor alertou que o discurso contra o Estado, quando analisado em profundidade, revela-se uma ferramenta de manutenção do status quo. “A elite usa esse discurso para nos convencer de que o Estado atrapalha. Mas, na verdade, ela é quem controla o Estado e não quer abrir mão desse poder.” Assista:</p>
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Economia

Kobori: China venceu porque abandonou o neoliberalismo

<p><b>247 –</b> Em entrevista à TV 247, o professor José Kobori fez uma análise crítica da política econômica brasileira, afirmando que o governo do presidente Lula permanece preso à lógica neoliberal imposta por décadas no país. Segundo ele, para que o Brasil volte a se desenvolver com soberania, é preciso romper com esse modelo que privilegia os interesses do capital financeiro e engessa a ação do Estado. A conversa foi conduzida pelo jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247.</p>
<p>“O governo Lula está preso à lógica neoliberal e é necessária uma ruptura”, afirmou Kobori, ao comentar as limitações que o Estado enfrenta diante de uma política monetária restritiva, altos juros e metas de inflação incompatíveis com a realidade econômica do país. Ele criticou a forma como o sistema financeiro se impôs como o centro das decisões econômicas. “Enquanto a taxa de juros estiver nesse patamar proibitivo, não há espaço para investimentos produtivos”, alertou.</p>
<p>Para Kobori, o Banco Central brasileiro, mesmo com a autonomia formal, atua em nome do rentismo, travando o crescimento econômico. “A política monetária atual é irracional. A inflação projetada passa ligeiramente da meta e já é usada como justificativa para subir juros. Isso trava o país”, afirmou.&nbsp;</p>
<p>Ao ser convidado para participar de audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo, Kobori defendeu um aumento mais expressivo do imposto sobre heranças (IPCMD), como forma de promover justiça fiscal. “É preciso taxar o patrimônio ocioso e financiar o investimento produtivo. O Brasil tem uma das estruturas tributárias mais regressivas do mundo”, disse.</p>
<p>Durante a entrevista, o professor também propôs uma revalorização do papel do Estado como indutor do desenvolvimento. “A China fez isso ao longo das últimas décadas: usou o que havia de mais dinâmico no capitalismo, mas sob controle do Estado. E venceu o jogo dentro das regras do sistema”, explicou. Para ele, o Brasil precisa de um plano de longo prazo, com continuidade, soberania e metas claras — algo que ainda não se concretizou nos sucessivos governos democráticos. Assista:</p>
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"O governo Lula está preso à lógica neoliberal e é preciso romper com este modelo", diz Kobori

<p><b>247 –</b> José Kobori, professor e autor consagrado na área de mercado de capitais, explicou, durante entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, por que hoje se considera um socialista do ponto de vista filosófico. A declaração veio no contexto de uma reflexão pessoal sobre sua mudança de perspectiva após décadas de atuação no mercado financeiro e experiências pessoais marcantes, incluindo um período na prisão.</p>
<p>“Do ponto de vista filosófico, hoje eu me considero um socialista”, declarou. Kobori explicou que, ao longo da vida, sempre buscou compreender os sistemas econômicos e seus impactos sobre a sociedade, mas que só mais recentemente passou a questionar de forma profunda a lógica do capital. “Enquanto o dinheiro for o seu objetivo, você será escravo dele”, afirmou. Segundo ele, o atual sistema só é benéfico para 1% da população – o que acaba estimulando o avanço da extrema-direita.</p>
<p>Ao abordar o sistema político chinês, Kobori elogiou a meritocracia presente na estrutura de governança do país asiático. “Na China, quem chega ao poder passa por uma longa trajetória de preparação. Lá, o mérito prevalece na política. Não é como aqui, onde o poder econômico compra o poder político”, comparou.</p>
<p>O entrevistado também fez uma autocrítica sobre o comportamento das elites econômicas brasileiras. “Tem muita gente bem formada, mas sem cultura. Formação não é cultura. Falta pensamento crítico”, disse. Ele lamentou que o Brasil ainda não tenha um projeto nacional de longo prazo, como o que foi adotado pela China há 50 anos. “O sistema chinês precisa ser estudado, não apenas do ponto de vista econômico, como também cultural". Assista:</p>
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Entrevistas

“Do ponto de vista filosófico, hoje eu me considero um socialista”, diz Kobori

<p><b>247 – </b>Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o professor José Kobori fez uma análise contundente sobre o atual cenário geopolítico e econômico, afirmando que os Estados Unidos, diante do fracasso de seu projeto de globalização, decidiram “virar o tabuleiro” ao perceberem que foram superados pela China. “Os Estados Unidos perderam o jogo da globalização e decidiram virar o tabuleiro”, afirmou Kobori ao comentar as medidas protecionistas e o discurso beligerante adotado pelo presidente Donald Trump. "Roubaram a bola".&nbsp;</p>
<p>Para Kobori, os EUA criaram as regras do comércio global após a Segunda Guerra Mundial, mas, quando perceberam que outras nações estavam vencendo dentro dessas mesmas regras — como foi o caso do Japão nos anos 1980 e agora da China — passaram a tentar reescrevê-las. O professor lembrou que essa mudança de postura já ocorreu no passado, como nos Acordos de Bretton Woods e Plaza, e agora se repete com a tentativa de desacoplar a economia americana da chinesa. “Trump está tentando forçar a volta da industrialização nos Estados Unidos, mas isso esbarra em limites estruturais: custos elevados, escassez de mão de obra barata e o fato de que a China já domina cadeias produtivas inteiras”, explicou.</p>
<p>Segundo Kobori, a China venceu ao combinar os elementos mais dinâmicos do capitalismo com o planejamento estatal. “Ela está vencendo os Estados Unidos dentro das próprias regras que os americanos criaram. A China absorveu as tecnologias, aprendeu, melhorou e agora lidera”, disse. Para ele, a estratégia americana de expansão militar, que consumiu trilhões de dólares, cobra hoje um preço alto, com desigualdade social e perda de competitividade interna. "Todos os impérios caíram do mesmo modo", diz ele.</p>
<p>Kobori também destacou que o Brasil tem uma oportunidade única nesse novo cenário global, especialmente com o fortalecimento de alianças como a CELAC e o aprofundamento da relação com a China. “O Brasil pode se colocar como um país que respeita regras. &nbsp;A sinalização é importante para o mundo. Mas é importante ter um verdadeiro projeto de desenvolvimento”, afirmou. Assista:</p>
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