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Haddad afina propostas na área de Economia e Finanças com ministros de países que fazem parte do BRICS

O titular da Fazenda teve encontros com ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do BRICS

Fernando Haddad (à esq.) e Anton Siluanov (Foto: Diogo Zacarias / MF)
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247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com seus homólogos da China e da Rússia no contexto dos preparativos para a 1ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do BRICS (FMCBG, na sigla em inglês) e da 10ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que ocorrem entre os dias 4 e 5 de julho, no Rio de Janeiro. 

Em reunião com o Ministro das Finanças da China, Lan Fo’an, os dois ministros discutiram o estado das relações econômico-financeiras entre os países, bem como a conjuntura internacional. Ambos destacaram a importância da elevação da parceria bilateral a um nível estratégico e concordaram em assinar Memorando de Cooperação Financeira para reforçar o diálogo e a cooperação financeira nos planos bilateral e multilateral.

Durante a reunião, trataram ainda da presidência rotativa do Brasil no BRICS em 2025 e da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Os ministros reafirmaram o compromisso dos dois países com o enfrentamento das mudanças climáticas, com destaque para a discussões relacionadas ao Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Também refletiram sobre a importância NDB e destacaram a liderança da Presidenta Dilma Rousseff, recentemente reconduzida ao cargo de presidenta da instituição.

Em encontro com o Ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, foram discutidos o estado da economia global e avanços sob a presidência brasileira do BRICS. O Ministro Haddad reiterou o compromisso histórico do Brasil com o multilateralismo e com o engajamento com todas as regiões do mundo. 

No plano bilateral, ambos concordaram sobre a necessidade de explorar oportunidades de cooperação bilateral e multilateral, intercâmbio de experiências e boas práticas. Como resultado, foi assinado Memorando de Entendimento para o estabelecimento de diálogo econômico e financeiro, em nível técnico, entre os dois países, à semelhança de outros mecanismos com outros parceiros relevantes.

Nos próximos dias, na qualidade de anfitrião dos encontros do BRICS financeiro e do NDB, o Ministro Fernando Haddad dará continuidade à agenda bilateral, com encontros previstos com seus homólogos da Índia, Egito e Emirados Árabes Unidos.

Mais detalhes

O BRICS está estruturado em três pilares de cooperação: Política e Segurança, Economia e Finanças, e Intercâmbio Cultural e da Sociedade Civil. 

  • Países membros
  1. África do Sul
  2. Arábia Saudita
  3. Brasil 
  4. China
  5. Rússia
  6. Índia
  7. Egito
  8. Emirados Árabes Unidos
  9. Etiópia
  10. Indonésia 
  11. Irã
  • Países parceiros

O BRICS tem os seguintes países parceiros: 

  1. Belarus
  2. Bolívia
  3. Cazaquistão
  4. Cuba
  5. Malásia
  6. Nigéria
  7. Tailândia
  8. Uganda 
  9. Uzbequistão

Estatísticas econômicas

A participação do BRICS no PIB mundial (em PPP, a preços correntes) aumentou para aproximadamente 39% em 2023.  Em 2024, o FMI projetou que todos os países do BRICS apresentaram crescimento econômico positivo, com taxas que variam de 1,1% a 6,1%. No comércio internacional, os países do BRICS respondem por 24% do total das trocas mundiais. 

A corrente de comércio do Brasil com o BRICS totalizou USD 210 bilhões, representando 35% do total em 2024. BRICS foi o destino de USD 121 bilhões das exportações brasileiras, representando  36% do total exportado pelo Brasil em 2024, segundo a ComexVis. 

O  BRICS foi a origem de USD  88 bilhões das importações brasileiras, representando  34% do total importado pelo Brasil em 2024, e 48,5% da população do planeta.

Em termos territoriais, o BRICS representa aproximadamente 36% do total. Aproximadamente 72% das reservas mundiais de minerais de terras raras e 43,6% da produção mundial de petróleo, mostrou a Agência Internacional de Energia. As estatísticas apontaram que a aliança também representa 36% da produção mundial de gás natural e 78,2% da produção global de carvão mineral.

Presidência brasileira

O Brasil assumiu a presidência do BRICS em janeiro de 2025, uma gestão que é rotativa e tem duração de um ano. 

Guiada pelo lema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", a Presidência Brasileira do BRICS em 2025 se concentrará em duas prioridades: (i) Cooperação do Sul Global e (ii) Parcerias BRICS para o Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental. No âmbito dessas prioridades, o Brasil propõe concentrar atenção política em seis áreas centrais:

A - Cooperação em Saúde Global: incentivar projetos concretos de cooperação entre as nações do BRICS para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo em vários setores, particularmente na saúde, para garantir o acesso a medicamentos e vacinas; lançar a Parceria BRICS para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas e Doenças Tropicais Negligenciadas;

B – Comércio, Investimentos e Finanças: considerar a governança e a reforma dos mercados financeiros, as moedas locais, e os instrumentos e plataformas de pagamento como meio de aumentar e diversificar os fluxos comerciais, financeiros e de investimentos; fazer avançar a Parceria para a Nova Revolução Industrial e adotar a Estratégia 2030 para a Parceria Econômica dos BRICS;

C - Mudança do Clima: adotar uma Agenda de Liderança Climática do BRICS, incluindo uma Declaração-Quadro dos Líderes sobre Financiamento Climático visando a orientar mudança estrutural no setor financeiro;

D – Governança da Inteligência Artificial: promover uma governança internacional inclusiva e responsável da inteligência artificial, a fim de destravar o potencial dessa tecnologia para o desenvolvimento social, econômico e ambiental;

E – Arquitetura Multilateral de Paz e Segurança: promover uma reforma abrangente da arquitetura multilateral de paz e segurança, a fim de garantir atuação eficaz no enfrentamento de conflitos, evitar catástrofes humanitárias e impedir a eclosão de novas crises; reconstruir a confiança e o entendimento mútuos, retomar a diplomacia e promover soluções pacíficas para conflitos e disputas;

F - Desenvolvimento Institucional: melhorar a estrutura e a coesão do BRICS.

Confira os eixos temáticos do BRICS:

  • Política e Segurança

No âmbito político e de segurança, a presidência brasileira do BRICS se concentrará na promoção do multilateralismo – incluindo a reforma do Conselho de Segurança da ONU; o enfrentamento e a prevenção de conflitos e catástrofes humanitárias; e o fortalecimento da cooperação para o combate ao terrorismo e à corrupção. 

A agenda de trabalho incluirá discussões sobre o aumento da capacidade de ação contra o terrorismo e a formação de capacidades para conter o extremismo violento que conduz ao terrorismo, um problema multifacetado que exige o compartilhamento das melhores práticas. 

No que tange ao combate à corrupção, a ideia é promover debate acerca dos desafios relacionados à corrupção e à recuperação de ativos, bem como a relação entre anticorrupção e desenvolvimento sustentável; a eficiência dos instrumentos para a recuperação de ativos; a integridade nos setores público e privado para melhorar a governança; e a utilização e o compartilhamento de boas práticas no uso da Inteligência Artificial para combater a corrupção e promover mais responsabilização, transparência e monitoramento em temas associados à anticorrupção. 

  • Finanças, Economia e Comércio

A área de Finanças, Economia e Comércio compreende, de um lado, diversas ações e iniciativas de cooperação entre os países do BRICS e, de outro, concertação para aumentar a representatividade dos países membros, e do Sul Global de forma mais ampla, na ordem econômica mundial. Esteve na origem do agrupamento a busca para que a participação das grandes economias emergentes nas instituições financeiras internacionais refletisse o seu peso relativo na economia global. O BRICS também busca o fortalecimento do sistema multilateral de comércio, com especial atenção às necessidades dos países em desenvolvimento. 

Um dos grandes desafios é aumentar os fluxos de comércio e investimento intra-BRICS, com vistas à inserção mais equilibrada dos países membros na economia mundial. Para tanto, a presidência brasileira tem como prioridades diversos temas voltados para a facilitação das transações econômicas entre os países do bloco, como o uso de moedas locais, o desenvolvimento de plataformas de pagamento internacional, a cooperação em compras governamentais e a promoção de medidas de facilitação de comércio, entre outros.

Ainda na área financeira, a presidência brasileira trabalhará pela cooperação na área de finanças sustentáveis, com vistas a ampliar os canais de financiamento para a transição energética e a transição climática nos países membros. A busca de convergências em taxonomias sustentáveis e mecanismos financeiros inovadores são pontos relevantes dessa agenda.

Na economia, o BRICS conta, desde 2021, com a Parceria para a Nova Revolução Industrial (PartNIR), por meio da qual serão desenvolvidas iniciativas para a transformação digital da indústria, o fomento à bioindústria, e o apoio para maior participação de pequenas e médias empresas no comércio internacional. A presidência brasileira também vai dedicar especial atenção à adoção da Estratégia 2030 para a Parceria Econômica dos BRICS. 

  • Desenvolvimento Sustentável e Mudança do Clima

No âmbito do Desenvolvimento Sustentável e da Mudança do Clima, a presidência brasileira do BRICS buscará promover debates que contribuam para a participação dos países do BRICS na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), especialmente no que se refere ao financiamento climático. Buscaremos desenvolver iniciativas tendo como pano de fundo a premente necessidade de intensificar os esforços globais de contenção do aquecimento global ao limite crítico de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Além da agenda de clima e meio ambiente, a presidência brasileira dará continuidade às atividades relativas à gestão de desastres naturais, focando no fortalecimento da resiliência comunitária através de capacitação e infraestrutura resiliente. Da mesma forma, especial atenção será dada aos esforços em prol da transição energética com base na atualização do plano de trabalho do grupo para a cooperação energética e na discussão sobre novos combustíveis sustentáveis. 

As discussões sobre infraestrutura terão como pano de fundo os esforços para contenção da mudança do clima, incluindo temas como infraestrutura sustentável e resiliente, sistemas comunitários de alerta precoce (CBEWS), descarbonização de portos e transporte marítimo, desenvolvimento de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), logística internacional, conectividade aérea e mobilidade urbana sustentável. 

  • Ciência, Tecnologia e Inovação

No campo da Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), a presidência brasileira dará destaque para a Inteligência Artificial (IA) em suas mais diversas faces, passando pela governança até aspectos mais técnicos relacionados a essa nova tecnologia. A cooperação em CTI terá como orientação a busca por garantias de que os avanços tecnológicos, especialmente no campo da IA, beneficiem de maneira equitativa todos os países, em particular aqueles em desenvolvimento, defendendo o respeito aos direitos humanos, a proteção de dados pessoais e a integridade das informações.

A presidência brasileira se compromete a fortalecer o diálogo para explorar as potencialidades das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), abordando questões como desinformação, segurança digital e desigualdade no acesso às tecnologias. Iniciativas práticas, como a criação de redes de colaboração entre agências de segurança cibernética e o intercâmbio acadêmico, buscarão fortalecer a segurança no uso das TICs e permitir que os países avancem de forma coordenada. 

A promoção da inovação industrial é outra prioridade para a presidência brasileira, com foco no fortalecimento da colaboração entre universidades, empresas e parques tecnológicos, além de estratégias para transferência de tecnologia. Outro ponto crucial será a cooperação no que diz respeito à exploração e ao uso pacífico do espaço, promovendo a colaboração entre agências espaciais, empresas privadas e outros setores. 

  • Desenvolvimento Humano e Social

No âmbito do Desenvolvimento Humano e Social, a cooperação do BRICS abrangerá diversas iniciativas voltadas à promoção de igualdade, justiça e inclusão social, que visam fortalecer o combate às desigualdades globais e reforçar o chamado à ação coletiva.  Ganham destaque as áreas de saúde, educação, juventude, mulheres, turismo, esporte e cultura.  

Pilar fundamental do desenvolvimento humano e social sustentável, a cooperação em saúde entre os países do BRICS priorizará a promoção da equidade em saúde, especialmente no acesso a tratamentos, diagnósticos e vacinas e no desenvolvimento de tecnologias emergentes em saúde. 

Com o objetivo de construir capacidades e estruturas inclusivas, fundamentais para a promoção e o alcance da cobertura universal de saúde, serão abordados temas como: infraestrutura para cuidados especializados em regiões remotas; eliminação de doenças e infecções socialmente determinadas; fortalecimento dos Institutos de Saúde Pública do BRICS; colaboração no combate a emergências de saúde pública e catástrofes; fortalecimento do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas do BRICS; e compartilhamento de boas práticas sobre inteligência artificial e governança de dados aplicadas à saúde.  

Em uma posição única para liderar pelo exemplo, promovendo equidade, resiliência e inovação, os países do BRICS abordarão a cooperação em educação, por meio da discussão e do compartilhamento de conhecimento sobre o uso ético da inteligência artificial, da harmonização de sistemas de avaliação e do reconhecimento mútuo de qualificações, além de iniciativas em ensino técnico e profissional. 

A pauta da presidência brasileira inclui atividades voltadas à juventude, reconhecidamente protagonista no desenvolvimento humano e fundamental para a construção de um futuro mais inclusivo e sustentável. O BRICS também se concentrará na promoção de políticas para mulheres, destacando a importância da coordenação internacional para implementar programas que apoiem a autonomia econômica feminina. 

Importantes vetores de desenvolvimento humano, social e econômico, o esporte, o turismo e a cultura se farão presentes no fortalecimento da cooperação e das trocas culturais entre os países do BRICS. As competições esportivas, como práticas culturais, contribuem significativamente para a promoção da paz, do desenvolvimento sustentável e do crescimento inclusivo. O turismo, por sua vez, é amplamente reconhecido como pilar da economia global, contribuindo significativamente para o crescimento econômico e a criação de empregos. Por fim, as indústrias culturais e criativas são impulsionadoras do crescimento econômico e da inclusão social, desempenhando papel estratégico no fomento à inovação, à criação de empregos qualificados e ao desenvolvimento sustentável. 

  • Pilar Social - People to People (P2P)

A Cooperação “People to People” (P2P) busca fortalecer os laços sociais e culturais entre os países membros do BRICS, promovendo inclusão, diálogo e entendimento mútuo. Essa iniciativa reúne foros e conselhos estratégicos: o Conselho de Juventude, o Fórum Parlamentar, a Associação de Municípios, o Conselho Empresarial, a Aliança Empresarial das Mulheres, o Conselho de Think Tanks, o Fórum Acadêmico, e o Fórum Civil. Seus objetivos estão pautados no alinhamento de prioridades e na integração das contribuições da sociedade civil às políticas discutidas no BRICS, reforçando o compromisso do agrupamento com o desenvolvimento sustentável e a cooperação entre os povos. 

Os eventos e atividades a serem desenvolvidos nos diversos foros e conselhos do pilar People-to-People serão divulgados no site oficial da presidência brasileira do BRICS, de modo a facilitar o engajamento da sociedade civil. 

Reforçando o papel do BRICS na construção de uma governança global mais inclusiva, a cooperação P2P valoriza a diversidade e as contribuições sociais de seus membros. Ao liderar essa agenda, a presidência brasileira reafirma seu compromisso com a cooperação do Sul Global, promovendo encontros preparatórios, plataformas de diálogo e ações concretas que consolidam a participação de todos na construção de soluções conjuntas para os desafios globais.

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