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Metade dos deputados acusa STF de invadir atribuições do Congresso, aponta pesquisa Quaest

Para 49% dos parlamentares, o STF "sempre" ultrapassa suas funções ao interferir em competências que cabem ao Congresso Nacional

(Foto: ABr | Câmara)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Uma pesquisa realizada pela Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, divulgada nesta quarta-feira (2) pelo g1 indica um cenário de crescente tensão entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Câmara dos Deputados. Segundo o levantamento, 49% dos parlamentares federais consideram que o STF "sempre" ultrapassa suas funções ao interferir em competências que cabem ao Congresso Nacional.

A pesquisa, feita entre 7 de maio e 30 de junho de 2025, ouviu 203 deputados — cerca de 40% da composição da Câmara — com amostragem regional e ideológica baseada no projeto Brazilian Legislative Surveys. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Rejeição crescente ao STF e ao governo - Além da visão crítica sobre o STF, os números revelam uma deterioração da imagem do governo Lula (PT) junto ao Legislativo. Para 46% dos deputados, a gestão federal é negativa — o pior índice desde o início do atual mandato, em janeiro de 2023. Em comparação, a avaliação positiva caiu para 27% (eram 35% em 2023), enquanto 24% classificam a administração como "regular". Apenas 3% não souberam ou preferiram não responder.

O descontentamento é mais acentuado entre deputados autodeclarados independentes: 44% avaliam negativamente o governo, contra apenas 20% em 2023. Já entre os governistas, o apoio continua majoritário — 71% aprovam a gestão, com discreta queda em relação aos 74% registrados no primeiro ano. Nenhum oposicionista entrevistado considera o governo positivo, e 96% o classificam como negativo.

Relação institucional em xeque - A percepção negativa da relação entre o Executivo e o Congresso também se aprofundou. Mais da metade dos deputados (51%) considera ruim a articulação do Planalto com o Legislativo — em 2023, esse percentual era de 41%. Apenas 18% avaliam de forma positiva a relação entre os Poderes.

Sob uma ótica ideológica, 84% dos parlamentares de esquerda aprovam o governo, ante 2% entre os de direita. No centro, a visão é mais dividida: 53% veem o governo como "regular", 24% o reprovam e 23% o aprovam.

Geograficamente, o Nordeste é a única região sem maioria crítica: 37% dos deputados locais aprovam o governo, enquanto 33% desaprovam e 30% o classificam como regular. No restante do país, predomina a avaliação negativa — 57% no Sul, 51% no Sudeste e 47% no Centro-Oeste e Norte.

Eleição de 2026: Lula favorito, mas oposição com vantagem - Mesmo com o desgaste, 68% dos deputados acreditam que Lula tentará a reeleição em 2026. No entanto, metade dos parlamentares avalia que um nome da oposição é favorito para vencer. Apenas 35% apostam em Lula ou em outro candidato governista.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, é o nome mais citado espontaneamente como principal figura da oposição, mencionado por 49% dos deputados. Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível, é lembrado por 13%, seguido por Michelle Bolsonaro (6%), Eduardo Bolsonaro (5%) e outros nomes como Ratinho Jr., Ronaldo Caiado e Flávio Bolsonaro.

Quando questionados sobre o papel de Bolsonaro, 51% acreditam que ele deveria desistir da disputa e apoiar outro nome, enquanto 23% acham que ele deveria manter sua candidatura.

Parlamentares reagem a pautas em debate - O levantamento também explorou a opinião dos deputados sobre propostas em tramitação. A rejeição ao fim da jornada 6x1 é ampla: 70% se posicionam contra. O índice é mais elevado entre oposicionistas (92%), seguido por independentes (74%) e governistas (55%).

Por outro lado, há consenso em torno da elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, com 88% de aprovação. Também recebem apoio majoritário a exploração de petróleo na Margem Equatorial (83%) e o aumento das penas para roubos (76%).

As propostas com maior rejeição, além do fim da escala 6x1, incluem a exclusão das verbas do Judiciário do teto de gastos (70%) e o projeto que combate os supersalários no funcionalismo público (53%).

Economia e violência lideram preocupações - Ao apontarem os principais problemas do país, os deputados colocaram a economia no topo da lista, com 31%, apesar da queda em relação aos 38% de agosto de 2023. Em contrapartida, a violência registrou aumento expressivo, saltando de 7% para 23% e superando a corrupção (16%) como a segunda maior preocupação.

As questões sociais perderam protagonismo: caíram de 23% para 10%. Educação (2%) e saúde (3%) foram mencionadas por uma parcela reduzida.

Hugo Motta recebe apoio majoritário - Apesar de recentes atritos com o Planalto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mantém apoio expressivo entre os parlamentares: 68% avaliam sua gestão como positiva, 25% como regular e apenas 6% a consideram negativa.

Entre os deputados da base governista, 77% aprovam Motta. A taxa de apoio entre os independentes é ainda maior: 82%. Já na oposição, o apoio é mais contido — 47% veem sua atuação de forma positiva.

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