Tragédia no Texas: número de mortos por enchentes já passa de 40 e dezenas seguem desaparecidas
Autoridades temem aumento no número de vítimas e enfrentam dificuldades nas buscas por desaparecidos
247 – Pelo menos 43 pessoas, entre elas 15 crianças, morreram em decorrência das inundações repentinas que atingiram o centro do Texas nesta sexta-feira (5). A tragédia ocorreu após uma tempestade extrema elevar rapidamente o nível do Rio Guadalupe, na região montanhosa conhecida como Hill Country, a cerca de 140 quilômetros a noroeste de San Antonio. A informação foi divulgada pela agência Reuters, que acompanha o resgate na região.
Autoridades locais alertam que o número de mortos ainda pode aumentar, já que dezenas de pessoas seguem desaparecidas. Só no Condado de Travis, foram confirmadas quatro mortes, com 13 pessoas ainda não localizadas. No Condado de Kendall, foi registrada mais uma vítima fatal. Ao todo, mais de 850 pessoas foram resgatadas, muitas delas encontradas agarradas a árvores ou sobre os telhados de casas inundadas.
Um dos focos das operações de resgate é o Camp Mystic, tradicional acampamento cristão feminino com quase cem anos de história, onde cerca de 700 meninas estavam hospedadas no momento da enchente. Segundo o gestor municipal de Kerrville, Dalton Rice, 27 garotas estão desaparecidas. “Sabemos de 27 desaparecidos, mas não vamos especular além disso, porque simplesmente não sabemos”, declarou em entrevista coletiva.
O juiz do Condado de Kerr, Rob Kelly, declarou que o desastre foi “inesperado”: “Sabemos que os rios podem subir, mas ninguém previu algo assim”. A elevação repentina do rio chegou a quase nove metros após a chuva despejar até 38 centímetros de água em poucas horas — cerca de metade do volume que a região recebe ao longo de um ano inteiro.
O xerife Larry Leitha, também de Kerr County, informou que 17 dos corpos ainda aguardavam identificação. A situação mais crítica se concentrou na zona ribeirinha, onde famílias acampavam para as celebrações do Dia da Independência dos Estados Unidos. “Não sabemos quantas pessoas estavam em barracas, trailers ou casas alugadas à beira do rio”, afirmou o vice-governador do Texas, Dan Patrick, à Fox News Live.
O cenário é de devastação. No Camp Mystic, cabines ficaram completamente submersas, camas e objetos pessoais foram arrastados pela lama, paredes ruíram e janelas estouraram. A poucos quilômetros dali, no acampamento Heart O’ the Hills, a cofundadora Jane Ragsdale morreu, embora nenhum campista estivesse presente por ser intervalo entre turnos.
Em Comfort, cidade cerca de 60 km abaixo no curso do rio, árvores de até 20 metros foram arrancadas pela força da água e estradas foram bloqueadas por escombros. Várias pontes de pista única foram destruídas, embora a rodovia principal entre San Antonio e a região tenha permanecido funcional.
“Choque total. Ainda estou em choque hoje”, disse Tonia Fucci, de 52 anos, natural da Pensilvânia, que estava visitando sua avó na cidade. “Você vê os helicópteros, os resgates, sabe que há muitas crianças desaparecidas. Você só quer que elas sejam encontradas, mas... não vai ser um final feliz. Não tem como alguém sobreviver à força daquela água.”
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram estruturas totalmente arrasadas, com apenas as fundações de concreto remanescentes, e resgatistas formando correntes humanas para retirar pessoas da correnteza.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou solidariedade às vítimas e elogiou os esforços dos socorristas: “Nossos bravos socorristas estão no local fazendo o que sabem fazer de melhor”, declarou em uma rede social.
Em coletiva de imprensa, o governador do Texas, Greg Abbott, afirmou ter solicitado a declaração de desastre federal, o que liberaria recursos de emergência. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, confirmou que o governo Trump atenderá ao pedido.
Noem também comentou que o alerta emitido pelo Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) na quinta-feira era de "enchente moderada", o que não refletiu a gravidade do evento. Ex-diretor da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), Rick Spinrad afirmou que os cortes de pessoal no órgão comprometem sua capacidade de prever eventos extremos com precisão.
“A capacidade das pessoas de se prepararem para essas tempestades está sendo comprometida. Isso inevitavelmente levará à perda de mais vidas e a maiores danos materiais”, alertou Spinrad.
A tragédia no Texas expõe não apenas a força destrutiva da natureza, mas também fragilidades nos sistemas de alerta e resposta a desastres, em meio a uma crescente frequência de eventos climáticos extremos em todo o mundo. As buscas por desaparecidos continuam neste domingo, com voluntários, bombeiros e forças armadas mobilizados para tentar salvar vidas em meio aos escombros.
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