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Com votação apertada, Senado dos EUA aprova pacote de Trump sobre corte de impostos e gastos

Medida amplia isenções fiscais para os mais ricos, corta benefícios sociais e eleva dívida nacional; votação na Câmara promete ser acirrada

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - 27/06/2025 (Foto: REUTERS/Ken Cedeno)
José Reinaldo avatar
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247 - O Senado dos Estados Unidos aprovou, por uma margem mínima, o amplo projeto de lei de corte de impostos e gastos defendido pelo presidente Donald Trump, abrindo caminho para uma disputa intensa na Câmara dos Representantes. As informações são da agência Reuters.

Aprovada por 51 votos a 50 após dias de debates e uma longa sessão noturna, a proposta estende os cortes de impostos de Trump de 2017, concede novas isenções fiscais para rendimentos provenientes de gorjetas e horas extras, e amplia significativamente os investimentos nas Forças Armadas e em medidas de repressão à imigração. Por outro lado, o texto reduz cerca de US$ 930 bilhões em programas sociais, como o Medicaid — que oferece assistência médica a famílias de baixa renda — e o auxílio alimentar. Além disso, revoga incentivos à energia limpa implementados durante o governo do ex-presidente democrata Joe Biden.

O vice-presidente JD Vance foi responsável pelo voto de desempate, após três senadores republicanos — Thom Tillis, da Carolina do Norte, Susan Collins, do Maine, e Rand Paul, do Kentucky — se aliarem aos 47 democratas para votar contra a proposta.

O plano, no entanto, aumenta em US$ 3,3 trilhões a já elevada dívida nacional dos Estados Unidos, hoje em US$ 36,2 trilhões. A medida eleva ainda o teto da dívida autoimposto pelo governo em US$ 5 trilhões, exigindo que o Congresso aprove formalmente esse aumento nos próximos meses para evitar um calote.

O presidente Donald Trump demonstrou confiança na aprovação definitiva do projeto. "É um ótimo projeto de lei. Tem algo para todos", disse ele em um evento na Flórida, na terça-feira. Trump quer sancionar o texto antes do feriado de 4 de julho, o Dia da Independência dos EUA.

Apesar da vitória apertada no Senado, o caminho na Câmara dos Representantes é considerado complexo. Os republicanos detêm uma estreita maioria de 220 a 212, e já há divergências internas. O presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou em entrevista à Fox News que pretende levar o texto ao plenário antes do feriado de 4 de julho, caso as fortes tempestades previstas para a região de Washington não atrasem as votações.

"O projeto de lei aprovado pelo Senado é polêmico, e há um número significativo de republicanos preocupados", declarou o deputado Chip Roy, do Freedom Caucus — grupo de conservadores linha-dura que tem pressionado por cortes ainda mais agressivos nos gastos públicos.

Parte dos republicanos da Câmara, especialmente aqueles eleitos por estados de alta carga tributária como Nova York, Nova Jersey e Califórnia, também demonstrou resistência ao texto por considerar insuficientes as reduções nos impostos estaduais e locais.

O impacto social do projeto de lei tem sido alvo de fortes críticas. De acordo com o apartidário Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o plano do Senado deixaria cerca de 12 milhões de americanos sem seguro de saúde. A Tax Foundation indicou que os maiores beneficiados pelas mudanças fiscais serão o 1% mais rico da população, com renda superior a US$ 663 mil anuais.

"Este é o maior ataque à saúde americana da história", afirmou o líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries. "É o maior ataque à nutrição da história americana."

O líder democrata do Senado, Chuck Schumer, também condenou duramente a proposta. "Esta votação cobriu o Senado de vergonha. Estamos arrancando assistência médica de milhões de americanos e tirando comida da boca de crianças famintas", disse.

Para analistas independentes, o endurecimento nas regras de elegibilidade para benefícios como o Medicaid e o auxílio alimentar representa, na prática, uma transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. Além disso, o aumento da dívida nacional, segundo especialistas, sobrecarregará as futuras gerações.

Até aliados tradicionais do presidente Trump expressaram preocupação com o custo do pacote. O bilionário Elon Musk, que já apoiou o presidente, criticou o projeto e prometeu financiar adversários de legisladores republicanos que votarem a favor da proposta nas eleições legislativas de 2026.

Enquanto isso, os republicanos argumentam que os cortes no Medicaid buscam eliminar "desperdícios, fraudes e abusos" e contestam as projeções do CBO, alegando que os números não refletem adequadamente os efeitos positivos do pacote econômico.

O impasse em torno do projeto expõe não apenas a profunda polarização política nos EUA, mas também as dificuldades internas do Partido Republicano em equilibrar o apelo a sua base conservadora com as preocupações sociais e econômicas de parcelas significativas do eleitorado. A votação na Câmara promete ser decisiva para o destino da proposta e para a capacidade do presidente Trump de implementar seu ambicioso plano econômico no segundo mandato.

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