Cidade palestina vira grande prisão com cerco israelense na Cisjordânia
Moradores de Sinjil denunciam isolamento, perda de terras e sufocamento econômico
247 - A cidade palestina de Sinjil, próxima a Ramallah, se transformou em uma prisão a céu aberto, cercada por muros, cercas metálicas e postos de controle israelenses que restringem drasticamente o deslocamento de seus cerca de 8 mil habitantes, aponta reportagem da Reuters.
Nos arredores da cidade, uma cerca de aço de cinco metros de altura foi erguida, bloqueando todas as entradas e saídas, com exceção de um único acesso, rigidamente controlado por militares israelenses. Os moradores denunciam o isolamento e o impacto devastador na economia local.
“Sinjil agora é uma grande prisão”, resume o agricultor Mousa Shabaneh, de 52 anos, enquanto observa, resignado, os trabalhadores finalizando a instalação da cerca. Pai de sete filhos, Shabaneh teve o viveiro de árvores onde trabalhava completamente destruído. “Claro, agora estamos proibidos de ir ao viveiro. Todas as árvores que eu tinha foram queimadas e perdidas. No fim, acabaram com o nosso sustento”, lamenta.
A situação em Sinjil é exemplo da escalada no cerco imposto por Israel à Cisjordânia desde o início do genocídio em Gaza, em outubro de 2023. Desde então, muros, cercas e postos de controle se multiplicaram, tornando a mobilidade cada vez mais restrita e a vida diária mais precária.
Israel Gantz, chefe do Conselho Regional de Binyamin, que administra 47 assentamentos na região onde fica Sinjil, afirma que as restrições são uma resposta necessária a ataques contra colonos. “Uma suspensão com carta branca das restrições aos árabes palestinos encorajaria o assassinato em massa de judeus”, declarou à Reuters.
Na verdade, o atual governo de extrema direita de Israel, que inclui líderes pró-colonização, não esconde a ambição de anexar toda a Cisjordânia, enterrando de vez a possibilidade de um Estado palestino independente.
Para a população palestina, os bloqueios e restrições estão tornando a vida insustentável. A personal trainer Sana Alwan, de 52 anos, conta que a simples viagem até Ramallah, que antes levava poucos minutos, agora pode demorar até três horas, dependendo dos postos de controle. “Metade da nossa vida é nas estradas”, diz ela. A dificuldade de locomoção compromete seu trabalho, já que não consegue mais garantir pontualidade nos atendimentos.
Desde o início do genocídio em Gaza, o Exército israelense intensificou o cerco à Cisjordânia com bloqueios de estradas, portões de metal, novos postos de controle fixos e outros móveis, que surgem sem aviso. Além disso, a proibição de entrada de trabalhadores palestinos em Israel agravou o drama econômico de milhares de famílias.
Apesar do cerco físico e das perdas econômicas, os moradores de Sinjil insistem em resistir e seguir com suas vidas, mesmo sob uma prisão a céu aberto.
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