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Ualid Rabah: "O plano de Israel é eliminar toda a população palestina"

Presidente da Fepal denuncia tentativa sistemática de expulsão e extermínio de refugiados e alerta: “Estamos diante da fase final da limpeza étnica”

(Foto: Reuters | Divulgação)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, afirmou que as ações do Estado de Israel contra a população palestina constituem um plano sistemático de extermínio. “O plano de Israel é eliminar toda a população palestina”, disse. A declaração foi feita ao comentar a destruição de campos de refugiados como o de Tulkarem, na Cisjordânia, e a situação de Gaza, que, segundo ele, está sendo cercada para uma possível deportação em massa.

Rabah explicou que a ofensiva israelense não se restringe à Faixa de Gaza. “A mesma ação que está acontecendo em Gaza deve recrudescer sobre Tulkarem, Balata, Jenin etc. Jenin, por exemplo, já teve perto de 40 mil pessoas expulsas do campo de refugiados e impedidas de retornar”, afirmou. Ele lembrou que mais de 700 mil palestinos e seus descendentes vivem atualmente como refugiados na Cisjordânia, muitos deles desde a limpeza étnica promovida entre 1947 e 1951.

Segundo Rabah, o objetivo é impedir o cumprimento da resolução 194 da Assembleia Geral da ONU, que reconhece o direito de retorno dos refugiados palestinos às suas terras. Para isso, Israel tenta desmantelar a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), responsável por prestar assistência humanitária a essa população. “A destruição da UNRWA e sua criminalização pelo parlamento israelense como organização terrorista tem justamente esse objetivo”, afirmou. Ele também lembrou que os Estados Unidos cortaram o financiamento à agência durante o governo Trump e pressionaram outros países a fazerem o mesmo.

Na avaliação do presidente da Fepal, o cerco a Gaza é uma etapa final de um plano mais amplo. “Neste momento, os palestinos estão limitados a 15% do território da Faixa de Gaza. Se se deslocarem fora dali, morrem”, declarou. Ele afirmou que essa restrição territorial está sendo operada sob o pretexto de distribuição de ajuda humanitária por uma organização recente e suspeita, baseada na Suíça, com vínculos com o serviço secreto israelense. “Isso facilita a deportação massiva da população. Eles podem ser cercados por dezenas de milhares de soldados, atacados e levados para navios aportados pelos Estados Unidos para serem deportados para algum outro canto do mundo.”

Rabah também apontou o papel central dos Estados Unidos no conflito. “Esse genocídio é dos Estados Unidos. Israel é o mau executor”, disse, comparando a posição norte-americana à da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Segundo ele, a única forma de frear a violência é com isolamento diplomático e econômico. “O mundo precisa isolar Israel. Mas veja, isolar Israel exige isolar os Estados Unidos. Porque Netanyahu e sua gangue não passam de capos nos Estados Unidos.”

A entrevista também trouxe críticas à inação da comunidade internacional diante da escalada do conflito. “Está cada vez mais claro que o sistema ONU, o direito internacional e tudo que nasceu após a Segunda Guerra Mundial está em colapso”, declarou. Ele citou como exemplo uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada sem veto dos EUA em março do ano passado, que exigia cessar-fogo incondicional e ajuda humanitária irrestrita a Gaza. “Isso não só não foi aplicado como de lá para cá as coisas pioraram.”

Ao final da conversa, Rabah reforçou a necessidade de boicote e desinvestimento como instrumentos de pressão, a exemplo do que ocorreu contra o apartheid na África do Sul. Ele destacou as medidas adotadas pelo governo brasileiro, como o corte de acordos militares com Israel e o apoio à denúncia de genocídio apresentada pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça. Assista: 

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