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Imagens inéditas revelam descaso em resgate de brasileira na Indonésia: 'ela caiu em um penhasco', diz guia

Juliana Marins morreu em trilha no Monte Rinjani. Família denuncia negligência do guia e demora das autoridades indonésias

Juliana Marins, turista brasileira morta durante trilha na Indonésia - 25/06/2025 (Foto: Reprodução/Instagram/@resgatejulianamarins)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Reportagem exibida neste domingo (29) pelo programa Fantástico, da TV Globo, revelou registros inéditos dos momentos logo após o acidente que vitimou a publicitária Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. As imagens, feitas pelo próprio guia turístico que acompanhava Juliana, mostram a lanterna presa ao capacete da jovem ainda acesa após sua queda em um penhasco.

“Ela caiu em um penhasco”, afirma o guia no vídeo.

A reportagem também trouxe uma entrevista com os pais da jovem, que demonstraram indignação diante do que classificam como negligência tanto do guia quanto das autoridades locais.

Segundo o pai da vítima, Manoel Marins, a filha havia relatado cansaço durante a caminhada, e o guia teria orientado que ela se sentasse para descansar. “Juliana falou para o guia que estava cansada e o guia falou: ‘senta aqui, fica sentada’. E o guia nos disse que ele se afastou por 5 a 10 minutos para fumar. Para fumar! Quando voltou, não avistou mais Juliana. Isso foi por volta de 4h. Ele só a avistou novamente às 6h08, quando gravou o vídeo e o enviou ao chefe dele”, relatou.

O parque nacional acionou uma brigada de primeiros socorros às 8h30 da manhã. No entanto, a equipe só chegou ao local por volta das 14h. Imagens também registraram o momento em que os socorristas lançam uma corda em direção à vítima. “O único equipamento que eles tinham era uma corda. Jogaram a corda na direção da Juliana. Depois, no desespero, o guia amarrou a corda na cintura e tentou descer sem ancoragem”, contou o pai.

Ainda segundo a família, a Defesa Civil da Indonésia (Basarnas) foi acionada somente no período da noite, chegando à área apenas às 19h. Juliana foi encontrada sem vida dois dias após o acidente. O laudo médico divulgado na sexta-feira indicou hemorragia interna provocada por lesão torácica. A morte teria ocorrido entre 12 e 24 horas antes da remoção do corpo, realizada na manhã de quarta-feira.

A mãe da jovem, Estela Marins, lamentou: “é uma indignação muito grande. Esses caras mataram minha filha”.

Manoel Marins responsabiliza diretamente três instâncias: “os culpados, no meu entendimento, são o guia, que deixou Juliana sozinha para fumar, 40 ou 50 minutos, tirou os olhos dela. A empresa que vende os passeios, porque esses passeios são vendidos em banquinha como sendo trilhas fáceis de fazer. Mas o primeiro culpado, que eu considero o culpado maior, é o coordenador do parque. Ele demorou a acionar a Defesa Civil”.

O Parque Nacional Monte Rinjani, onde ocorreu o acidente, já acumula histórico de incidentes. Com uma trilha que pode durar até três dias e chega a 3.700 metros de altitude, o local é alvo de críticas por sua sinalização precária e fiscalização quase inexistente.

No dia seguinte ao acidente de Juliana, um turista da Malásia também caiu durante o percurso, sendo resgatado com fratura na bacia. Em outubro de 2024, outro brasileiro, identificado apenas como Bernardo, presenciou o resgate do corpo de um turista desaparecido por nove dias.

“Pagamos mais de mil reais por esse passeio, mas parece que o dinheiro não vai para os guias. É amadorismo total. Muitos sobem de chinelo”, relatou o turista.

Especialista em resgates remotos, a médica Karina Oliani afirmou ao programa que equipamentos adequados poderiam ter evitado o desfecho fatal. “Turistas com drones amadores conseguiram visualizar Juliana. Se tivessem um drone profissional, poderiam ter enviado mantimentos e impedido que ela escorregasse mais”, explicou.

Apesar das tentativas da TV Globo, as autoridades indonésias não responderam aos contatos. Foram acionados a polícia local, os responsáveis pelo parque, a prefeitura da ilha de Lombok, os ministérios do Turismo, das Florestas, do Exterior e até mesmo a Presidência da Indonésia.

Em Niterói (RJ), cidade natal da jovem, a prefeitura arcou com os custos do traslado do corpo e anunciou uma homenagem: um mirante receberá o nome de Juliana Marins. A data da chegada do corpo ao Brasil ainda não foi confirmada.

 

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