“Todos os progressistas do mundo devem apoiar o Irã de forma incondicional", diz Breno Altman
Jornalista afirma que ataque dos Estados Unidos ao Irã, sem aval do Congresso e à revelia do direito internacional, representa nova escalada imperialista
247 – Em entrevista ao programa Bom dia 247, o jornalista Breno Altman afirmou que "todos os progressistas têm o dever de apoiar o Irã de forma incondicional" frente à ofensiva liderada por Israel e pelos Estados Unidos. A declaração foi feita em reação ao bombardeio ordenado pelo presidente norte-americano Donald Trump contra alvos iranianos, sem autorização do Congresso, o que, segundo Altman, viola tanto a Constituição dos Estados Unidos quanto a Carta das Nações Unidas.
“A resposta é simples: sim, é nosso dever apoiar incondicionalmente o Irã nessas circunstâncias”, afirmou. “O que está em jogo não é o regime político iraniano, mas um ataque ilegal de regimes imperialistas. A contradição principal é entre um ataque à revelia do direito internacional e a autodeterminação dos povos.”
A ilegalidade do ataque e a crise institucional nos EUA
Altman sublinhou que o ataque promovido por Trump rompe com os princípios legais dos próprios Estados Unidos. Citando declarações de parlamentares democratas como Nancy Pelosi, destacou que o bombardeio extrapolou os poderes constitucionais do Executivo norte-americano.
“Os Estados Unidos fizeram a guerra do Vietnã sem declaração do Congresso. É o caso mais célebre. E agora repetem isso”, disse. “O Irã está sendo atacado sem que isso tenha sido aprovado pelo Parlamento, enquanto o bloqueio ao estreito de Ormuz foi decidido pelo Parlamento iraniano.”
Segundo o jornalista, o precedente criado abre a possibilidade de um cenário de “lei da selva” internacional, permitindo que potências militares imponham seus interesses a outros países sob o pretexto de reprovar seus regimes internos.
O estreito de Ormuz e o risco de crise global
Altman também alertou para as consequências econômicas globais do conflito. Com o risco de fechamento do estreito de Ormuz — por onde passa 20% do comércio mundial de petróleo — o preço do barril já começou a subir, podendo ultrapassar os 200 dólares. Isso, segundo ele, poderia provocar uma nova crise inflacionária e recessiva planetária.
“O impacto seria catastrófico para a economia mundial. O Brasil também sofreria, ainda que produza boa parte do petróleo que consome, pois está atrelado ao mercado internacional”, afirmou.
Trump e a contradição interna dos Estados Unidos
Na avaliação de Altman, Donald Trump enfrenta agora divisões dentro de sua própria base republicana. “Ele foi eleito com um discurso isolacionista, prometendo retirar os Estados Unidos de guerras que não envolvessem diretamente seus interesses. Agora, adota uma agenda intervencionista, típica dos democratas”, observou. Ele mencionou que figuras como Steve Bannon se colocaram contra a intervenção militar no Irã, o que reflete tensões entre os setores isolacionistas e os partidários da hegemonia imperial.
O papel da China, da Rússia e a possibilidade de uma nova guerra mundial
Questionado sobre o papel das grandes potências, Altman disse que a grande incógnita do momento é como reagirão China e Rússia à escalada norte-americana. “A hegemonia dos Estados Unidos está em declínio e a sua resposta a isso é militar. A troca de hegemonia mundial nunca aconteceu de forma pacífica”, declarou.
Segundo ele, o Irã enfrenta sozinho um bloco formado por Estados Unidos, Israel, França, Reino Unido e a OTAN. “A única maneira de deter Israel é com uma combinação de três fatores: resistência palestina, resposta militar de países como o Irã e o isolamento internacional de Israel.”
A crítica ao lobby sionista e à conivência brasileira
Altman também condenou as viagens de prefeitos e parlamentares brasileiros a Israel. Para ele, trata-se de “suborno moral” e tentativa de cooptação ideológica por parte de um Estado que comete crimes contra a humanidade.
“É um crime moral. É preciso denunciar tanto o lobby sionista quanto aqueles que aceitam esse tipo de cooptação. Isso fere a soberania brasileira”, disse.
Ele defendeu que o Brasil siga os passos de países como Colômbia, México e Chile e rompa relações diplomáticas e comerciais com Israel:
“Quem quiser realmente derrotar o regime sionista precisa contribuir para o seu isolamento. É o único caminho possível. O Brasil tem papel relevante no Sul Global e sua decisão poderia inspirar outros países e animar movimentos populares nos EUA e na Europa.”
O fracasso da frente ampla e o avanço conservador no Brasil
Ao fim da entrevista, Altman avaliou o cenário interno brasileiro e afirmou que há uma ofensiva coordenada da direita e centro-direita contra o governo do presidente Lula. Segundo ele, a tática de frente ampla “está naufragando” e será necessário construir uma nova estratégia de enfrentamento ao bloco conservador.
A entrevista de Breno Altman oferece uma análise abrangente do conflito entre Irã e Estados Unidos, relacionando-o às disputas geopolíticas globais, à crise do imperialismo norte-americano e às possibilidades de resposta do Sul Global. Assista:
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