“Os Estados Unidos são o estado terrorista número um”, afirma Valter Pomar após ataque ao Irã
Dirigente do PT diz que Trump age como monarca, denuncia mentiras de guerra e cobra rompimento imediato do Brasil com Israel
247 - Em participação no programa Contramola da TV 247, o historiador e dirigente petista Valter Pomar fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o bombardeio a instalações nucleares no Irã, ordenado sem autorização do Congresso norte-americano. Para Pomar, o ataque viola tanto a legislação interna dos EUA quanto o direito internacional. “O que os Estados Unidos fizeram foi atacar uma nação soberana, atacar uma instalação nuclear e violar o direito internacional. Isso é um ato de terrorismo de Estado. E os EUA são o estado terrorista número um”, declarou.
Segundo ele, o pretexto apresentado por Trump — impedir que o Irã desenvolva armas nucleares — é insustentável. “A própria CIA e a Agência Internacional de Energia Atômica confirmam que o Irã não possui armas nucleares e não há indício de que esteja tentando obtê-las. Eles mentem hoje como mentiram no Iraque. Disseram que havia armas de destruição em massa e não havia. Agora repetem a farsa.” De acordo com Pomar, a ofensiva mobilizou mais de 100 aviões e mísseis Tomahawk, e foi possível graças à ação coordenada com Israel, que teria desorganizado as defesas aéreas iranianas. “Israel agiu como auxiliar. Desorganizou as defesas aéreas iranianas para que os EUA entrassem, bombardeassem e saíssem. Mas não teriam feito nada sem os Estados Unidos”, afirmou.
Pomar chamou atenção para a gravidade da operação, comparando o bombardeio de usinas nucleares ao uso de armas atômicas. “Atacar uma usina nuclear é tão perigoso quanto detonar uma bomba atômica. Felizmente, o Irã retirou o urânio antes do bombardeio, evitando uma catástrofe radioativa.” Ele criticou a maneira como Trump manipulou a opinião pública. “Ele age como se fosse um monarca. Disse que iria decidir o que fazer em duas semanas, mas já tinha ordenado o ataque. Isso mostra desprezo pela legalidade e intenção deliberada de enganar a opinião pública.”
Durante a entrevista, foi confirmada a retaliação iraniana com o lançamento de mísseis contra uma base dos EUA no Catar. Para Pomar, essa resposta está dentro do direito legítimo de autodefesa. “O Irã não quer guerra, não ocupa outros países, não está promovendo genocídio, não está fabricando armas nucleares. Mas se é agredido, precisa reagir. Se não reage, se torna presa fácil. E mesmo sem reagir, corre o risco de ser vítima de novas agressões.”
Ao falar sobre Israel, Pomar foi direto: “Israel é um estado terrorista, genocida e nuclear. Mata com armas, fome, sede e doenças. E o mundo assiste. O Brasil não pode financiar esse genocídio com dinheiro do seu povo.” Para ele, o governo Lula deve romper imediatamente todas as relações diplomáticas, comerciais e militares com o governo israelense. “Assim como o apartheid da África do Sul foi inaceitável, o que Israel faz também é. É hora de dizer basta.”
O dirigente também demonstrou ceticismo quanto à capacidade da ONU de conter a escalada de violência. “A ONU está completamente paralisada. O poder de veto dos EUA impede qualquer ação prática.” Ele acredita que os Brics precisam assumir o protagonismo na reorganização da geopolítica mundial, destacando o apoio que Rússia e China devem oferecer ao Irã e o fortalecimento da soberania econômica, energética e comunicacional entre países do Sul Global. Ele lembrou, ainda, uma visita que fez em 2009 à Coreia do Norte, quando ouviu de um militar: “Se a gente não tiver dissuasão nuclear, eles vão nos transformar num Iraque ou num Afeganistão.” Segundo Pomar, os EUA estão estimulando países a buscarem armas nucleares para garantir sua própria sobrevivência.
No plano interno, Pomar criticou a passividade do governo brasileiro diante da ofensiva do Congresso Nacional e do Banco Central. “Estamos emparedados. O governo orienta a base a votar pela derrubada de vetos e depois fica com o ônus. O Congresso aprova subsídio a empresas privadas com dinheiro da conta de luz do povo, e quem paga o preço político é o Executivo.” Ele defendeu o rompimento com partidos que compõem a base governista, mas votam contra o Planalto, e cobrou uma ofensiva política do governo. “Esses ministros que estarão contra o Lula em 2026 já estão governando contra o Lula hoje. Eles ficam com o bônus e jogam o ônus nas nossas costas.”
Para enfrentar esse cenário, o dirigente do PT defende uma mudança de postura. “O governo precisa mobilizar a sociedade, contar a verdade. Tem que ir para cima das instituições que querem usurpar seu poder. E tem que deixar claro: os Estados Unidos querem mandar aqui, e nós não vamos aceitar isso.” Ele também defendeu a criação de uma rede de comunicação pública e democrática para enfrentar o monopólio das plataformas digitais e da grande mídia, que, segundo ele, atuam como braços ideológicos da extrema direita global.
Sobre a postura da opinião pública norte-americana, Pomar destacou que, embora pesquisas indiquem rejeição à guerra, a manipulação midiática pode inverter esse cenário. “Os governos vão à guerra mesmo quando a população é contra. Precisamos desmascarar essa farsa: os EUA não são os mocinhos. São os criminosos. São os terroristas. São os bandidos. E precisam ser detidos.” Assista:
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