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"Os Estados Unidos e Israel não podem conviver com um Irã poderoso", diz Salem Nasser

Professor avalia que ataque israelense revelou vulnerabilidade e aponta risco de nova ofensiva para derrubar regime iraniano

(Foto: Brasil247)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Durante entrevista ao programa 22 Horas, da TV 247, o professor de Direito Internacional Salem Nasser afirmou que os Estados Unidos e Israel enxergam o fortalecimento do Irã como um obstáculo inaceitável para seus projetos geopolíticos no Oriente Médio. Para ele, a recente escalada militar entre Teerã e Tel Aviv, somada à decisão iraniana de interromper a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), indica uma mudança significativa no equilíbrio de forças na região.

Segundo Nasser, o ataque de Israel ao Irã, com apoio dos EUA, partiu de duas apostas: uma resposta militar rápida e devastadora e o engajamento direto dos norte-americanos em um confronto de maior escala. No entanto, o que se viu foi uma contraofensiva iraniana que surpreendeu Tel Aviv e revelou a limitação da capacidade israelense de resistir sozinha a um conflito prolongado. “Ficou claro que o tempo trabalhava a favor do Irã e que realmente Israel não teria como enfrentar o Irã no longo prazo sozinho”, afirmou. “Isso colocou em dúvida a própria capacidade de Israel de se defender sem a ajuda dos americanos”.

Nasser destaca que a resposta iraniana atingiu em cheio a imagem de invulnerabilidade de Israel. “Israel nunca teve o seu centro vital, ali em Tel Aviv, atacado desse modo, atingido deste modo”, disse. “Muitos mísseis iranianos penetraram nas defesas israelenses”. Para ele, o resultado parcial do confronto representou uma vitória simbólica para o Irã e expôs uma “derrota muito profunda” para Israel, especialmente no que diz respeito à sua autossuficiência defensiva.

Ao comentar a suspensão da colaboração entre o Irã e a AIEA, Nasser argumentou que o rompimento reflete a percepção iraniana de que a agência teria atuado em conluio com Israel. “Os iranianos têm certeza de que muita informação que foi obtida pela agência […] foi usada pelos israelenses para poder preparar os seus ataques contra o Irã”, afirmou. “A agência praticamente espionou o Irã a favor de Israel”.

Para o professor, a interrupção da cooperação com a AIEA é uma consequência direta dessa quebra de confiança e uma possível resposta a ataques recentes a instalações nucleares iranianas. “O Irã está dizendo: já que vocês não acreditam na nossa intenção de ter um programa apenas para fins pacíficos, e já que a agência funciona como um espião, então nós vamos interromper a colaboração”.

Nasser também levantou a possibilidade de que a contínua pressão e agressões contra o Irã acabem empurrando o país a desenvolver uma bomba atômica como estratégia de dissuasão. “Talvez o Irã chegue a um momento de dizer: ‘Olha, vocês estão me forçando basicamente a desenvolver armas nucleares, porque pelo jeito é o único jeito de se defender dos ataques ocidentais e israelenses’”, afirmou. “Eles não estão longe de conseguir, se quiserem”.

Para o analista, o temor dos EUA e de Israel não se restringe à possibilidade de o Irã se tornar uma potência nuclear. O que está em jogo, segundo ele, é a existência de um país autônomo e influente na região. “Os Estados Unidos e Israel não podem conviver com um Irã poderoso, não é nem com um Irã nuclear — é com um Irã poderoso”, afirmou. “Isso, para Israel, é visto como um risco existencial. E para o projeto americano de poder, é inaceitável”.

Por fim, Nasser advertiu que novas ofensivas contra o Irã podem estar em curso. “A história não acabou”, disse. “Estou ouvindo muito ruído de que os americanos e os israelenses vão necessariamente preparar uma outra rodada, de modo mais forte, mais planejado, talvez para derrubar o regime”. Assista:

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