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“O centrão está se aliando ao neofascismo no Brasil”, diz Rogério Correia

Deputado Rogério Correia afirma que bloco liderado por Lira e Hugo Motta avança sobre prerrogativas do Executivo e atua para proteger Bolsonaro

Rogério Correia (Foto: Kayo Magalhaes / Agência Câmara)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Durante entrevista ao programa Boa Noite 247, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) concentrou sua análise no papel do centrão na atual crise política entre o Congresso Nacional e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a aliança formada por partidos como MDB, PSD, Republicanos, União Brasil e Progressistas ultrapassou os limites da barganha por cargos e se aproximou perigosamente de uma agenda de extrema direita e autoritária, com repercussões diretas para o funcionamento das instituições democráticas.

“O centrão não tem força política, eleitoral e de massas, mas ele tem força dentro do Congresso Nacional. E com o Bolsonaro inelegível, o centrão faz uma aproximação com a extrema direita perigosa”, afirmou Correia, referindo-se ao ambiente parlamentar pós-8 de janeiro e à perda de capital político de Jair Bolsonaro, presidente inelegível e investigado pela tentativa de golpe.

Para o parlamentar, essa nova composição do centrão está se orientando cada vez mais por uma lógica ideológica liberal e autoritária, articulada com o mercado financeiro e grandes empresários, o que representa uma ruptura em relação ao histórico fisiologismo que marcava esse grupo. “O centrão hoje é muito mais que isso. Ele tem uma concepção ideológica de direita do mercado e neoliberal”, declarou, destacando reuniões recorrentes de lideranças como Hugo Motta e Arthur Lira com banqueiros e investidores.

Entre os episódios recentes que demonstram essa guinada, Rogério Correia destacou duas votações que, segundo ele, colocam em xeque a autonomia do Poder Executivo e a responsabilidade do Judiciário na apuração dos crimes golpistas. A primeira foi a tentativa de barrar, no Congresso, o inquérito do Supremo Tribunal Federal contra o deputado federal Alexandre Ramagem, investigado por ações enquanto diretor da Abin no governo Bolsonaro. “Foi muito claro, uma aliança do centrão com a extrema direita contra a democracia, de punir quem teve uma tentativa de golpe”, alertou.

A segunda votação envolveu a derrubada de um decreto presidencial sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), prerrogativa exclusiva do Executivo segundo a Constituição. “Também perigoso porque quer inviabilizar o presidente até naquilo que ele tem carta branca da Constituição para fazer”, afirmou o deputado, acrescentando que “o governo não pode ficar refém do Congresso Nacional, particularmente do centrão, e não fazer a disputa daquilo que é o programa dele na sociedade”.

Correia ainda avaliou que parte da estratégia do centrão se dá na tentativa de domesticar o bolsonarismo com vistas à eleição presidencial de 2026, apontando o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) como nome preferencial da direita radical. “O centrão está acenando pra extrema direita perigosamente para um programa neofascista no Brasil e antidemocrático”, declarou. Ele também alertou para o compromisso já anunciado por Tarcísio e outros aliados bolsonaristas com a concessão de indulto a Jair Bolsonaro. “Quem é que falou de indulto? Tarcísio falou de indulto, o Zema falou de indulto, os filhos dele, a Michelle, todos já se comprometeram que, se forem eleitos, dão anistia ao Bolsonaro no outro dia”, criticou.

Na avaliação do parlamentar, o presidente Lula tem agido com firmeza diante dessa conjuntura, evitando ampliar o espaço do centrão no governo e apostando em lideranças próprias para interlocução com o Congresso, como as ministras Gleisi Hoffmann e Esther Dweck. “O Lula não fez a tal reforma ministerial que queriam que fizesse, porque foi perspicácia dele. Ele não podia entregar os anéis porque perderia os dedos”, afirmou, acrescentando que a experiência da queda de Dilma Rousseff após a traição de Michel Temer serviu de lição.

Correia defendeu que a resposta à ofensiva da direita e do centrão precisa extrapolar o parlamento, com mobilização popular e atuação política fora das instituições. “O presidente Lula resolveu jogar com a opinião pública”, disse. Ele também convocou as forças progressistas a se unirem em torno das pautas que diferenciam o projeto do governo Lula do programa liberal defendido pelos adversários: correção na tabela do Imposto de Renda, taxação de super-ricos, vinculação do salário mínimo aos benefícios previdenciários e o fortalecimento do SUS e da educação pública.

“A extrema direita vai controlando e foi assim no processo eleitoral, com raras exceções”, afirmou. Para Rogério Correia, há um risco real de regressão democrática no Brasil caso essa aliança entre direita neoliberal e extrema direita fascista ganhe força. “Se nós não organizarmos o campo realmente democrático, nós corremos o risco de ter um retrocesso imenso no Brasil”. Assista: 

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