HOME > Entrevistas

Maria do Rosário: "não é sobre o Irã. Trump e Netanyahu querem impor a lógica da força ao mundo"

Deputada critica, em entrevista à TV 247, agressão de Israel e EUA ao Irã e alerta para riscos geopolíticos e ambientais

(Foto: Divulgação | Reuters)
Dafne Ashton avatar
Conteúdo postado por:

247 – Em entrevista concedida ao Boa Noite 247, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) teceu duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao premiê israelense Benjamin Netanyahu. Na conversa com a jornalista Andrea Trus e o cartunista Carlos Latuff, a parlamentar afirmou que a ofensiva contra o Irã representa mais do que um conflito regional. “Não é sobre o Irã. Trump e Netanyahu querem impor a lógica da força ao mundo”, declarou.

Ao analisar o ataque israelense ao território iraniano, que contou com o apoio norte-americano, Rosário destacou os riscos ambientais e humanos envolvidos na operação militar. “Quando atacam instalações nucleares, isso pode significar desastres em áreas de alta radioatividade que prejudicam enormemente a vida humana. Isso é absolutamente proibido do ponto de vista internacional”, alertou, apontando a violação de tratados e normas internacionais por parte dos dois governos.

A crítica à banalização do genocídio e à omissão internacional

Para a deputada, a ação de Israel constitui uma agressão deliberada, com forte potencial de escalar para uma crise global. “A presença norte-americana indica uma força extraordinária jogada contra o Irã e um ataque à sua autodeterminação”, disse, ressaltando que “Israel tem bomba atômica e maneja uma força nuclear importante”.

Rosário também rechaçou a ideia de que haja simetria entre os lados em conflito: “Eu utilizo a palavra guerra, mas me corrijo, porque não vejo guerra. Não vejo dois lados em disputa. A Palestina jamais declarou guerra a Israel. O que acontece entre grupos específicos não poderia ter sido transformado no genocídio de todo um povo”.

Ela também expressou preocupação com a conivência das instituições internacionais. “O Conselho de Segurança da ONU virou um grande teatro. Apesar das palavras fortes de países como a Rússia, não houve nenhuma tomada de posição. Isso demonstra a fragilidade dos órgãos multilaterais”, lamentou.

A articulação da extrema direita no Brasil e o uso político de Israel

Durante a entrevista, a deputada denunciou a tentativa de setores bolsonaristas no Congresso de instituir um “Dia de Amizade com Israel”, aprovado no Senado em meio ao genocídio em Gaza. Segundo ela, “isso está ligado à posição política de quem quer seguir com o processo de genocídio contra os palestinos”.

Ela questionou o oportunismo de movimentos religiosos e autoridades que apoiam Israel nesse momento, mencionando o uso da bandeira israelense na Marcha para Jesus. “É uma tentativa de popularizar a postura de Israel em meio à sociedade brasileira. Devemos ter diálogo inter-religioso, mas pela paz, jamais pelo apoio à destruição de um povo”, afirmou.

Maria do Rosário considerou que a matéria agora nas mãos do presidente Lula coloca-o numa posição difícil. “Em tempos de paz, ele sancionaria. Mas este é um momento de conflito, ou melhor, de genocídio. E genocídio não é conflito. É violência pura”, disse.

Crítica ao neoliberalismo e à gestão de desastres no Rio Grande do Sul

A entrevista também abordou a tragédia ambiental no Rio Grande do Sul. Rosário responsabilizou a política neoliberal pela precarização da resposta às enchentes e denunciou a omissão do governo estadual. “Durante um ano, a prefeitura de Porto Alegre e o governo do estado não fizeram o que tinham que fazer. Não colocaram os recursos federais em funcionamento, não trataram com a emergência necessária”, afirmou.

Ela revelou que o governo federal já repassou mais de R$ 111 bilhões ao estado, mas esses recursos não foram bem empregados. “O planejamento não foi feito. Não há prioridade ambiental. Continuam legislando apenas para privatizações”, criticou, citando o sucateamento do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DEMAE) como exemplo.

O desafio político e a defesa do governo Lula

Ao encerrar sua participação, a deputada fez uma defesa enfática do governo Lula e de suas políticas sociais. Destacou a reestruturação do Ministério da Educação, o programa Pé de Meia e a ampliação da Tarifa Social de Energia como exemplos do compromisso com a população.

“A farmácia do Brasil com Lula virou equipamento de saúde. O sujeito vai com a receita e recebe o medicamento, inclusive fraldas geriátricas. Esse é o governo que querem derrubar?”, questionou, criticando a tentativa da oposição de sabotar as conquistas sociais do atual governo.

Por fim, reafirmou sua resistência à extrema direita e sua determinação de permanecer na luta política: “Nós resolvemos desafiar esses sujeitos que acham que têm o poder. É assim que vamos manter novas gerações conscientes. Que fiquemos do lado correto: Palestina livre, com o presidente Lula e com Fernando Haddad”. Assista:

 

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...