Veja como tarifaço de Trump prejudica o Brasil e pode encarecer produtos nos EUA
Setores estratégicos da economia brasileira são afetados por tarifaço, enquanto consumidores americanos devem pagar mais por café, carne e suco de laranja
247 - A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil está provocando fortes reações nos mercados e no setor produtivo brasileiro. A medida, anunciada por razões ideológicas, ameaça causar prejuízos a empresas nacionais e gerar impactos negativos tanto na economia do Brasil quanto no bolso do consumidor americano.
Os efeitos da sobretaxa atingem especialmente os exportadores brasileiros de petróleo, aço, café, carne bovina, suco de laranja e aeronaves — todos produtos de peso na pauta de exportações para os EUA, que são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, aponta reportagem do G1.
Especialistas alertam para um possível efeito dominó. “Se o dólar permanecer alto, a inflação no Brasil persiste e o Banco Central mantém os juros altos [atualmente no patamar de 15%, o maior em quase 20 anos]. Isso desacelera a economia e pode entrar em recessão", afirmou o economista Robson Gonçalves, da FGV. O anúncio provocou forte reação no mercado financeiro, com alta imediata do dólar e queda nas ações de empresas como a Embraer.
Entre os setores mais prejudicados, está o da carne bovina. A Associação Brasileira das Exportadoras de Carne declarou que a nova tarifa “atrapalha o comércio e afeta negativamente o setor produtivo”. Segundo representantes da entidade, sem negociação, as vendas para os EUA se tornam praticamente inviáveis. A tendência, dizem, é buscar novos mercados, sobretudo no continente asiático.
Contudo, há casos em que a substituição de destinos comerciais não é simples. O Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos, que consomem cerca de um terço de sua demanda a partir de grãos brasileiros — aproximadamente 8 milhões de sacas por ano. Gonçalves avalia que não será fácil aos EUA encontrar um substituto: “Os americanos vão procurar outros produtores globais, mas, no caso do café, não vão encontrar no mercado externo tudo o que precisam. E o preço já está caro no nível internacional”.
O efeito, nesse caso, é duplo: de um lado, os exportadores brasileiros perdem mercado; de outro, os consumidores americanos enfrentam aumento nos preços de alimentos básicos. Já nesta quinta-feira, o preço internacional do café subiu quase 4%, antecipando os efeitos do encarecimento.
Outro setor em alerta é o de suco de laranja. Segundo Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR, “essa medida impacta não só o Brasil, mas toda a indústria de sucos dos EUA, que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como seu principal fornecedor há décadas”. A CitrusBR, assim como a Associação dos Exportadores de Suco, avalia que a tarifa é “péssima para o setor como um todo” e atinge, na prática, o consumidor final norte-americano.
Entre os produtos mais afetados pelas novas tarifas estão Cafém carne bovina, suco de laranja, Petróleo, aeronaves, semimanufaturados de ferro ou aço, materiais de construção, madeira, máquinas, motores e eletrônicos. Alguns desses produtos, como aço e alumínio, já estavam sob taxas de 50% desde medidas anteriores de Trump, o que vem causando dificuldades estruturais para setores como a siderurgia brasileira.
Enquanto isso, o consumidor americano pode começar a sentir no bolso o gosto amargo do café mais caro e da carne bovina menos acessível.
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