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Aplicativos ganham espaço e renda: número de motoristas cresce 35% e entregadores 18% no Brasil

Pesquisas mostram ganhos acima da média do mercado e apontam que maioria quer seguir nas plataformas pela flexibilidade e melhor remuneração

(Foto: Uber/Divulgação)
Redação Brasil 247 avatar
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247 - O número de trabalhadores por aplicativos aumentou consideravelmente no Brasil entre 2022 e 2024, com destaque para os motoristas de transporte individual, cujo total cresceu 35%, e os entregadores, com alta de 18%. Os dados fazem parte da segunda edição da pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), divulgada nesta quarta-feira (25).

Segundo o levantamento, cerca de 2,2 milhões de pessoas atuam atualmente como motoristas ou entregadores por meio de plataformas digitais no país. Desses, mais de 1,7 milhão são motoristas e cerca de 455 mil atuam nas entregas. A pesquisa, única do gênero baseada nos registros administrativos das empresas, revela que esses profissionais têm, em média, rendimentos mensais líquidos acima do salário-mínimo e da remuneração de trabalhadores com o mesmo nível de escolaridade no setor de serviços.

Motoristas que trabalham 40 horas por semana recebem entre R$ 3.083 e R$ 4.400 líquidos por mês, o que equivale de R$ 19 a R$ 27 por hora. Já os entregadores, na mesma jornada, ganham entre R$ 2.669 e R$ 3.581, com valores por hora entre R$ 17 e R$ 22. O estudo observa que essa renda supera tanto o salário-mínimo vigente no período (R$ 1.412 mensais) quanto a média salarial de trabalhadores com ensino médio completo, que é de R$ 2.392, segundo o IBGE.

O levantamento também revela o perfil de quem atua com os aplicativos. A maioria dos motoristas trabalha, em média, entre 19 e 27 horas por semana e se conecta à plataforma cerca de três dias por semana. Entre os entregadores, a média semanal é de 9 a 13 horas, com quatro dias de atividade. A flexibilidade da jornada é um fator central para a permanência no setor: 42% dos motoristas e 45% dos entregadores afirmam que o número de horas trabalhadas varia bastante semana a semana.

A maior parte dos motoristas (58%) tem nas plataformas sua única fonte de renda, e 63% deles não estão procurando outro tipo de ocupação. Entre os entregadores, 54% também têm nas entregas sua única atividade remunerada. Entre os motivos mais citados para essa escolha estão os melhores ganhos (43% entre motoristas e 48% entre entregadores) e a autonomia e flexibilidade proporcionadas pelas plataformas (27% e 24%, respectivamente).

O estudo ainda indica que o vínculo com os aplicativos deixou de ser apenas uma alternativa ao desemprego. Cada vez mais, trabalhadores autônomos e com outras ocupações utilizam as plataformas como fonte complementar de renda. Entre os motoristas, o número dos que acumulam outra atividade remunerada passou de 37% para 42%. Já entre os entregadores, 43% também possuem outra ocupação, sendo que mais da metade tem carteira assinada.

Quanto à contribuição previdenciária, 53% dos motoristas e 57% dos entregadores estão cobertos, sendo que 21% e 27% respectivamente contribuem como empregados formais, enquanto outros 27% em cada grupo o fazem na condição de Microempreendedor Individual (MEI). Essa questão, segundo o Cebrap, é um dos temas centrais em discussão no Congresso Nacional no âmbito do Projeto de Lei Complementar 12/2024.

A consultoria Ecoa, por sua vez, realizou um estudo para a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que representa as principais plataformas do setor, e analisou os impactos econômicos de uma eventual aplicação das regras da CLT a motoristas e entregadores. O resultado projeta aumentos de até 34% no valor das viagens e de até 26% no preço das entregas, o que poderia reduzir a demanda em 31% e 43%, respectivamente.

De acordo com a Ecoa, o efeito nos postos de trabalho seria significativo: a estimativa é de que 52% das vagas de motoristas e até 82% das de entregadores poderiam ser extintas, com uma queda mínima de 10% nos ganhos líquidos dos trabalhadores.

O diretor-executivo da Amobitec, André Porto, afirma que os dados revelam uma nova dinâmica nas relações de trabalho e defende a regulação do setor sem descaracterizar o modelo atual. “Defendemos a regulamentação do setor para oferecer maior proteção social para os profissionais, assim como segurança jurídica para as empresas. Consideramos que qualquer iniciativa deve ser avaliada com cautela, observando as particularidades do modelo de negócio e os benefícios econômicos e sociais gerados pela tecnologia”, afirmou.

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