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Sobretaxa de Trump ao Brasil fortalece acusação de obstrução da Justiça contra Eduardo Bolsonaro

Anúncio de tarifa de 50% por Trump não muda processo de Bolsonaro no STF, mas amplia indícios de atuação internacional de Eduardo contra instituições

Eduardo Bolsonaro (Foto: Reprodução )
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247 - O anúncio feito por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e candidato à Casa Branca, de impor uma sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros intensificou a crise diplomática entre os dois países e acirrou o cerco jurídico a Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Embora não deva alterar o curso do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), a medida pode agravar a situação de seu filho, que já é investigado por suposta tentativa de interferência nas instituições democráticas brasileiras. A informação é da Folha de S.Paulo.

Segundo ministros do STF, assessores e advogados ouvidos pela reportagem, a ofensiva política e comercial de Trump pode reforçar os indícios de que Eduardo Bolsonaro tem atuado em conluio com autoridades estrangeiras para pressionar o Judiciário brasileiro e influenciar investigações em curso. O deputado federal licenciado é investigado por crimes como coação, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Em relatório recente, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que Eduardo pode ter cometido tais crimes ao colaborar com figuras do governo Trump contra integrantes do STF, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal. A apuração teve seu prazo prorrogado por mais 60 dias na semana passada, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, que considerou necessário aprofundar as diligências da Polícia Federal.

Trump classificou o julgamento de Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e criticou supostas "ordens de censura" dirigidas a plataformas de mídia social dos EUA. As declarações ecoam o discurso adotado por Eduardo Bolsonaro, que acusa o ministro Alexandre de Moraes de censurar empresas e indivíduos e de ferir princípios internacionais de direitos humanos.

No mesmo dia do anúncio das tarifas, Eduardo divulgou uma carta assinada em conjunto com o ex-apresentador Paulo Figueiredo — também réu por envolvimento na tentativa de golpe de Estado. No texto, os dois pedem às autoridades brasileiras que evitem uma escalada do conflito com os EUA para impedir a efetivação das tarifas a partir de 1º de agosto. Para eles, a retaliação econômica seria fruto do trabalho de interlocução feito com o entorno de Trump.

“Nos últimos meses, temos mantido intenso diálogo com autoridades do governo do presidente Trump — sempre com o objetivo de apresentar, com precisão e documentos, a realidade que o Brasil vive hoje. A carta do presidente dos Estados Unidos apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos trazendo com seriedade e responsabilidade”, escreveu Eduardo.

O documento também menciona a possibilidade de que "as avaliações a Moraes possivelmente serão selecionadas" no pacote de retaliações contra o Brasil. No início de julho, Alexandre de Moraes anexou ao inquérito um vídeo publicado por Eduardo na rede social X (antigo Twitter), como indício de que ele continua a tentar influenciar o processo judicial sobre a trama golpista.

Na última sexta-feira (11), Eduardo Bolsonaro voltou a provocar ao condicionar a suspensão das tarifas a uma “anistia ampla, geral e irrestrita” — declaração feita após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se encontrar com o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar. Tarcísio pregou o caminho da negociação em uma publicação nas redes sociais.

No depoimento que prestou à Polícia Federal, Jair Bolsonaro foi questionado sobre como Eduardo se sustenta nos Estados Unidos, se recebe recursos do PL e com quem articula suas ações junto ao governo americano. As perguntas indicam que os investigadores buscam rastrear eventuais vínculos financeiros e políticos com as articulações internacionais.

Por outro lado, fontes do STF afirmam que, no caso do ex-presidente, o processo já segue seu curso natural e não deve ser afetado pelas declarações de Trump. A Primeira Turma do Supremo deve julgar, a partir de setembro, as acusações contra o núcleo central da trama golpista, com o objetivo de encerrar a ação ainda em 2025 e evitar interferências no calendário eleitoral de 2026.

Mesmo após o tarifaço, ministros do STF continuam vendo as declarações de Trump como manobras políticas que não alteram o mérito jurídico das ações. “A declaração pode até aumentar a antipatia”, disse um magistrado em condição de anonimato, referindo-se à repercussão interna da pressão externa.

A postura de Trump, no entanto, pode ter efeito contrário ao desejado. Assessores e advogados admitem que a tentativa de interferência pode levar os ministros a adotarem uma linha mais dura contra os investigados.

Pouco depois da divulgação da carta de Trump, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, conversou com o presidente Lula e com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. As conversas, segundo fontes oficiais, reafirmaram que a resposta brasileira será conduzida pelos canais diplomáticos e institucionais.

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