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BNDES planeja criar certificadora de créditos de carbono e defende protagonismo estatal na transição verde

Mercadante afirma que bancos públicos devem liderar financiamento climático e que Brasil pode ser referência em restauro florestal e energia limpa

Aloizio Mercadante - 26/05/2025 (Foto: Reprodução/Youtube/TV 247)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou nesta quarta-feira (9) que o banco trabalha na criação de uma certificadora nacional de créditos de carbono. 

“Se somos um grande provedor de recursos estratégicos, temos que disputar a certificação”, afirmou, durante o evento “A Transição Energética e a Sustentabilidade do Futuro”, no Rio de Janeiro. 

A atividade contou com a presença da presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff, e do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao.

BNDES aposta em inovação e desenvolvimento sustentável

Mercadante destacou dois instrumentos centrais do BNDES para impulsionar projetos verdes: o Fundo Clima, voltado à descarbonização e transição energética, e a Taxa Referencial (TR), usada para fomentar a inovação. “Inovação é risco. Se não tiver a participação do Estado, o processo é inibido”, argumentou, ao criticar a visão do Estado mínimo e propor uma atuação mais articulada entre setor público e mercado.

Ele também reafirmou o foco do banco em setores estratégicos, como os minerais críticos, e destacou a liderança da indústria nos desembolsos recentes da instituição. Até junho de 2025, a Nova Indústria Brasil (NIB) já havia aprovado R$ 220 bilhões em financiamentos. O BNDES também lançou um edital para atrair centros de pesquisa e desenvolvimento, que recebeu R$ 57,4 bilhões em propostas.

Entre os projetos citados, estão os R$ 36,7 milhões aplicados na criação do Centro de Cooperação Policial Internacional em Manaus (AM), além de R$ 830 milhões destinados ao Ibama para aquisição de equipamentos. O banco também atua na restauração de manguezais e ilhas oceânicas, somando 1,3 milhão de hectares. Mercadante ainda defendeu que o Brasil invista em combustíveis sustentáveis para navegação e aviação, destacando a liderança potencial do país nesse setor.

Parcerias e papel dos Brics

Mercadante exaltou o papel dos Brics como uma “inovação diplomática extraordinária” e elogiou a parceria com a China, que considerou estratégica. Ele também incentivou maior diálogo entre Brasil, Indonésia e Congo para a preservação das florestas tropicais. “Os bancos públicos precisam ser verdes”, declarou, ao destacar que essas instituições respondem por 40% do crédito no país. O BNDES, segundo ele, está organizando um Fórum dos Bancos Públicos dentro da Febraban para fortalecer esse papel.

O embaixador chinês Zhu Qingqiao endossou a fala, apontando a convergência entre os dois países. “China e Brasil são forças construtivas na sustentabilidade global”, afirmou.

Dilma propõe uso ampliado de moedas locais

A presidenta do NBD, Dilma Rousseff, reforçou a importância dos bancos públicos na luta contra as mudanças climáticas e na redução das desigualdades. Ela defendeu o uso de moedas locais nas transações da instituição como forma de reduzir custos e mitigar riscos cambiais: “Lidar com esse desafio requer uma abordagem multifacetada”, disse. Atualmente, 25% da carteira do banco já está em moedas locais, e a meta é chegar a 30% até 2026. Dilma também destacou que 40% dos financiamentos do NBD são voltados exclusivamente a projetos sustentáveis.

“O setor privado é importante para gerar eficiência e incentivar inovação, mas é o Estado – em parceria com a sociedade – que cria as condições necessárias para que esses mercados funcionem em benefício do bem comum”, avaliou, ao citar a experiência chinesa na transição energética.

Foco na COP30 e em novas tecnologias

Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, chamou atenção para a necessidade de reformar a arquitetura financeira global, especialmente para viabilizar tecnologias sustentáveis. Já Tereza Campello, diretora Socioambiental do banco, destacou os investimentos realizados em Belém (PA), sede da COP30, que permitirão retirar 500 mil pessoas de áreas de risco de alagamento. Ela também afirmou: “Queremos que o Brasil seja referência mundial em restauro florestal”.

BB testa certificação e bolsa de carbono

Em outro painel, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, anunciou o início dos testes para criação de uma certificadora nacional de carbono e de uma bolsa de créditos de carbono. Segundo ela, a transição verde deve ser inclusiva, alcançando desde comunidades quilombolas até o agronegócio. “O caminho para um futuro de baixo carbono é irreversível”, afirmou.

A ex-ministra Izabella Teixeira, conselheira do BNDES, cobrou mais protagonismo dos bancos de fomento: “Os bancos públicos têm que assumir risco. Se não, não haverá financiamento para a transição energética”. Já a ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu elogiou o papel dos bancos estatais no desenvolvimento de setores estratégicos: “Se não fosse o BNDES e o BB, o Brasil não seria o segundo maior produtor de etanol do mundo e um grande exportador de papel e celulose”, declarou.

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