Em Buenos Aires, as diferenças explícitas entre Lula e Milei foram reforçadas

O já conhecido contraste entre os presidentes Lula, do Brasil, e Milei, da Argentina, ficou ainda mais evidente nos discursos que fizeram, nesta quinta-feira, na reunião de cúpula do Mercosul, na capital argentina. O Brasil assume a presidência do bloco agora até dezembro. A presidência é semestral, rotativa e por ordem alfabética.

Na sua fala, o presidente Lula colocou o foco na importância da integração, num momento de instabilidade mundial. O mundo instável e ameaçador, disse, encontra segurança e previsibilidade no Mercosul. Fato que Milei sugeriu duvidar ao voltar a dizer que a Argentina poderá retomar, no futuro, sua defesa da flexibilização das regras de comércio do bloco. “Avançaremos juntos ou sozinhos”, disse no seu discurso que foi anterior ao de Lula. Na sua fala, Milei enfatizou os três pontos que costumam ser a base de seus discursos: livre comércio, segurança pública e críticas contra a Venezuela. Ele também criticou a diplomacia. Disse que o Mercosul deixou de cumprir seus objetivos iniciais e que não pode ser uma ‘cortina de ferro’ para as iniciativas comerciais de cada integrante do bloco (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia). O presidente Lula anunciou que o Brasil vai fortalecer os organismos sociais e de direitos humanos do bloco. Eles foram abandonadas ou ignorados durante a presidência argentina no Mercosul, como contaram negociadores do bloco. Lula disse também que a Cúpula do Mercosul Social será retomada, que realizará a Cúpula Sindical e também haverá a maior preocupação na integração das pequenas e médias empresas - iniciativas que são opostas aos pensamentos de Milei. O presidente brasileiro falou sobre a importância do cuidado com o meio ambiente, destacando a COP30 em novembro em Belém, e lembrando das tragédias recentes, como seca extrema e inundações que ocorreram nos países do Mercosul. Ele falou ainda no lançamento do Mercosul Verde. Milei nega o aquecimento global. Lula e Milei concordaram, porém, em dois tópicos das discussões do Mercosul, apesar das ‘miradas’ diferentes, a necessidade de se debater a segurança pública e como combater grupos organizados da criminalidade; e os acordos de livre comércio do Mercosul com outros países e blocos. Durante a presidência do Brasil no bloco, há expectativa de acordos, neste âmbito, com novos parceiros como Canadá e Emirados Árabes, além das possíveis assinaturas dos acordos comerciais com a União Europeia e com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein .