247 - A indústria têxtil é uma das que mais impacta o meio ambiente. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o setor descarta por ano mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis no país – o equivalente a 5% do que é produzido. Frente a esse cenário, os projetos de conscientização e upcycling se tornam cada vez mais urgentes para promover a mudança de comportamento do consumidor.
O projeto (RE) Estampa, desenvolvido pelo Instituto Focus Têxtil em parceria com a Brother Brasil e com o Istituto Europeo di Design (IED), visa promover a sustentabilidade no segmento através do reaproveitamento de resíduos, apoiando o empreendedorismo e a inovação. A iniciativa consiste em um curso de estamparia e moda circular, que orienta os participantes a estudarem tecidos que seriam descartados e transformá-los em outras peças por meio de técnicas de reestampa, bordado, corte e modelagem. “Mais do que um princípio de cuidado ambiental, o (RE) Estampa é um projeto que atinge também questões sociais, pois traz uma nova luz sobre as possibilidades que a personalização e o upcycling oferecem como negócio, como geração de renda”, comenta Paulo Akashi, diretor de Vendas da Brother, que oferece máquinas de costura, de bordado, de corte e impressora de sublimação para viabilizar a iniciativa.&nbsp;
A primeira edição do projeto foi realizada em 2024. A turma, composta por cerca de 20 estudantes de moda e profissionais do setor têxtil, teve aulas teóricas e práticas com três mentores, durante cerca de três meses. Os encontros, realizados duas vezes por semana, intercalam conteúdos teóricos — como fundamentos da moda sustentável, história da estamparia, design e empreendedorismo — com oficinas práticas em que os alunos experimentam na pele o potencial criativo do reuso. A metodologia do curso privilegia a autonomia criativa, o olhar atento para os resíduos e a construção de novas narrativas por meio da estética e da técnica.&nbsp;
A principal matéria-prima do projeto – os resíduos têxteis – vem do que seria descartado da empresa Focus Têxtil. “O projeto (RE) Estampa se destaca como uma iniciativa relevante por unir inovação, sustentabilidade e impacto ambiental no setor da moda. A proposta incentiva a criatividade ao ressignificar materiais e desafiar os participantes a desenvolverem soluções inovadoras a partir do reaproveitamento de resíduos, valorizando o processo de criação com propósito. Com forte apoio institucional e presença em eventos de destaque no setor, o projeto se consolida como uma plataforma de formação e transformação, contribuindo para um futuro mais ético e responsável na moda brasileira. Em 2024, a iniciativa alcançou marcos expressivos, como o reaproveitamento de 600 kg de resíduos têxteis e a certificação de 20 novos profissionais capacitados em estamparia digital e modelagem sustentável”, afirma Beatriz Pimentel, coordenadora de projetos do Instituto Focus Têxtil.&nbsp;
O que dizem os participantes - A designer de moda Wanise Las Casas participou da primeira edição do projeto. Segundo ela, o (RE) estampa trouxe novas oportunidades de negócios e impulsionou o conhecimento para uso de soluções como a GTX Pro da Brother. “Tenho desenvolvido peças que se tornaram mais sofisticadas e diferenciadas, ajudando no crescimento da minha empresa”, diz.
Na segunda edição, que começou em abril e segue até agosto, quem está aproveitando a aprendizagem é Isabella Las Casas Britto da Silva, estudante de design de moda e filha de Wanise. &nbsp;“Durante a faculdade, a aceleração das tendências de moda e a sustentabilidade essencial para o consumo consciente são temas recorrentes. E o curso aborda muito este fator em todas as etapas. Além de corroborar com meu portfólio e na pesquisa, o processo de criação ensinado no curso faz uma grande diferença para qualquer um do meio da moda”, avalia.
Mais do que ensinar técnicas, o (RE) Estampa estimula o pensamento crítico sobre consumo, descarte e produção consciente. A jornada de aprendizado culmina em um desfile, onde os alunos apresentam suas criações, evidenciando como a moda pode ser ferramenta de transformação econômica, social e ambiental.

Guilherme Levorato

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