247 - O CEO da Nvidia, Jensen Huang, se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca, dias antes de embarcar para a China. O encontro ocorre em meio à escalada da disputa tecnológica entre Washington e Pequim, que ameaça o desempenho da companhia mais valiosa do setor de semicondutores.
Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a conversa aconteceu em caráter reservado, e os detalhes da pauta não foram divulgados. A Casa Branca não se pronunciou, e a Nvidia optou pelo silêncio. A visita de Huang a Trump, no entanto, ocorre num momento de forte pressão: a empresa estima perder até US$ 8 bilhões em receita neste trimestre devido às barreiras impostas pelos EUA às exportações de chips para o mercado chinês.
<h3>Críticas às restrições e risco competitivo</h3>
Jensen Huang tem defendido publicamente o alívio das sanções tecnológicas contra a China, sob o argumento de que medidas desse tipo favorecem concorrentes locais, como a <a href="https://www.20304050.best/search?term=Huawei">Huawei</a>. “As restrições dão uma vantagem injusta”, disse o executivo em ocasiões anteriores. A China, maior consumidora mundial de semicondutores, foi praticamente fechada para a Nvidia após sucessivas rodadas de sanções.
A reunião com Trump também ocorreu um dia depois de a Nvidia alcançar uma marca histórica: a empresa se tornou a primeira do setor a ultrapassar US$ 4 trilhões em valor de mercado. A disparada das ações é impulsionada pela demanda por chips voltados à inteligência artificial, campo no qual a Nvidia lidera com ampla vantagem.
<h3>Trump comemora e pressiona o Fed</h3>
O presidente Trump celebrou o desempenho da empresa em sua rede social, conectando-o a sua política tarifária e ao desempenho da economia: ““Ações de tecnologia, ações industriais e o NASDAQ atingiram níveis recordes! Criptoativos, 'nas alturas'. A NVIDIA subiu 47% desde as tarifas de Trump. Os EUA estão arrecadando centenas de bilhões de dólares em tarifas”, escreveu.
Com o movimento, Trump sinalizou ao Federal Reserve que o momento econômico justifica um corte de juros, usando o desempenho das ações da Nvidia como símbolo da força do setor tecnológico sob sua administração.
<h3>Nova frente: Pequim</h3>
Após o encontro com Trump, Huang embarca para Pequim, onde deve se reunir com o ministro do Comércio da China e outros altos funcionários. Ele também participará da International Supply Chain Expo, evento que deve reunir autoridades e executivos do setor produtivo global.
A viagem é considerada estratégica para a Nvidia, que tenta manter canais de diálogo com a <a href="https://www.20304050.best/search?term=China+">China </a>mesmo em meio à crescente tensão entre os dois países. Microsoft, Amazon, Alphabet (Google) e Meta, principais clientes da fabricante de chips, projetam investimentos conjuntos de até US$ 350 bilhões em infraestrutura de IA — e a continuidade desse ciclo depende de cadeias de fornecimento menos voláteis.

Luis Mauro Filho

CEO da Nvidia Corp., Jensen Huang, discursa no fórum COMPUTEX em Taipei, Taiwan, em 29 de maio de 2023

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Mundo

Antes de viagem à China, CEO da Nvidia busca Trump para reverter sanções e conter perda bilionária

247 – A visita recente de Jensen Huang, CEO da Nvidia, à China, apenas três meses após sua última passagem pelo país, ganhou destaque na imprensa internacional por simbolizar uma postura de resistência frente às políticas comerciais agressivas dos Estados Unidos. Em editorial publicado pelo jornal Global Times, a reafirmação de Huang de que a Nvidia continuará a “servir inabalavelmente o mercado chinês” foi interpretada como um sinal claro de que, mesmo sob pressões e restrições impostas por Washington, há um movimento consistente entre empresas norte-americanas em favor da cooperação com a China.
Durante sua viagem, Huang não apenas enfatizou a importância estratégica da China para a Nvidia — definindo o país como “um mercado muito importante” — como também ressaltou que a trajetória de crescimento da empresa se deu em sintonia com o desenvolvimento do mercado chinês. “A Nvidia cresceu junto com o mercado chinês e alcançou o sucesso mútuo”, declarou o executivo. Essa afirmação ganha ainda mais peso diante das proibições do governo norte-americano à exportação de chips da série H20 para a China, além da nova rodada de tarifas contra produtos chineses.
Segundo o Global Times, essa postura sinaliza uma oposição indireta, mas significativa, de setores empresariais dos EUA à escalada protecionista liderada pela Casa Branca. Muitos empresários norte-americanos vêm demonstrando preocupação com o custo econômico e social das medidas adotadas por Washington. “Não precisamos pegar carona com o governo dos EUA; precisamos que ele nos abra caminho”, comentou, anteriormente, um líder empresarial dos EUA, citado no editorial.
O texto também destaca o impacto positivo da cooperação sino-americana no setor tecnológico. Huang afirmou que a colaboração com empresas chinesas fortaleceu a competitividade internacional da Nvidia. Para o editorial, isso reflete uma percepção crescente entre executivos: a China representa uma oportunidade, e não uma ameaça.
A crítica à política de confrontação dos EUA se estende a diversos setores da sociedade. Dados recentes do Pew Research Center apontam para uma mudança de percepção da população norte-americana em relação à China. Segundo a pesquisa, caiu significativamente o número de cidadãos que veem o país asiático como inimigo. A Bloomberg classificou o dado como “surpreendente”, observando que essa tendência contraria a retórica predominante sobre tarifas e contenção.
Além disso, plataformas como TikTok têm sido palco de uma inesperada valorização dos produtos chineses por parte dos consumidores norte-americanos, que vêm descobrindo a qualidade e os preços competitivos de produtos adquiridos diretamente de sites da China. Influenciadores digitais têm divulgado vídeos de “unboxing” com entusiasmo, impulsionando uma nova onda de popularidade do “Made in China”.
Apesar do discurso de confrontação vindo de Washington, a realidade econômica e social dos dois países aponta para um cenário de interdependência. “As políticas de tarifa abusiva ignoram o alto grau de complementaridade econômica entre China e EUA”, destaca o Global Times, argumentando que tais medidas têm gerado incertezas para os mercados e consumidores de ambos os países.
Exemplo disso é a recente decisão do governador da Califórnia, Gavin Newsom, de mover uma ação judicial contra o governo federal por conta do uso excessivo de tarifas comerciais. “Estamos defendendo as famílias americanas, que não podem mais conviver com esse caos”, afirmou Newsom.
A matéria ainda menciona uma pesquisa conduzida pelo Global Times Institute, revelando que cerca de 90% dos entrevistados, tanto nos EUA quanto na China, demonstram preocupação com a deterioração das relações bilaterais. A maioria manifesta apoio à intensificação dos laços comerciais, da cooperação climática e das trocas culturais. Para o editorial, esse sentimento popular, expresso também nas redes sociais, é um contraponto à retórica hostil e simplista propagada por certos setores da política norte-americana.
Ao final, o texto adverte que uma eventual insistência de Washington em promover o “desacoplamento” com a China pode se tornar politicamente insustentável. “A oposição crescente dos eleitores pode se tornar uma realidade política que Washington não poderá mais ignorar”, conclui o Global Times.

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Antes de viagem à China, CEO da Nvidia busca Trump para reverter sanções e conter perda bilionária

Nvidia desafia tarifas dos EUA e reafirma compromisso com o mercado chinês

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