247 - Indignado com a forma como as igrejas neopentecostais agem em relação ao dízimo, a mercantilização da fé, principalmente afetando pessoas mais vulneráveis, e a criação da “bancada da bíblia” ou “bancada evangélica” na câmara dos Deputados, o idealizador Cristiano Ayres lança o vídeo-manifesto Céu, Fel e Fé, em um coquetel, no próximo dia 4 de julho, no Centro Cultural Lado B, no Centro do Rio.&nbsp;
A partir de um texto seu, Ayres, que é economista, escritor e produtor cultural, decidiu por produzir e dirigir o curta metragem que traduz sua indignação na relação que a maioria das igrejas neopentecostais impõe a seus fiéis quando trata-se do dízimo, além do fato dessas igrejas não pagarem nenhum tipo de imposto e não prestarem contas dos recursos arrecadados dos fiéis.&nbsp;
Ayres convidou o ator Vino Fragoso que dá vida a quatro personagens numa interpretação vigorosa, dinâmica e intensa. Além disso, no dia do lançamento do vídeo-manifesto, será realizado um bate-papo com o pastor e deputado federal, Henrique Vieira, sobre o comércio da Fé e a estratégia neopentecostal de poder no cenário político nacional.&nbsp;
“A isenção tributária de igrejas se justifica quando esse recurso é usado para a comunidade. Mas, o que temos visto são espaços que mercantilizam a fé através da cobrança de dízimos. Minha preocupação é com as pessoas pobres, humildes e vulneráveis que são enganadas por falsos profetas”, aponta Ayres.&nbsp;
Segundo Ayres, o vídeo Céu, Fel e Fé nasce como um manifesto poético, criando a narrativa no momento da gravação, e luta contra essa distorção social. “Há uma diferença gritante entre liberdade de crença e a exploração da fé. O que vemos em muitos segmentos neopentecostais é o uso distorcido do dízimo, não para fins comunitários, mas para enriquecer líderes religiosos que acumulam patrimônio e poder político”, lamenta o idealizador.
Vino Fragoso enfatiza que quando recebeu o convite se empolgou, uma vez que o vídeo dialoga com tudo que acredita ser urgente e, como ator, interpretar um pastor sempre foi um grande desejo seu, por ter sido protestante, da Igreja Assembleia de Deus.&nbsp;
<blockquote>“Estudei teologia, e pensava em ser pastor, então, o que não faltava eram referências para compor esse personagem, esse 'tipo' cheio de atitude e que se dizem usados por Deus, mas o que eles querem usar mesmo são as fragilidades das pessoas, e eu já fui uma delas”, relembra ele.</blockquote>
O ator completa ainda dizendo que foi um exercício e um prazer interpretar vários personagens dentro de um mesmo trabalho. “Foi prazeroso poder mostrar um Jesus mais humano, como eu acredito que ele tenha sido: um rebelde, que se revoltou quando fizeram da igreja, um comércio. Por isso, talvez só por isso, por ele ter sido um marginal e rebelde, hoje estamos falando dele”, comenta.
“Espero que nosso trabalho levante discussões para que estejamos alertas contra os usurpadores, que usam a fé e fazem dos púlpitos palcos dos seus espetáculos pseudo-espirituais”, conclui Fragoso.&nbsp;
No Brasil, a Constituição Federal garante a liberdade de crença e o livre exercício dos cultos religiosos, no entanto, Cristiano Ayres reforça a importância de diferenciar o recebimento do dízimo como oferta dos fiéis e a coação realizada por muitos líderes sobre os frequentadores das igrejas. Ele ainda conta que a ideia não é parar na veiculação do vídeo, mas chamar a sociedade para um debate.
<blockquote>“O vídeo denuncia a exploração, o preconceito, a homofobia e a captura do poder político pela bancada da bíblia no Congresso Nacional. Trata-se de um grito contra as promessas vazias de prosperidade, cura e milagres impostas a gente humilde e carente. É urgente que o Congresso Nacional debata a obrigatoriedade do uso responsável, digno e honesto dos parcos recursos que milhões de fiéis confiam em seus líderes religiosos”, propõe o idealizador do vídeo.&nbsp;</blockquote>
Cristiano Ayres reitera que a arrecadação dos dízimos deve ser auditável e não se trata de restringir a liberdade religiosa, mas de garantir transparência e coibir abusos que comprometem não apenas a fé individual, mas a saúde da democracia.
“Céu, Fel e Fé é, acima de tudo, um convite à reflexão. Fé verdadeira não se mede em cifras, não se barganha, não se compra a troco de prosperidade, nem o céu deve ser prometido em troca de transferências bancárias. É chegado o momento de transformar indignação em debate público e exigir que as instituições religiosas prestem contas, não apenas a ‘Deus’, mas também à sociedade”, finaliza Ayres.&nbsp;
<h3>Sobre o idealizador</h3>
Cristiano Ayres é economista, empresário, apaixonado por música, cinema e literatura, e um incentivador de projetos artísticos e sociais. Produziu e dirigiu o curta “Terra de Ninguém”, criado a partir de um poema seu, um manifesto contra o ecocídio.
Ele também participou da produção do espetáculo “Sinfonia da Alvorada’, um resgate da obra de Tom JObim e Vinícius de Moraes, composta em 1959 a pedido de JK para a inauguração de Brasília, e “Música de Protesto Brasileira”, uma apresentação em quinteto, com repertório das músicas de protesto das décadas de 60 e 70. Atualmente Cristiano Ayres trabalha em um livro de poemas e participa da produção do novo disco de Vitor Santana, que será gravado em Belo Horizonte.
<h3>Sobre o ator</h3>
Em cena no vídeo está o ator, produtor, cenógrafo e diretor, Itaperunense, Vino Fragoso. E seu trabalho mais recente é seu monólogo "Deus Um espetáculo", dirigido, atuado e escrito por ele e também está atuando na 4ª Temporada de Arcanjo Renegado, como o um dos chefes do tráfico paraguaio na fronteira, Polla de Cabra.
Vino estudou artes visuais pelo Instituto Federal Fluminense (IFF) e Artes Cênicas pelo bacharelado da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). No teatro, ele trabalhou em mais de 20 espetáculos como ator, com importantes diretores, entre eles Bruce Gomlevsky, Ivan Sugahara, Isaac Bernardt, Eduardo Vaccari, Thiego Ladeira, Rodrigo Pitta, Adriana Maia, Yves Noel Genod, Clovis Levi, e seu último trabalho com o diretor João Fonseca, peça que produziu e atuou.&nbsp;
Participou do videoclipe do Barão Vermelho, Eu nunca estou só e da Websérie Alta Sociedade Baixa, ao lado de Tom Cavalcante, Samantha Schmutz e Adriane Galisteu. Recentemente, fez participações na novela “Volta Por Cima” da TV Globo.

Leonardo Sobreira

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Cultura

Vídeo-manifesto faz crítica à bancada da bíblia e à exploração da fé

247 - Durante reunião da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados realizada nesta terça-feira (8), o deputado Alberto Fraga (PL-DF), presidente da chamada "bancada da bala", declarou ser contrário à prisão de pessoas que consomem maconha. A declaração, segundo o jornal <a href="https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/04/09/lider-da-bancada-da-bala-se-diz-contra-prender-usuario-de-maconha-tem-gente-que-fuma-para-descontrair.ghtml">O Globo</a>, foi feita durante a discussão de um projeto que pretende retirar a obrigatoriedade de apresentação de exame toxicológico para a compra e registro de armas de fogo.
De acordo com Fraga, a exigência do teste é injusta com usuários que, mesmo consumindo drogas, seguem cumprindo suas obrigações. “Não tem nada a ver com o maconheiro e usuário. Tem gente que fuma um baseado para descontrair, mas é um cumpridor dos seus deveres. Já o da cocaína eu penso diferente. Mas eu já estou indo para a ideia, hoje em dia, eu digo para os meus policiais, não prendam, não adianta prender”, afirmou o parlamentar.
A Comissão rejeitou o parecer que visava eximir os cidadãos da apresentação de resultado negativo em exame toxicológico para o processo de aquisição e registro de armas. Com a rejeição, a proposta segue em tramitação na Câmara e será encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), etapa anterior à votação no plenário.
O projeto em discussão é de autoria do senador Styvenson Valentim (PSDB-RN) e foi protocolado em 2019. A proposta estabelece o exame toxicológico como um dos critérios obrigatórios para o registro e a posse de armas de fogo no país.

Paulo Emilio

Política de Drogas

Presidente da bancada da bala diz ser contra prisão de usuários de maconha: "tem gente que fuma para descontrair"

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta quinta-feira (17) sobre a situação do deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que pertence à bancada evangélica e o elogiou durante um evento no Palácio do Planalto. Durante uma entrevista à rádio Metrópole, de Salvador, Lula afirmou que Otoni está sendo "triturado" pelos bolsonaristas em decorrência de seus elogios.
“O deputado da bancada ruralista, do Pará, fez uma declaração dizendo que não votou em mim, que muitos evangélicos não votaram em mim, mas que reconhecia os benefícios aos evangélicos que foram feitos por mim: o Dia do Evangélico, a lei do silêncio, o Dia do Pastor. Tudo, tudo fui eu que criei e ele reconheceu isso”, destacou o presidente.
Lula também disse querer saber qual seria motivo teria levado Otoni a votar em Jair Bolsonaro (PL), apesar de reconhecer suas contribuições. “Fiquei com vontade de perguntar: ‘Se você sabe disso, por que votou no Bolsonaro?’ Bom, mas ele falou e eu falei 'não vou polemizar'”, disse o presidente.
Otoni de Paula, que foi um dos principais aliados de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, atualmente tem se afastado do ex-mandatário após apoiar a reeleição de Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro. Lula observou que o apoio ao seu governo trouxe uma reação negativa para Otoni, que agora enfrenta críticas de seus antigos aliados. “Teve uma repercussão muito boa para mim e muito ruim para ele, porque os bolsonaristas estão triturando ele”, avaliou. 
Na terça-feira (15), Lula participou da cerimônia de sanção de várias leis, incluindo a que cria o Dia da Música Gospel, onde vários membros da bancada evangélica estavam presentes. Durante seu discurso, Otoni de Paula elogiou as políticas sociais de Lula, afirmando que estas proporcionaram melhores condições de vida para a população mais humilde, citando programas como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
"É graças à visão social de seus governos que essa gente humilde de Deus tem condições de comer e onde morar", declarou o parlamentar na decisão. O parlamentar também afirmou jamais ter votado em Lula, mas ponderou que a igreja “não é de direita ou de esquerda” nem “deste ou daquele partido”. Ainda segundo ele, os evangélicos estão "entre os brasileiros mais contemplados" pelas políticas sociais da gestão petista.

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Lula diz que bolsonaristas estão 'triturando' deputado evangélico que o elogiou em evento no Planalto

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