247 – Durante o evento “A transição energética e a sustentabilidade do futuro”, promovido pelo BNDES com apoio do Brasil 247 e do site chinês Guancha, no último dia 9 de julho, no Rio de Janeiro, a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, fez um discurso contundente sobre os desafios e as oportunidades do Brasil como sede da próx ima conferência do clima. A fala ocorreu a 124 dias da abertura oficial da cúpula global, que será realizada em Belém do Pará, e deixou claro que o momento exige ação concreta e cooperação internacional ampliada.
"A transição é inevitável, ela já está acontecendo, mas a geopolítica torna difícil negociar grandes acordos. A economia está puxando essa mudança", afirmou Ana Toni, ressaltando que a COP30 marcará uma nova fase da agenda climática global, voltada à implementação dos compromissos já firmados no Acordo de Paris e nas COPs anteriores.
<h3>Da negociação à realidade: a economia lidera a transição</h3>
Ana Toni relatou sua experiência em duas reuniões recentes — em Bonn, com negociações oficiais da ONU, e em Londres, na Climate Week — para ilustrar o descompasso entre a lentidão diplomática e a velocidade das transformações no setor privado e na sociedade civil. “O que vimos em Londres foi vida real. A COP30 será uma mistura dessa vida real com a diplomacia climática. Precisamos alinhar esses mundos”, declarou.
Ela reconheceu o papel histórico das convenções climáticas — como a Rio-92 e o próprio Acordo de Paris — na mobilização de políticas públicas e investimentos em fontes renováveis. No entanto, destacou que o foco agora precisa mudar: “Entramos na COP30 num momento de aceleração da implementação. O Acordo de Paris já tem seu livro de regras completo. O que falta é cumprir o que foi acordado”.
<h3>O maior inimigo é o tempo</h3>
Ana Toni fez um alerta sobre a urgência do cenário: “Infelizmente, as consequências da mudança do clima estão vindo muito mais rapidamente do que esperávamos. Já ultrapassamos o limite de 1,5°C no ano passado”. Por isso, ela defende ações que promovam mudanças exponenciais na economia para ganhar tempo e conter o agravamento da crise.
Ela apontou a China e o Brasil como protagonistas da transição energética: “Só o que a China produziu de energia renovável no ano passado equivale à produção total da Europa. O Brasil já é o país mais renovável em termos energéticos, mas precisa acelerar ainda mais”.
<h3>Financiamento climático será eixo central</h3>
Entre os principais pontos da agenda da COP30, Toni destacou o financiamento climático como elemento-chave. Ela lembrou que a COP29, no Azerbaijão, será voltada ao tema e deverá preparar um roteiro, junto com o Brasil, para mobilizar US$ 1,3 trilhão em investimentos para países em desenvolvimento.
“Esse será um dos grandes entregáveis da COP30. A questão é: como mobilizar esse valor junto ao setor privado e com reformas dos bancos multilaterais?”, questionou. Ela elogiou a atuação do BNDES e do Banco do Brasil nesse campo, mas cobrou maior engajamento do setor privado, especialmente no financiamento da adaptação climática.
<h3>Soluções baseadas na natureza e adaptação</h3>
Outro foco estratégico da COP30, segundo Toni, será a valorização das soluções baseadas na natureza — como reflorestamento, biocombustíveis, agricultura sustentável e o mercado de carbono. “O Brasil tem uma cesta de instrumentos econômicos e ambientais que pode ser um exemplo para o mundo. Precisamos empacotar isso da maneira certa e mostrar o que temos de melhor”.
Ela também defendeu mais atenção à adaptação climática, tema historicamente negligenciado nas COPs, mas cada vez mais urgente diante da frequência de eventos extremos. “A adaptação precisa de financiamento robusto, e o setor privado ainda é tímido nessa área. Esperamos que a COP30 mude isso”, disse.
<h3>Multilateralismo, Brics e nova década de cooperação</h3>
Por fim, Ana Toni destacou a importância da cooperação internacional e do multilateralismo, valores que o Brasil pretende reforçar como anfitrião da COP30. Ela celebrou o alinhamento com a China e os países do grupo BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), que vêm defendendo reformas no sistema financeiro global e maior apoio aos países em desenvolvimento.
“A COP30 será a COP da aceleração. Vamos trabalhar para novas negociações, mas com o foco em garantir que a cooperação internacional seja o motor das mudanças que o planeta precisa”, concluiu.
A presença do Brasil como sede da conferência é, segundo Ana Toni, uma “oportunidade única para mostrar ao mundo as soluções que já estão em curso e inspirar um novo modelo de desenvolvimento baseado na nossa sociobiodiversidade”. Ela encerrou com um apelo à valorização do que o país já faz: “Talvez a gente não tenha contado nossa história na língua certa. Agora é hora de mostrar com orgulho o que o Brasil tem a oferecer”. Assista:
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Redação Brasil 247

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Entrevistas

Brasil quer liderar nova etapa da agenda climática com foco na cooperação internacional, diz Ana Toni

247 - Em mais um passo rumo à construção participativa da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a secretaria-executiva do evento promoveu, nesta quarta-feira (16), um encontro com representantes de diversos setores da sociedade civil no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em Brasília. A reunião contou com participação presencial e virtual de organizações indígenas, movimentos de mulheres, coletivos negros e entidades ambientais.
Durante o evento, a CEO da COP30, Ana Toni, apresentou os principais eixos do processo preparatório da conferência, que ocorrerá em Belém (PA) em 2025. Ela destacou o papel estratégico do Brasil como anfitrião e enfatizou o caráter plural da COP30. “É um processo que ainda está sendo delineado, mas serão eventos em diversas regiões do planeta, trazendo cientistas, artistas, lideranças religiosas, para a gente olhar alguns temas da negociação por essas outras linguagens”, afirmou Toni. Segundo ela, a conferência representa uma oportunidade de reafirmação do multilateralismo como ferramenta central no enfrentamento da crise climática:
“A gente espera e acredita que a COP30 pode ser sim um símbolo importante de que o multilateralismo está vivo e fortalecido, e que é o único caminho da gente lidar com a mudança do clima.”
A diplomata Liliam Chagas, diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores e principal negociadora brasileira nas conferências do clima desde a COP28, reforçou a proposta do governo em realizar uma conferência inovadora e mais próxima da população. “O Brasil está se propondo a fazer uma COP diferente, uma COP multidimensional, com resultados e entregas além das tradicionais negociações multilaterais”, pontuou.
A escuta ativa da sociedade civil foi um dos pontos centrais da reunião. Iury Paulino, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), destacou a necessidade de que a conferência deixe um legado de participação e organização popular.
“Ela precisa deixar um legado de participação, no Brasil sobretudo. Temos essa responsabilidade: um legado de organização da sociedade civil e de qualificação para os debates ambientais.”
Representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Tali Pires de Almeida ressaltou a importância de uma transição justa e democrática no combate à mudança climática. “Temos uma expectativa muito grande de que o governo brasileiro sinalize propostas de implementação de acordo com a importância do programa de trabalho da transição justa. Que seja uma COP com o princípio da defesa da democracia, algo muito caro mundo afora.”
O financiamento climático também entrou na pauta. Henrique Frota, diretor executivo da ABONG, sugeriu um alinhamento estratégico entre a COP30 e a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, marcada para junho, na Espanha.
“Acho que a rota para Belém passa por Sevilha. Uma semana depois de Bonn, na Alemanha, teremos esta conferência. É inevitável discutirmos lá também o financiamento climático. Sugiro uma rota Baku-Sevilha-Belém.”
Além das falas destacadas, participaram do encontro organizações como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), o Observatório do Clima (OC) e o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS).

Otávio Rosso

COP30

“COP30 pode ser um símbolo importante de que o multilateralismo está vivo”, afirma CEO da conferência

247 - Na quinta-feira (3), às 9h30, os jornais Valor Econômico e O Globo, junto à rádio CBN, realizam em Belém o primeiro evento do projeto editorial COP30 Amazônia. A edição, que é exclusiva para convidados, debaterá o combate à crise climática em escala mundial. Junto a autoridades, especialistas e referências para a cúpula internacional, a iniciativa busca facilitar o acesso da população aos temas prioritários para o Brasil.
O encontro será dividido em quatro momentos principais - a abertura, conduzida por Ana Toni, diretora-executiva da COP30, seguida de três painéis, com foco na representação e nas expectativas brasileiras em relação à cúpula. A mesa que inaugura o debate recebe o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB); o membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil André Guimarães; e o professor do Instituto de Física da USP Paulo Artaxo, seguida do segundo painel, ao lado do prefeito de Belém, Igor Normando (MDB); da bióloga e especialista em mudanças climáticas Mercedes Bustamante; e da pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi Ima Vieira. A terceira e última mesa conta com a participação do presidente do sistema FIEPA, Alex Dias de Carvalho; o diretor geral e CEO do Instituto Peabiru, João Meirelles; e a diretora de sustentabilidade da JBS Brasil, Liège Vergili Correia.

Guilherme Levorato

COP30 Amazônia: evento recebe Ana Toni, Helder Barbalho e outras autoridades em Belém

247 - O governo federal oficializou, por meio de decreto publicado na edição desta quarta-feira (26) do Diário Oficial da União, a criação da Presidência da COP30, além de aprovar o quadro de cargos e atribuições da estrutura que comandará a organização do maior evento ambiental do planeta, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém do Pará, de 10 a 21 de novembro.
Assinado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), o decreto estabelece que a Presidência da COP30 funcionará até 1º de dezembro de 2026. A medida formaliza a nomeação do embaixador André Corrêa do Lago como presidente da conferência, cargo que ocupa desde 21 de janeiro por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da economista Ana Toni como diretora-executiva.
A estrutura será composta por cargos em comissão e funções de confiança remanejados da Casa Civil e do Ministério das Relações Exteriores, o que, segundo o governo, garante a organização da conferência sem aumento de despesas públicas. O decreto também detalha as competências tanto da presidência quanto da diretoria-executiva da COP30.
Como principal representante político da conferência, Corrêa do Lago terá a missão de conduzir negociações, mediar consensos entre os mais de 190 países participantes e promover o engajamento de atores não estatais – como empresas, ONGs e comunidades científicas – capazes de contribuir com soluções concretas para o combate à crise climática. Já a diretora-executiva será responsável por apoiar o presidente na definição de diretrizes, na implementação das ações estratégicas e na coordenação geral das frentes de trabalho do evento.
André Corrêa do Lago possui ampla experiência em diplomacia ambiental. Economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ingressou na carreira diplomática em 1982 e exerceu diversas funções no Brasil e no exterior, com foco em clima, energia e meio ambiente. Foi negociador-chefe do Brasil em múltiplas conferências internacionais, incluindo a Rio+20. Representou o país como embaixador no Japão (2013–2018) e na Índia (2018–2023), e atualmente é secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty. Foi também o principal negociador da delegação brasileira nas COPs 28 (Emirados Árabes Unidos) e 29 (Azerbaijão).
Ana Toni, por sua vez, tem uma trajetória marcada pelo ativismo ambiental e social. Doutora em Ciência Política e economista, ela atuou como diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e presidiu o Conselho do Greenpeace Internacional. Também passou por organizações como a Fundação Ford, a ActionAid Brasil e o Grupo Gold Standard, além de integrar conselhos de entidades voltadas à equidade racial e ao desenvolvimento sustentável. Atualmente, faz parte da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade.
A formalização da estrutura da COP30 marca mais uma etapa do processo de organização do evento, que será o maior já realizado na região amazônica e deve reunir chefes de Estado, especialistas, cientistas e representantes da sociedade civil do mundo inteiro para discutir soluções de enfrentamento às mudanças climáticas. A expectativa do governo é de que a COP30 seja um marco para a Amazônia e para a consolidação do protagonismo brasileiro na agenda climática global.

Governo oficializa estrutura da COP30 e destaca papel de André Corrêa do Lago e Ana Toni na liderança do evento

247 - A diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, afirmou nesta semana em Londres que as negociações entre políticos, empresários e sociedades civis não devem ocorrer esporadicamente. Eventos como a conferência de clima ocorrem pelo menos uma vez por ano, mas, conforme destacou a analista, “não devemos esperar uma COP para começar a implementação".&nbsp;
"A ideia de ir de COP em COP, ano a ano, esperando que as conferências sejam balas de prata para a transição não é mais verdade. Há muitas coisas que precisamos começar a fazer agora para que as COPs se transformem em momentos de troca e responsabilização pelo que cada um faz em seu país", disse.&nbsp;
“A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Clima e as COPs são os pilares que nos mantêm no caminho, mas precisamos ir além do Acordo de Paris para ter essa conversa. Ao invés de levá-los às COPs, os debates de clima também devem chegar até eles”, acrescentou.&nbsp;
A temperatura média global em 2024 foi de aproximadamente 1,55°C acima da média registrada de 1850 a 1900, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (18). A concentração de gás carbônico (CO₂) e de outros gases de efeito estufa atingiu o nível mais alto dos últimos 800 mil anos, o nível do mar subiu em ritmo acelerado, e a última década registrou os dez anos mais quentes da história.
Pesquisadores disseram que a temperatura dos oceanos atingiu o nível mais alto em 65 anos de registros observacionais em 2023. De 2005 a 2024, a taxa de aquecimento dos oceanos foi mais que o dobro da observada de 1960 a 2005. O nível do mar mais que dobrou, ao passar de 2,1 mm por ano, de 1993 a 2002, para 4,7 mm por ano de 2015 a 2024.

A CEO da COP30, Ana Toni (centro da foto) e a enviada especial para Clima do Reino Unido, Rachel Kyte (à esquerda de Ana), em debate organizado pelo Chatham House, em Londres

‘Não devemos esperar a COP para começar a implementação dos compromissos’, alerta diretora-executiva da COP30

247 - O governo brasileiro oficializou, por decisão do presidente Lula (PT), os nomes que liderarão a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém, Pará. O embaixador André Corrêa do Lago, atual secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, será o presidente da conferência. Já Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, ocupará o cargo de Diretora-Executiva (CEO) do evento.
O anúncio reflete a ambição brasileira em consolidar sua liderança nas negociações climáticas internacionais e reafirma o compromisso do país com a agenda de desenvolvimento sustentável. Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, a escolha de Corrêa do Lago, experiente negociador em temas de clima, simboliza o esforço do Brasil para articular diálogos globais que resultem em compromissos climáticos robustos e eficazes.
Desafios e responsabilidades do presidente da COP30 - Como presidente da COP30, André Corrêa do Lago terá a missão de intermediar negociações entre os Estados partes da Convenção, promovendo consenso e alinhamento em torno de metas climáticas ambiciosas. Embora seja uma indicação do país-sede, o presidente deve agir com imparcialidade e liderar os debates de acordo com as normas da Convenção. Seu trabalho já começa nos meses que antecedem a conferência, em um esforço de escuta e articulação com diversas partes interessadas.
Enquanto o Azerbaijão ainda detém a presidência formal até a abertura da conferência, o Brasil já assume a liderança estratégica na preparação da COP30. Essa transição inclui a promoção do diálogo entre os países e a definição de uma agenda que contemple as prioridades de adaptação, mitigação e financiamento climático.
Trajetória de André Corrêa do Lago - Formado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Corrêa do Lago ingressou na diplomacia em 1982, construindo uma carreira marcada por atuações no Brasil e no exterior. Foi negociador-chefe do Brasil em conferências climáticas, incluindo a Rio+20, além de chefiar departamentos estratégicos no Itamaraty, como os de Energia e Meio Ambiente.
Com passagens por embaixadas em Madri, Washington, Bruxelas e Nova Délhi, Corrêa do Lago foi embaixador no Japão (2013-2018) e na Índia (2018-2023). Desde março de 2023, ocupa o cargo de Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente, sendo um dos principais articuladores do Brasil nas COP28 e COP29.
Ana Toni: liderança feminina na execução da COP30 - Ana Toni, economista e doutora em Ciência Política, será responsável pela execução das operações da COP30 como Diretora-Executiva. Com uma carreira consolidada em justiça social e sustentabilidade, Ana foi diretora do Instituto Clima e Sociedade (2015-2022) e ocupou cargos de destaque em organizações como Greenpeace Internacional e Fundação Ford no Brasil. Reconhecida por seu ativismo, integra a Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade e diversos conselhos voltados à equidade racial e proteção ambiental.

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