Transição energética no Brasil exige inovação financeira e ação coordenada, debatem especialistas em evento dos Brics
Redução de riscos, marcos regulatórios eficazes e novas ferramentas são vistos como pilares para destravar o financiamento verde
247 - Durante o evento “Brics Dialogues”, realizado nesta quinta-feira (3) no Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro, representantes de instituições públicas e privadas defenderam o aprimoramento de mecanismos financeiros e regulatórios como condição fundamental para ampliar os investimentos na transição energética brasileira.
O encontro, voltado à mobilização de financiamento e engajamento empresarial para as metas climáticas do Brics, revelou consenso sobre a necessidade de coordenação entre diferentes setores para viabilizar projetos sustentáveis em larga escala.
Ana Zettel, assessora da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destacou que a instituição atua como “elo para remover riscos e ruídos dos projetos”, permitindo decisões de investimento mais seguras em áreas estratégicas da transição energética. “Somos um motor de desenvolvimento”, afirmou. Segundo ela, o BNDES utiliza o Fundo Clima como principal instrumento para fomentar esse processo e possui experiência em iniciativas ligadas à energia eólica, reflorestamento e soluções baseadas na natureza.
Zettel também ressaltou a importância da chamada “Plataforma de País”, estratégia que permite a cada nação listar seus projetos sustentáveis prioritários para captar recursos. O Brasil lançou, em outubro de 2024, a Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica (BIP), que já mapeou projetos-piloto nos setores de bioeconomia, mobilidade e energia limpa, com potencial de mobilizar até US$ 10,8 bilhões. “A ideia é buscar atividades com capacidade real de contribuir para as NDCs [contribuições nacionalmente determinadas]”, explicou.
A representante do BNDES frisou ainda que a iniciativa está sendo coordenada diretamente com o setor privado. “O setor público está dizendo que isso é prioridade para o país. E o setor privado responde”, afirmou.
Já Constanza Negri, gerente de diplomacia empresarial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e negociadora no Conselho Empresarial do Brics (CEBrics), pontuou que a principal barreira ao financiamento climático está nos riscos elevados e no excesso de burocracia. “Há um consenso entre os membros do conselho de que esse processo muitas vezes se paralisa por causa do alto risco, da fragmentação regulatória e das ferramentas limitantes para acessar crédito”, disse.
Para superar esses entraves, Negri elencou três caminhos: ampliar o acesso a fundos verdes e parcerias público-privadas; fomentar inovação nas estruturas financeiras e ajustar os marcos regulatórios para atrair investimentos privados; e utilizar mais instrumentos de mitigação de riscos. “Não se trata apenas do que se financia, mas de como se financia”, frisou.
Ela também enfatizou a importância da harmonização de padrões e taxonomias ESG como forma de atrair mais investidores. Sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), braço financeiro do Brics, Negri defendeu sua ampliação. “Se olharmos as recomendações, é preciso que o NDB se multiplique por cinco e atue em mais países. Também sugerimos que uma porcentagem dos recursos seja dedicada à capacitação em temas como transição energética e transformação digital.”
No CEBrics, segundo ela, foram formuladas 18 recomendações que abrangem desde o setor agropecuário até comércio e investimentos. “Apesar de não haver um grupo específico de financiamento, esses assuntos estão sendo discutidos de forma transversal”, afirmou.
(Com informações do valor econômico)
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