Luis Arce defende fim da dependência do dólar: “É hora de consolidar um mecanismo de pagamento entre os países dos BRICS”

247 - Durante entrevista concedida à emissora russa RT, nesta segunda-feira (7), diretamente do Rio de Janeiro, o presidente da Bolívia, Luis Arce, reafirmou a importância de os países que compõem os BRICS avançarem no abandono do dólar em suas transações comerciais. Para o mandatário boliviano, essa é uma etapa necessária rumo à construção de uma nova ordem econômica multipolar.

"Um dos desacoplamentos que temos que fazer como países no mundo nessa lógica é deixar de utilizar o dólar norte-americano", afirmou Arce, ao defender que os BRICS intensifiquem a aposta nas moedas nacionais em seus intercâmbios. A Cúpula do grupo está em andamento na capital fluminense desde o último domingo.

Ao comentar a proposta, Arce endossou a posição do presidente russo, Vladímir Putin, que destacou o crescimento contínuo no uso de moedas locais nas trocas comerciais entre os Estados-membros do bloco. Segundo o boliviano, essa é uma tendência que precisa ser reforçada com a criação de novos mecanismos financeiros independentes, que não dependam do Federal Reserve dos Estados Unidos ou do Banco Central Europeu.

"É melhor fazer comércio e acreditar em nossas próprias moedas", declarou Arce. Ele avalia que há uma “grande oportunidade” para criar uma via de comércio “transparente, clara, oportuna e ágil” entre os países do BRICS — formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos integrantes como Irã, Egito e Etiópia, com a Bolívia em processo de aproximação.

O presidente ressaltou ainda que sua administração já iniciou uma experiência concreta nesse sentido, ao firmar com a China um sistema de troca de moedas. "Foi um intercâmbio interessante, que, embora ainda não tenha sido de grande magnitude, foi muito proveitoso", explicou. “Creio que esse ensaio poderia ser aplicado a todos os países membros dos BRICS”, completou.

Por fim, Arce enfatizou que o momento é propício para consolidar uma plataforma comum de pagamentos entre os países do bloco. “Houve tentativas, houve alguns avanços, mas creio que é momento de consolidar um mecanismo de pagamento entre nossos países, que bem pode ser efetuado em nossa própria moeda”, concluiu.