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BRICS fortalece o impulso e a estabilidade na cooperação do Sul Global

A 17ª Cúpula do BRICS será realizada no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de julho

Brics (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Bianca Penteado avatar
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247 - A 17ª Cúpula do BRICS será realizada no Rio de Janeiro, Brasil, nos dias 6 e 7 de julho, marcando um novo capítulo em que o grupo impulsiona e promove o crescimento sólido e estável da cooperação entre os países do Sul Global. A informação é da Xinhua.

Como presidente rotativo do bloco, o Brasil sedia o encontro sob o lema:

"Reforçar a Cooperação do Sul Global para uma Governança Mais Inclusiva e Sustentável".

Nos últimos anos, o BRICS se transformou em uma força significativa na promoção da cooperação entre as nações do Sul Global. Essa colaboração não apenas avança o progresso econômico e social desses países, como também oferece abordagens alternativas para a governança global e novos modelos de modernização.

RECONFIGURANDO A ORDEM ECONÔMICA GLOBAL

Os cinco países do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — fundaram o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) em 2014. Sediado em Xangai, o NDB iniciou suas operações oficialmente em 2015 com a missão de mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países membros do BRICS, bem como em outras economias emergentes e países em desenvolvimento.

Com o NDB, o BRICS fomentou o desenvolvimento internacional ao reunir economias dinâmicas comprometidas com a transformação do Sul Global.

O banco oferece “financiamento em condições mais favoráveis para projetos de infraestrutura, energia e transporte”, afirmou Sebastian Schulz, sociólogo e pesquisador da Universidade Nacional de La Plata, na Argentina. Ele também destacou que o BRICS oferece um Acordo de Reserva Contingente, que pode ajudar a “estabilizar economias em contextos de crises cambiais”.

“O BRICS atua como um dos principais espaços de atuação conjunta dentro do Sul Global, promovendo debates em busca de uma governança global mais equitativa, reformas na arquitetura financeira internacional e uma forma mais justa de multipolaridade”, disse ele.

Patricio Giusto, diretor do Observatório Sino-Argentino, observou que o BRICS oferece ao mundo, especialmente ao Sul Global, “programas de financiamento que estão sendo desenvolvidos por meio do NDB e de outras iniciativas específicas”.

O BRICS, com seus fóruns multilaterais, proporciona um ambiente favorável à cooperação econômica entre os países do Sul Global, “que possuem interesses e preocupações cada vez mais convergentes”, afirmou Giusto à Xinhua.

“De uma agenda inicial focada principalmente na cooperação financeira após a crise de 2008 e 2009, o bloco cresceu em relevância geopolítica e econômica, agora com uma agenda cada vez mais diversa e de alcance global”, disse Giusto, acrescentando que o BRICS “está em ascensão, com cada vez mais membros e oportunidades em comércio e investimento”.

Refletindo a crescente influência do bloco, a Colômbia celebrou sua entrada no NDB em junho, o que, segundo a chanceler colombiana Laura Sarabia, “vai além da esfera financeira e amplia nossos horizontes”.

Na última década, o NDB aprovou mais de 120 projetos, totalizando 40 bilhões de dólares, oferecendo apoio financeiro a países membros em diversas áreas, como infraestrutura, energia limpa, proteção ambiental e infraestrutura digital.

FORÇA DE ESTABILIZAÇÃO EM UM CENÁRIO GLOBAL INCERTO

Com mais países aderindo ao BRICS, a representatividade e a influência do mecanismo vêm crescendo constantemente, consolidando-se como uma força de estabilização em um mundo em transformação e turbulento.

O BRICS representa uma parceria estratégica entre nações que juntas representam uma parcela significativa da população e da economia mundial. A expansão do grupo vem aumentando sua influência internacional, tornando-o mais representativo e com maior capacidade de avançar em diversas agendas globais.

Em entrevista à Xinhua, o presidente da Bolívia, Luis Arce, elogiou o BRICS por oferecer uma nova plataforma para os países do Sul Global participarem da governança global, defenderem seus direitos ao desenvolvimento e ampliarem sua voz nos assuntos internacionais.

“O mecanismo de cooperação do BRICS nos oferece um novo modelo de desenvolvimento e uma nova visão de multilateralismo genuíno. Uma visão completamente diferente, onde todos podemos nos sentir parte de um esforço coletivo e cooperar para o desenvolvimento comum”, disse Arce, ressaltando o “marco importante” para a Bolívia ao se tornar país parceiro do BRICS em janeiro.

Yu Yunquan, vice-presidente do Grupo de Comunicações Internacionais da China, afirmou que, com a cooperação ampliada, o BRICS deve promover ativamente uma multipolarização global justa e ordenada, bem como uma globalização econômica inclusiva e mutuamente benéfica.

“A cooperação entre os países do BRICS não é apenas uma resposta ao cenário econômico e político atual, mas também uma oportunidade de construir um futuro mais justo e sustentável”, disse Ivone Silva, presidente do Instituto Lula, no Brasil.

Boris Guseletov, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Europeus da Academia Russa de Ciências, afirmou que o desenvolvimento integrado da governança global é crucial para lidar com os novos desafios da cooperação internacional.

“O mundo entrou em uma nova fase de grandes mudanças turbulentas, e a ordem internacional está passando por uma reorganização significativa. Com a expansão do BRICS, o mecanismo unirá esforços para promover o desenvolvimento comum, defender o multilateralismo e contribuir para a construção de um sistema de governança global mais justo”, afirmou.

IMPULSIONANDO INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

A próxima Cúpula do BRICS deve focar em uma ampla gama de questões importantes enfrentadas pela humanidade atualmente, como governança internacional, economia, mudanças climáticas, saúde global e os desafios criados pela inteligência artificial (IA).

O bloco busca transformar a inovação tecnológica em uma força motriz para o desenvolvimento dos países do Sul Global e seu posicionamento no cenário mundial.

Na semana passada, foi publicada em Brasília uma declaração ministerial sobre cooperação em ciência, tecnologia e inovação, destacando a importância de ampliar o acesso e o domínio de tecnologias pelos países do Sul Global.

Segundo Luca Belli, professor de direito da Fundação Getulio Vargas, os países do BRICS podem abrir caminho para a soberania digital do Sul Global, desenvolvendo suas próprias tecnologias e reduzindo a dependência de gigantes tradicionais da tecnologia.

“Tecnologias digitais desenvolvidas internamente podem romper com a dependência e levar à autonomia e autodeterminação”, afirmou Belli, destacando que os países do BRICS oferecem alternativas viáveis ao modelo digital centrado em grandes corporações dos EUA.

“A China passou de um país tecnologicamente atrasado para líder em inteligência artificial em poucas décadas. A Índia está construindo poderosas infraestruturas digitais públicas. O Brasil tem sido pioneiro na promoção de software livre como forma de soberania digital desde 2003”, disse ele.

Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, afirmou que a inovação é o processo de transformar descobertas científicas em produtos e serviços concretos, e que isso pode ser acelerado pelo intercâmbio de ferramentas entre os países.

“Temos compartilhado nossas experiências sobre como estamos investindo no crescimento da inovação, tendo em mente que, quando se trata do crescimento e da estabilidade econômica do nosso país, tudo está enraizado na inovação”, disse a vice-ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação da África do Sul, Nomalungelo Gina.

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