Carlos Bolsonaro pode concorrer ao Senado por Santa Catarina em 2026

247 - Jair Bolsonaro (PL) trabalha para ampliar a presença de sua família no Senado Federal e, com isso, reforçar sua pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com informações publicadas pela Folha de S. Paulo, Bolsonaro pretende lançar o filho Carlos Bolsonaro (PL), atualmente vereador no Rio de Janeiro, como candidato a senador por Santa Catarina em 2026.

A candidatura já foi discutida com o governador Jorginho Mello (PL), aliado de Bolsonaro no estado, e comunicada a parlamentares. Carlos formaria uma espécie de aliança eleitoral com Mello — que buscará a reeleição — e com a deputada Caroline De Toni (PL), uma das principais vozes bolsonaristas em Santa Catarina. Para viabilizar a candidatura, o vereador precisará transferir seu domicílio eleitoral do Rio de Janeiro para o estado até 4 de abril de 2026.

Estratégia para o Senado - A movimentação integra um plano mais amplo de fortalecimento do PL no Senado, onde os parlamentares têm o poder de aprovar ou rejeitar nomes indicados ao STF e, em casos extremos, abrir processos de impeachment contra ministros da Corte. Santa Catarina terá duas cadeiras em disputa em 2026 — atualmente ocupadas por Esperidião Amin (PP) e Ivete da Silveira (MDB), esta última suplente que assumiu o posto com a eleição de Jorginho Mello ao governo estadual em 2022.

Além da relação com Mello e da estrutura partidária no estado, pesa a favor de Carlos o perfil do eleitorado catarinense. Em 2022, Jair Bolsonaro obteve 69,27% dos votos válidos no segundo turno em Santa Catarina, contra 30,73% do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O próprio clã Bolsonaro já tem presença na política local: Jair Renan, outro filho de Jair Bolsonaro, foi eleito vereador em Balneário Camboriú no ano passado.

O senador Jorge Seif (PL-SC), aliado da família, avaliou que a candidatura de Carlos é praticamente certa. Ele lembrou que não é incomum políticos se elegerem por estados diferentes de suas origens: “Bolsonaro é de SP, se elegeu pelo RJ. Marina Silva é do Acre, se elegeu [deputada] por SP. Jean Wyllys é baiano, se elegeu [deputado] pelo RJ. Tarcísio [de Freitas], do RJ, [foi eleito] governador de SP”, afirmou.

Resistência interna - Apesar do alinhamento com a cúpula do PL, a movimentação tende a gerar desgaste com aliados locais. A deputada federal Julia Zanatta (PL-SC), que planejava disputar o Senado em 2026, foi informada de que não integrará a chapa majoritária e deverá buscar a reeleição à Câmara. Segundo lideranças catarinenses, Zanatta chegou a sondar outras legendas como alternativa, mas, até agora, as conversas não avançaram. A avaliação é que ela evitará romper com Bolsonaro.

A própria deputada negou qualquer articulação para sair do PL. Questionada sobre a possibilidade de Carlos disputar o Senado por Santa Catarina, ela respondeu: “Foi o que o Bolsonaro me falou, que existe essa possibilidade”.

Carlos Bolsonaro, procurado por meio de sua assessoria, não quis comentar a articulação.

Outros nomes da família - A estratégia de Jair Bolsonaro envolve também outros integrantes do clã. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente licenciado do mandato e vivendo nos Estados Unidos, é cotado para disputar o Senado. Ele é investigado por suposta tentativa de impor sanções a ministros do STF por meio de articulações internacionais. Já Michelle Bolsonaro é apontada como favorita ao Senado pelo Distrito Federal, embora seu nome também circule como possível candidata à Presidência ou à vice, caso Jair Bolsonaro continue inelegível ou seja preso em decorrência de decisões judiciais.

Renato Bolsonaro, irmão mais novo do ex-presidente, também é parte do plano familiar. Ele deve disputar uma vaga de deputado federal por São Paulo.