Neoindustrialização com inovação e sustentabilidade: o Brasil que o Presiq pode construir
Com metas, contrapartidas e foco em baixo carbono, programa oferece resposta concreta à perda de competitividade, estagnação produtiva e urgência climática
A indústria química é um dos alicerces da economia brasileira, fornecendo insumos indispensáveis para setores estratégicos como agricultura, saúde, transporte, infraestrutura, saneamento e defesa. Mesmo com essa relevância, o setor opera hoje com 40%da capacidade ociosa, tem sua produção em declínio e enfrenta uma crescente entrada de produtos importados que comprometem a competitividade da cadeia produtiva nacional.
Em 2024, a balança comercial da indústria química brasileira apresentou um déficit próximo a US$49 bilhões. Embora seja provido de ampla infraestrutura instalada e de matriz energética renovável, o Brasil depende cada vez mais de outros países para suprir demandas essenciais. Essa situação compromete a soberania industrial, fragiliza empregos qualificados e impede o avanço de uma política industrial alinhada aos atuais desafios ambientais e econômicos.
Uma política pública estruturante, com metas e responsabilidade
O Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq), protocolado como Projeto de Lei 892/2025, propõe uma virada de chave. Diferente de medidas pontuais ou benefícios fiscais sem contrapartidas, o Presiq estabelece um novo marco: uma política pública com metas claras, estímulos vinculados ao desempenho produtivo e compromisso com a sustentabilidade.
A proposta prevê linhas de crédito condicionadas ao uso de insumos menos poluentes e à ampliação da capacidade instalada. Segundo projeções da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), a medida pode levar a indústria a operar com até 95% da sua capacidade produtiva até 2029. Isso se traduz em um impacto direto e indireto de R$112 bilhões sobre o PIB e na geração de até 1,7 milhão de empregos em toda a cadeia.
Mais do que isso, o programa cria um ambiente favorável ao planejamento estratégico do setor a médio e longo prazo, sinalizando que o país está comprometido em fortalecer sua base industrial por meio de instrumentos modernos, técnicos e alinhados às demandas globais.
Sustentabilidade como estratégia de desenvolvimento
O Brasil reúne condições únicas para liderar uma reindustrialização de baixo carbono. A indústria química nacional emite de 5 a 51% menos CO₂ por tonelada produzida em comparação a concorrentes internacionais, graças a uma matriz energética composta por 82,9% de fontes renováveis - no mundo, essa média é de 28,6%., além dos processos mais limpos e histórico de investimentos em eficiência.
O Presiq reconhece e potencializa esse diferencial. Ao incentivar o uso de matérias-primas como o gás natural, a substituição de insumos fósseis e a adoção de tecnologias sustentáveis, o programa fortalece ainda a posição do Brasil em um mundo que exige rastreabilidade, menor pegada ambiental e responsabilidade socioeconômica. Temas como economia circular, inovação tecnológica e transição energética vêm pautando grandes fóruns internacionais, incluindo a COP30, evento que reforça a necessidade de políticas públicas com capacidade real de entrega.
O Presiq conecta essa ambição à realidade produtiva do país. Ele transforma vocações ambientais em vantagem industrial, gera valor agregado, reduz emissões e coloca a indústria nacional em sintonia com os mercados que mais crescem.
Impacto econômico: muito além de uma política setorial
O Presiq não é apenas uma política ambiental ou industrial. Trata-se de uma estratégia econômica ampla que fortalece a base produtiva do Brasil, promove autonomia e gera recursos essenciais para o desenvolvimento sustentável do país.
Além do impacto sobre o PIB e na geração de empregos diretos e indiretos, o programa pode proporcionar uma arrecadação adicional de aproximadamente R$65,5 bilhões em tributos federais, consolidando sua importância para as finanças públicas. Ao fortalecer as cadeias produtivas locais e reduzir a dependência de insumos importados, o Presiq cria um efeito multiplicador na economia, ampliando a competitividade e a inovação em diversos setores estratégicos.
O Presiq vai além de um programa setorial: é um marco estrutural para a economia brasileira, conectando inovação, sustentabilidade e competitividade.
Adiar custa caro. Aprovar é uma decisão estratégica
A aprovação do Presiq é uma escolha política, que impacta diretamente na nossa capacidade de competir, empregar, inovar e crescer com autonomia. Adiar essa decisão é prolongar a estagnação de um setor estratégico e abrir ainda mais espaço à dependência externa.
Ao transformar discurso ambiental em ação industrial, o Brasil dá um passo concreto rumo a um novo modelo de desenvolvimento, que combina soberania produtiva, dinamismo econômico e compromisso com o futuro.
O país tem as condições. O setor está pronto. O mundo está atento. O Presiq é uma oportunidade de agir à altura do que o Brasil pode — e precisa — ser.
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