Trump ameaça sobretaxa de 10% a países alinhados ao BRICS
Crítica ao protecionismo e papel do BRICS como herdeiro dos Países Não Alinhados despertam fúria de Trump
247 - Em meio à cúpula do BRICS que acontece no Rio de Janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a tensionar o cenário internacional ao ameaçar impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que, segundo ele, se alinhe às "políticas antiamericanas" do bloco. As declarações de Trump foram feitas poucas horas após a abertura oficial do encontro dos líderes dos BRICS, no último domingo (6), e divulgadas em sua conta no Truth Social.
"Qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas dos BRICS pagará uma tarifa ADICIONAL de 10%. Não haverá exceções a essa política. Obrigado pela atenção!", escreveu o presidente norte-americano, sem detalhar quais seriam essas políticas ou quais nações estariam na mira das sanções.
Em comunicado conjunto divulgado no primeiro dia da cúpula, os BRICS alertaram que o aumento de tarifas unilaterais ameaça o comércio global e agrava a fragmentação econômica no mundo. Embora sem citar diretamente Trump ou os Estados Unidos, o texto deixa clara a insatisfação do bloco com as medidas protecionistas e o unilateralismo promovido por Washington.
A cúpula do BRICS deste ano acontece em um momento de significativa expansão do grupo. Além dos membros fundadores — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, o bloco agora inclui Egito, Etiópia, Indonésia, Irã e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita adiou sua adesão formal, mas pelo menos outras 30 nações manifestaram interesse em integrar o BRICS, seja como membros plenos ou parceiros estratégicos.
Na cerimônia de abertura, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva destacou o papel do bloco como herdeiro político do Movimento dos Países Não Alinhados, criado durante a Guerra Fria como alternativa às disputas entre as grandes potências.
"O BRICS é o herdeiro do Movimento dos Países Não Alinhados", afirmou Lula diante dos líderes. "Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque."
O líder brasileiro também alertou para os riscos do crescente protecionismo global e ressaltou a força econômica e demográfica do bloco, que hoje representa mais da metade da população mundial e cerca de 40% do Produto Interno Bruto global.
O comunicado dos BRICS também condenou o recente ataque à infraestrutura civil e a instalações nucleares pacíficas do Irã, classificando o episódio como uma "violação do direito internacional". Além disso, expressou "grande preocupação" com os ataques de Israel à Faixa de Gaza e repudiou o que chamou de "ataque terrorista" ocorrido na Caxemira, administrada pela Índia.
Outro ponto de destaque foi o anúncio de apoio à adesão da Etiópia e do Irã à Organização Mundial do Comércio, acompanhado de um apelo para o fortalecimento do sistema de resolução de disputas da entidade.
No âmbito financeiro, o bloco avançou na criação de um mecanismo de Garantias Multilaterais dentro do Novo Banco de Desenvolvimento, com o objetivo de reduzir os custos de financiamento e ampliar os investimentos entre os países membros.
As discussões sobre inteligência artificial também ganharam espaço na agenda. Em declaração específica, os líderes do BRICS defenderam a criação de salvaguardas para evitar o uso indevido de IA, proteger dados pessoais e garantir mecanismos de remuneração justa.
A realização da cúpula do BRICS no Brasil ocorre em um momento de afirmação dos interesses dos países em desenvolvimento. O bloco, que nasceu como uma aliança econômica, vem se consolidando cada vez mais como uma alternativa diplomática e geopolítica, principalmente para as nações do Sul Global.
Enquanto isso, os Estados Unidos, sob o governo Trump, apostam no isolamento e em medidas punitivas, como as tarifas anunciadas neste fim de semana. As declarações do presidente norte-americano, além de aumentar o clima de incerteza, demonstram que os EUA percorrem o caminho do aumento das tensões, com a guerra comercial e medidas de oposição à multipolaridade.
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