Sudão do Sul volta atrás e aceita homem deportado pelos EUA após impasse diplomático
Makula Kintu havia sido recusado após apresentar documento de identidade falso; governo sul-sudanês reverteu decisão citando relação amistosa com os EUA
247 - O governo do Sudão do Sul decidiu autorizar a entrada do cidadão identificado como Makula Kintu, deportado pelos Estados Unidos, após inicialmente negar seu desembarque sob a alegação de que ele não era nacional sul-sudanês. A informação foi divulgada pela CNN nesta sexta-feira (11), em meio a uma escalada nas tensões diplomáticas provocada por um veto geral a vistos imposto por Washington aos cidadãos sul-sudaneses.
Em um comunicado que representou uma reviravolta na condução do caso, o Ministério das Relações Exteriores do Sudão do Sul afirmou que a admissão de Kintu ocorre “no espírito das relações amistosas entre o Sudão do Sul e os Estados Unidos”.
A medida vem após o presidente norte-americano Donald Trump, em seu segundo mandato iniciado em janeiro de 2025, intensificar políticas de repressão à imigração. No último sábado, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou a suspensão de concessão de vistos a cidadãos do Sudão do Sul, alegando a recusa do país africano em aceitar deportados “de maneira oportuna”.
O Sudão do Sul, país mais jovem do mundo e um dos mais pobres, enfrenta atualmente conflitos armados em sua região norte que ameaçam reacender uma nova guerra civil.
Documento falso e deportação suspensa
Segundo o governo sul-sudanês, Makula Kintu chegou no sábado ao Aeroporto Internacional de Juba, capital do país, utilizando um documento de viagem sul-sudanês em nome de Nimeri Garang. No entanto, verificações conduzidas pelas autoridades locais comprovaram que o homem não era Garang, mas sim Kintu, cidadão da vizinha República Democrática do Congo (RDC).
“Ele (Kintu) não foi admitido (no Sudão do Sul) e foi subsequentemente devolvido ao país de envio (EUA) para novo processamento”, afirmou o ministério.
As autoridades sul-sudanesas ressaltaram ainda que aguardam a chegada do verdadeiro Nimeri Garang, cujo processo de deportação já foi informado ao país pela embaixada do Sudão do Sul em Washington. A previsão é que Garang desembarque em Juba no próximo mês.
Histórico migratório e nova tentativa
O Ministério das Relações Exteriores do Sudão do Sul detalhou que, de acordo com o Departamento de Segurança Interna dos EUA, Kintu entrou nos Estados Unidos em 2003, saiu voluntariamente em 2009 com destino à RDC e retornou ilegalmente ao país norte-americano em 10 de julho de 2016.
Durante a entrevista feita pelas autoridades de imigração no aeroporto de Juba, no último sábado, Kintu afirmou ser da etnia Ema, proveniente da província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, e declarou que foi levado ao Sudão do Sul contra sua vontade.
Apesar do imbróglio, o governo sul-sudanês anunciou nesta terça-feira que autorizará a entrada de Kintu em novo voo previsto para esta quarta-feira.
“O Governo da República do Sudão do Sul permanece comprometido em apoiar o retorno de nacionais sul-sudaneses verificados que estejam programados para deportação pelos Estados Unidos”, finalizou o comunicado.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: