Socialista Zohran Mamdani derrota Andrew Cuomo e assume favoritismo à prefeitura de Nova York

247 - O deputado estadual Zohran Mamdani, de 33 anos, surpreendeu ao liderar com folga a primária democrata para a prefeitura de Nova York, superando o ex-governador Andrew Cuomo em uma disputa marcada por contrastes geracionais, ideológicos e históricos. 

Autodeclarado socialista democrata, Mamdani obteve 43,5% dos votos contra 36,4% do veterano Cuomo, com quase 95% das urnas apuradas, segundo o Conselho Eleitoral da cidade.

Em um breve pronunciamento após o encerramento da votação, Cuomo, de 67 anos, admitiu a derrota e declarou: “Esta noite é a noite dele”, confirmando que já havia telefonado para parabenizar Mamdani.

O resultado, ainda não definitivo devido ao sistema de votação ranqueada utilizado na cidade, já aponta uma vitória praticamente irreversível para Mamdani, especialmente diante do apoio cruzado com o terceiro colocado Brad Lander, que incentivou seus eleitores a classificarem Mamdani como segunda opção.

Em discurso transmitido pela ABC7, Mamdani comemorou: “Hoje... com a visão da cidade que todo nova-iorquino pode pagar, nós vencemos”. O parlamentar prometeu enfrentar as políticas do presidente Donald Trump e afirmou que pretende “governar nossa cidade como um modelo para o Partido Democrata”.

Conflito de visões no partido

A disputa entre Mamdani e Cuomo foi interpretada como um termômetro para o futuro do Partido Democrata, num cenário pós-segundo mandato do presidente republicano Donald Trump. De um lado, Cuomo, com histórico de governança centrista e apoio de nomes como Bill Clinton e Michael Bloomberg. Do outro, Mamdani, progressista, recém-chegado ao cenário político municipal e apoiado por ícones como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez.

Natural de Uganda, de ascendência indiana e residente no Queens, Mamdani seria o primeiro prefeito muçulmano da maior cidade dos Estados Unidos. Seu histórico inclui ativismo pró-Palestina e uma plataforma centrada na acessibilidade urbana e no rompimento com práticas políticas tradicionais.

Cuomo, que renunciou ao governo em 2021 após acusações de assédio sexual — que ele nega — tentou se reposicionar como alternativa experiente. Entretanto, o desgaste público ainda pesa. “Não vou votar em um homem que é acusado de forma crível de molestar mulheres”, afirmou Leah Johanson, de 39 anos, ao justificar sua escolha por Mamdani.