Potências ocidentais mentiram sobre o programa nuclear do Irã, diz enviado da Rússia na ONU
Enviado russo à ONU afirma que alegações ocidentais não têm respaldo da Agência Internacional de Energia Atômica
247 - Em pronunciamento contundente no Conselho de Segurança da ONU nesta terça-feira (24), o embaixador da Rússia, Vassily Nebenzia, acusou os Estados Unidos e Israel de espalharem desinformação sobre o programa nuclear do Irã. Segundo o diplomata, as alegações de que Teerã estaria desenvolvendo armas nucleares não se sustentam e foram utilizadas como pretexto para os recentes ataques contra o país persa. As informações são da agência RT.
Nebenzia condenou as ofensivas, que atingiram instalações nucleares iranianas, classificando-as como ilegais e uma grave ameaça à segurança internacional. “Esses ataques criaram uma ameaça real de contaminação radioativa”, advertiu o representante russo.
O diplomata ressaltou que os próprios relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) comprovam a inexistência de indícios de que o Irã esteja direcionando seu programa nuclear para fins militares. “Queremos enfatizar que em nenhum lugar dos relatórios da AIEA há qualquer menção ao Irã convertendo seus estoques nucleares para fins militares ou não declarados”, afirmou Nebenzia.
De acordo com o enviado russo, todas as acusações em sentido contrário feitas pelas potências ocidentais carecem de fundamento técnico e têm como objetivo enganar públicos desinformados ou despreparados sobre o tema. “O ataque ao Irã é mais uma tentativa de legitimar o uso da força fora da estrutura da Carta da ONU”, denunciou.
A polêmica em torno do programa nuclear iraniano ganhou novos contornos após o ataque ao centro de tecnologia nuclear de Isfahan, em 22 de junho, cujas imagens de satélite revelaram a extensão dos danos provocados pelos bombardeios dos EUA e de Israel. Desde então, o clima de tensão na região só aumentou.
Ainda na semana passada, o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, declarou em entrevista à Sky News que não há evidências de “qualquer esforço sistemático” do Irã para fabricar armas nucleares. Contudo, Grossi reconheceu que o enriquecimento de urânio a níveis de 60% pelo Irã é motivo de “preocupação”, embora esteja longe do patamar necessário para a fabricação de armamento atômico.
Apesar das conclusões da AIEA, Israel mantém o discurso de que as ações militares têm caráter preventivo. O enviado israelense à ONU, Danny Danon, voltou a justificar os ataques durante uma coletiva de imprensa em Nova York nesta terça-feira. “Os ataques israelenses, que começaram em 13 de junho, tinham como objetivo impedir que o Irã adquirisse armas nucleares”, reiterou Danon.
O governo iraniano, por sua vez, nega categoricamente a existência de um programa nuclear militar e classificou os ataques como um ato de agressão e violação da soberania nacional. Teerã também anunciou que pretende reduzir o nível de cooperação com a AIEA em retaliação às ofensivas.
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