Rubin Observatory é inaugurado no Chile e registra maior varredura inicial do céu já feita por um telescópio
Telescópio já identificou milhões de estrelas, galáxias e asteroides em apenas dez horas de testes iniciais
247 - O Observatório Vera C. Rubin, localizado no Cerro Pachón, no Chile, divulgou nesta segunda-feira (23) suas primeiras imagens científicas, marcando o fim da etapa de construção e o início da fase de comissionamento. A informação foi publicada pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos (NSF), uma das financiadoras do projeto, ao lado do Departamento de Energia (DOE).
Durante pouco mais de dez horas de observações de teste, o observatório captou imagens de milhões de estrelas da Via Láctea, galáxias distantes e milhares de asteroides. Os dados foram gerados pela Câmera LSST, considerada a maior câmera digital já construída, com peso de 2.800 quilos e capacidade de registrar uma área equivalente a 45 luas cheias por imagem.
O Rubin foi projetado para executar, a partir do segundo semestre de 2025, o Levantamento de Legado do Espaço e do Tempo (LSST, na sigla em inglês). O objetivo é escanear todas as noites o céu do hemisfério sul por um período de dez anos, criando um registro de lapso temporal de altíssima resolução e larga escala sobre o universo observável.
Dados em larga escala e foco em matéria escura
Estima-se que o Rubin gerará 20 terabytes de dados por noite, com um total acumulado de aproximadamente 500 petabytes ao final da década de operação. O banco de dados conterá bilhões de objetos celestes e trilhões de medições. De acordo com a NSF, essa quantidade de informações supera a soma de todos os dados já produzidos por telescópios ópticos anteriores.
A missão científica do Rubin é voltada principalmente à investigação da matéria escura e da energia escura, componentes que representam 95% do universo e cuja natureza permanece desconhecida. O nome do observatório homenageia a astrônoma norte-americana Vera C. Rubin, responsável pelas primeiras evidências empíricas da matéria escura nos anos 1970.
Além disso, o observatório será um dos principais instrumentos para detectar objetos do Sistema Solar. A previsão é de que ele identifique milhões de asteroides, cometas e objetos interestelares, contribuindo também para a defesa planetária ao permitir o rastreamento de corpos que possam representar risco à Terra.
Operação conjunta e participação pública
O Rubin é operado de forma conjunta pelo NOIRLab, vinculado à NSF, e pelo Laboratório Nacional SLAC, ligado ao DOE. A Câmera LSST foi desenvolvida no SLAC, na Califórnia, e representa o núcleo tecnológico do projeto. O diretor do projeto da câmera, Aaron Roodman, afirmou: “Assim como com a câmera do seu celular, é finalmente hora de apontar e disparar — nossa ciência começa agora”.
O lançamento das primeiras imagens foi acompanhado por mais de 300 eventos públicos ao redor do mundo, promovidos por planetários, museus, universidades, escolas e sociedades astronômicas. Além disso, o observatório lançou o aplicativo SkyViewer, que permite explorar imagens com navegação guiada ou livre, além de oferecer uma versão sonora interativa das imagens, por meio de sonificação dos dados visuais.
A equipe de construção, liderada por Željko Ivezić, declarou que o marco representa a conclusão de mais de duas décadas de trabalho. A vice-diretora Sandrine Thomas acrescentou: “Ainda temos alguns meses de testes importantes pela frente, mas tudo o que aprendemos agora nos aproxima das operações científicas plenas”.
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