Moedas nacionais libertam BRICS da pressão ocidental, diz ministro das finanças russo
O uso de moedas locais fortalece o bloco frente às sanções do Ocidente e garante maior estabilidade no comércio entre os países do BRICS
247 - Durante a 17ª cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, afirmou que a utilização de moedas nacionais nas transações comerciais entre os países do bloco tem se consolidado como uma alternativa robusta às instituições financeiras ocidentais, frequentemente utilizadas como instrumentos de pressão política, informa o site russo RT. .
Segundo Siluanov, a adoção crescente das moedas locais nas operações comerciais entre os membros dos BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — se intensificou após as sanções impostas à Rússia em decorrência da operação militar especial na Ucrânia, iniciado em 2022. Como resposta ao congelamento de reservas russas em dólares e euros, o bloco acelerou seus esforços para reduzir a dependência das moedas ocidentais.
“A liquidação de transações em moedas nacionais provou sua confiabilidade e independência de instituições de crédito ocidentais que, a qualquer momento, como se viu, podem suspender os pagamentos”, declarou o ministro russo.
Siluanov acrescentou que os países do BRICS estão construindo uma rede de bancos confiáveis com ligações diretas de correspondência, evitando os sistemas financeiros controlados por países que impuseram sanções. Para ele, expandir essa rede é essencial para garantir o fluxo contínuo do comércio e assegurar liquidações comerciais seguras.
A pauta foi discutida também em uma reunião entre os governadores do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição criada pelos BRICS em 2015 para financiar projetos em países em desenvolvimento. O ministro russo destacou que Moscou está pronta para propor mecanismos que mitiguem os riscos impostos pelas sanções.
“Tais mecanismos não envolveriam infraestrutura financeira ocidental ou liquidação em moedas dos países que impuseram sanções à Rússia e protegeriam o Novo Banco de Desenvolvimento de possíveis riscos”, afirmou Siluanov.
Como exemplo do sucesso dessa estratégia, o ministro citou o comércio com a China. O volume de negócios entre os dois países alcançou US$ 245 bilhões em 2023, com quase todas as transações sendo realizadas em rublos e yuans.
Desde a exclusão dos principais bancos russos do sistema SWIFT, há dois anos, Moscou e seus parceiros comerciais têm buscado alternativas para reduzir sua vulnerabilidade ao sistema financeiro dominado pelo Ocidente. Entre essas medidas estão o uso de sistemas de mensagens monetárias próprios e a adoção sistemática de moedas nacionais.
A ampliação do BRICS é reflexo do crescente interesse internacional pelo bloco, com mais de 30 países manifestando formalmente o desejo de adesão. Em resposta, o BRICS criou o status de "país parceiro", anunciado durante a cúpula de Kazan, na Rússia.
A estratégia de desdolarização e fortalecimento de mecanismos financeiros autônomos vem ganhando tração não apenas por razões políticas, mas também como resposta pragmática às limitações e riscos do sistema financeiro global atual. A fala de Siluanov reforça o movimento crescente entre os países do Sul Global pela construção de uma nova ordem econômica internacional, mais equitativa e multipolar.
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