Folha manda Tarcísio se decidir se é capacho de Trump ou defensor do Brasil
Jornal afirma que o governo Lula “tem se portado bem” diante da agressão trumpista e que o país “não deve abrir mão de seus poderes de retaliar
247 - Em editorial publicado nesta quarta-feira (10), a Folha de S. Paulo rechaça duramente a tentativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de intimidar o Brasil com ameaças de tarifas comerciais como forma de interferir no julgamento de Jair Bolsonaro (PL). Para o jornal, trata-se de uma “chantagem rasteira” que não deve surtir efeito sobre um Poder Judiciário soberano e independente. “Cogitar de que o Judiciário de uma nação soberana e democrática, que opera com independência, deixará de processar quem quer que seja para livrar o país de retaliações econômicas dos Estados Unidos não passa de devaneio autoritário”, afirma o texto.
A manifestação de Trump, segundo a Folha, pode até ter como objetivo fortalecer Bolsonaro no julgamento em que ele é acusado de tramar um golpe de Estado, mas tende a fracassar. O jornal avalia que, se a intenção do presidente norte-americano era apoiar também o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a eleição de 2026, o efeito pode ser justamente o oposto. A tentativa de interferência externa apenas agrava a situação do ex-presidente brasileiro perante a Justiça e a opinião pública.
O editorial aponta que, ao ameaçar impor tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, Trump atinge diretamente setores estratégicos da economia nacional, provocando prejuízos concretos a empresas e trabalhadores. Isso torna politicamente insustentável para lideranças locais se alinharem a esse tipo de ameaça. “Vai ser difícil ficar do lado de quem patrocina uma agressão estrangeira à soberania e aos empregos brasileiros”, pontua a Folha.
Nesse contexto, o jornal cobra posicionamento claro de figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Para a Folha, Tarcísio deve decidir se continuará se submetendo aos interesses de Bolsonaro e Trump ou se passará a defender os interesses dos exportadores paulistas e da soberania nacional. “Ou bem Tarcísio defende os exportadores paulistas e a soberania brasileira ou continua posando de joguete de boné de um agressor estrangeiro e da família Bolsonaro”, alfineta o editorial.
Mentiras, incoerências e bravatas - A carta enviada por Donald Trump para justificar o ataque comercial é, segundo o texto, “repleta de mentiras e incoerências”. A Folha argumenta que o Brasil não contribui para o déficit comercial dos EUA — ao contrário, os Estados Unidos têm superávit na balança com o Brasil há anos. Além disso, Trump se diz defensor da liberdade de expressão no Brasil, mas “lá manda deportar quem emite opiniões consideradas erradas pela Casa Branca”.
O jornal lembra ainda que Trump tem um histórico de bravatas não cumpridas, com ameaças tarifárias que não saem do papel e que, se efetivadas, causariam grandes danos à própria economia norte-americana. “Se trata de um imposto sobre os seus consumidores”, pontua a Folha.
Governo Lula mantém postura equilibrada - A publicação elogia a resposta do governo brasileiro à ameaça, considerando-a “sóbria” e estratégica. Ressalta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agido com “sangue frio” diante da investida norte-americana. Apesar de ter poderes para retaliar, conferidos por legislação recente aprovada pelo Congresso Nacional, o governo Lula prefere utilizar tais instrumentos apenas em situações extremas.
“Insistir em demonstrar às contrapartes norte-americanas que não há nenhuma razão econômica para a invectiva contra o Brasil continua a ser a linha de ação mais indicada”, recomenda a Folha, destacando que o tempo tende a jogar a favor do Brasil e dos demais países que sofrem com as “bravatas das guerras comerciais de Donald Trump”.
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