Embaixador da Palestina no Brasil diz esperar que cessar-fogo em Gaza "seja de verdade"

247 - O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, afirmou nesta quarta-feira (2) que mantém a esperança de que o cessar-fogo negociado entre Israel e o Hamas seja efetivo e abra caminho para o fim do genocídio na Faixa de Gaza. A declaração foi feita em entrevista à Folha de S.Paulo, durante participação em uma sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem ao povo palestino.

“Nós esperamos que este cessar-fogo seja de verdade, que se cumpra, porque já são quase dois anos de sofrimento, sacrifício e destruição”, disse Alzeben à reportagem. O diplomata ressaltou que, na sua avaliação, apenas a influência internacional, especialmente a dos Estados Unidos, pode tornar o acordo possível. “Quem pode realmente impor um cessar-fogo e pôr fim a este genocídio, são os Estados Unidos. Realmente esperamos que esta superpotência esteja à altura de sua posição”, acrescentou.

Alzeben voltou a criticar o governo de Israel, comandado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, e afirmou que o Estado israelense sistematicamente nega os direitos do povo palestino. “Não temos nenhuma esperança de que o Estado de Israel, especialmente este governo atual, vá recuar. A não ser por pressão internacional, especialmente da Europa e dos Estados Unidos”, declarou.

O embaixador também agradeceu o apoio diplomático do Brasil à causa palestina e demonstrou expectativa quanto à nova rodada de negociações marcada para começar neste sábado (5), nos Estados Unidos. Segundo ele, o encontro pode ser uma oportunidade para discutir não apenas o cessar-fogo, mas também a criação efetiva de um Estado palestino soberano.

Na terça-feira (1º), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que Israel aceitou, em princípio, os termos de um cessar-fogo de 60 dias apresentados pelos mediadores internacionais. Apesar do anúncio, o premiê israelense Binyamin Netanyahu segue resistindo ao acordo. Em discurso no mesmo dia, Netanyahu voltou a dizer que o fim do Hamas é uma condição inegociável para o encerramento dos ataques.

O genocídio em Gaza, iniciado em outubro de 2023, já deixou mais de 56 mil palestinos mortos, segundo dados divulgados por autoridades locais e organismos internacionais. A proposta de cessar-fogo apresentada por Trump será discutida com o Catar e o Egito, países que atuam como mediadores no processo. Até o momento, o Hamas informou que está analisando os termos do acordo e não deu uma resposta definitiva.