Cúpula do BRICS termina hoje despertando grandes expectativas no mundo

247 - A 17ª Cúpula do BRICS chega ao fim nesta segunda-feira (7) no Brasil com um apelo contundente pela reforma das instituições de governança global e o fortalecimento do multilateralismo, em um momento de grave crise do sistema internacional.

O encontro, sediado no Rio de Janeiro, reúne líderes dos 11 países que compõem o bloco — Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e os novos membros admitidos no último ano — num esforço conjunto para impulsionar uma agenda de maior representatividade do Sul Global e enfrentar os desafios políticos, econômicos e ambientais que marcam o cenário mundial.

As atividades deste segundo e último dia começaram às 8h45 com a tradicional foto oficial dos chefes de Estado e de governo, além de representantes de países parceiros e convidados com compromissos externos. Na sequência, realiza-se a sessão plenária dedicada a temas de interesse global. 

O primeiro dia do fórum foi concluído com a adoção da Declaração do Rio de Janeiro, um documento extenso que sintetiza as posições políticas do BRICS sobre temas sensíveis da agenda internacional.

Entre os principais pontos, o texto condena a escalada da guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, critica a violência no Oriente Médio e cobra reformas profundas nas Nações Unidas, no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional.

Os líderes do BRICS ressaltaram que o atual sistema multilateral, concebido no pós-guerra, já não reflete as realidades políticas e econômicas do século 21. Por isso, defenderam uma “reforma abrangente” da ONU, com ênfase na modernização do Conselho de Segurança, para que se torne mais democrático, representativo e eficaz.

“O documento deixa claro que países em desenvolvimento, especialmente da África, América Latina e Caribe, precisam ter maior participação nas decisões globais”, destacou um diplomata brasileiro que acompanha as negociações, segundo a Prensa Latina.

Outro tema central foi o genocíd perpetrado por Israel na Palestina. A declaração reafirma o apoio do bloco a uma solução de dois Estados, baseada em fronteiras internacionalmente reconhecidas. Para os líderes do BRICS, esse é o “único caminho” para alcançar a paz e a estabilidade duradoura na região.

Na área econômica, o bloco reforçou a prioridade de ampliar o uso de moedas locais nas transações comerciais entre os países-membros, como forma de reduzir a dependência do dólar e fortalecer as economias nacionais.

O fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos BRICS, e do Arranjo Contingente de Reservas também foi destacado como essencial para aumentar a autonomia financeira do grupo e oferecer alternativas ao sistema financeiro tradicional, dominado pelas potências ocidentais.

Diante da crescente crise climática, os líderes reafirmaram o compromisso com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma iniciativa destinada a preservar a biodiversidade e apoiar uma transição ecológica justa, com financiamento climático compartilhado.

A cooperação em inovação tecnológica também foi priorizada. Os países concordaram em intensificar parcerias em áreas estratégicas como inteligência artificial, segurança cibernética, ciência e infraestrutura digital.

Criado em 2009 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o BRICS ampliou sua composição nos últimos anos e, segundo a declaração, reafirma-se como uma força coletiva que defende uma ordem internacional mais justa, inclusiva e multipolar.

Os participantes concluíram que, em meio ao colapso do sistema multilateral tradicional e à fragmentação geopolítica, o BRICS representa uma plataforma essencial para promover o diálogo, a cooperação e soluções concretas aos desafios globais, a partir de uma perspectiva de solidariedade e respeito mútuo.