China promove paz e diversidade com diálogo global entre civilizações
Editorial do Global Times destaca Reunião Ministerial em Pequim como resposta à fragmentação global e instrumento de construção de um mundo multipolar
247 - Em editorial publicado nesta quinta-feira (10), o jornal chinês Global Times destacou a relevância histórica e política da Reunião Ministerial do Diálogo Global de Civilizações, que ocorre em Pequim entre os dias 10 e 11 de julho. Segundo o veículo, o evento — que reúne mais de 600 convidados de 140 países e regiões — ocorre em um momento decisivo para a humanidade e representa uma resposta contundente aos desafios impostos pelas transformações globais, pelos conflitos geopolíticos e pela crise de identidade cultural que afeta diversos países.
O editorial dá destaque à mensagem enviada pelo presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista da China, Xi Jinping, que reforçou o compromisso da China com os princípios de igualdade, diálogo e inclusão. "Em um mundo onde transformações e turbulências se entrelaçam e a humanidade se encontra em uma nova encruzilhada, há uma necessidade cada vez mais premente de que as civilizações transcendam o distanciamento por meio de intercâmbios e os conflitos por meio do aprendizado mútuo", afirmou o líder chinês.
Xi também reiterou que a China trabalhará em conjunto com outras nações para implementar a Iniciativa de Civilização Global (ICG), cuja missão é fortalecer os laços civilizacionais como base para a construção de um novo modelo de desenvolvimento e segurança globais.
De acordo com o Global Times, a reunião em Pequim representa um desdobramento concreto do Acordo de Cooperação Global e coincide com a recente criação, pela ONU, do Dia Internacional para o Diálogo entre Civilizações, celebrado pela primeira vez em 10 de junho. O editorial aponta que o mundo vive uma crise sistêmica marcada por tensões geopolíticas crescentes, avanço do unilateralismo e protecionismo, e aumento das desigualdades sociais e culturais. Nesse cenário, a promoção do diálogo entre civilizações aparece como um antídoto contra a fragmentação e os conflitos.
“O diálogo e o aprendizado mútuo entre civilizações não são apenas pontes cruciais que conectam diversas nações, etnias e religiões, mas também chaves essenciais para a resolução pacífica de conflitos, a superação de divisões e a busca conjunta pelo desenvolvimento”, afirma o editorial.
Ao advertir que muitos dos atuais pontos de tensão global envolvem, em sua raiz, choques de valores, narrativas e visões de mundo, o Global Times defende que o entendimento intercultural é tão essencial quanto o diálogo político ou econômico. “As guerras geralmente começam com mal-entendidos, enquanto a paz se baseia no entendimento”, destaca o texto.
Civilizações em pé de igualdade
O jornal ressalta que a civilização chinesa, por sua longa trajetória de intercâmbio e abertura, compreende profundamente os efeitos positivos da convivência entre diferentes formas de cultura. Citando um antigo pensamento filosófico — “todos os seres vivos podem crescer lado a lado sem prejudicar uns aos outros, e diferentes estradas podem correr em paralelo sem interferir umas nas outras” — o editorial defende a coexistência pacífica de civilizações com diferentes origens e caminhos.
“O diálogo entre civilizações fornece um ponto de partida conceitual: diferentes civilizações podem inspirar umas às outras com base em suas experiências únicas de desenvolvimento”, sustenta o jornal. Segundo a análise, esse espírito pluralista é vital sobretudo para os países do Sul Global, que enfrentam desafios como desigualdade no acesso às novas tecnologias e riscos de marginalização nos rumos da modernização global.
Multipolaridade e novas referências de desenvolvimento
O Global Times argumenta que a ascensão da multipolaridade no cenário internacional exige uma nova forma de pensar as relações entre os povos — baseada não na hierarquia civilizacional, mas na coexistência de valores. “Existem apenas civilizações diferentes, não civilizações superiores ou inferiores”, afirma o editorial, apontando esse princípio como fundamento de uma nova ordem internacional mais democrática e inclusiva.
O texto observa ainda que, se a globalização econômica promoveu uma interconexão de mercados, o diálogo entre civilizações pode criar uma “conectividade de valores” que favoreça a paz e a solidariedade. Esse intercâmbio, argumenta o jornal, pode transformar disputas ideológicas em cooperação mútua, e fazer frente às tentativas de imposição de valores por parte de grandes potências, como os Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump, que tem defendido uma visão nacionalista e unilateral da ordem mundial.
China como promotora da convivência global
Além de acolher o evento ministerial, a China organizou, ao longo das últimas semanas, uma série de atividades culturais em Xangai, Zhejiang, Shandong, Shaanxi e Gansu, nas quais representantes estrangeiros puderam vivenciar a síntese entre tradição e modernidade da civilização chinesa.
De acordo com o Global Times, essa abertura reflete a disposição do país em se engajar de forma ativa e construtiva com as demais civilizações. “Sediar um diálogo de alto nível entre civilizações demonstra a sincera disposição da China em interagir com diversas civilizações globais”, afirma o editorial, acrescentando que o país continuará, no âmbito do GCI, a fomentar a cooperação internacional baseada no respeito mútuo, no entendimento intercultural e no desenvolvimento comum.
Por fim, o texto sublinha que quanto mais caótico se torna o cenário internacional, mais necessário se torna valorizar o poder transformador das civilizações. “Construir pontes em tempos de dilaceramento mundial é precisamente a atratividade e o profundo significado desse diálogo”, conclui o editorial, deixando claro o compromisso chinês com um mundo multipolar e harmonioso, sustentado pela diversidade e pelo respeito entre os povos.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: