Celso Amorim confia que sucessor de Francisco manterá prioridade à paz
Assessor especial de Lula para Política Externa destaca legado do papa e acredita que seu sucessor manterá a mesma orientação
247 - O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, declarou confiar que o próximo papa manterá o compromisso com a paz e as causas sociais, independentemente de ser considerado conservador ou progressista. A declaração foi publicada pela Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (21).
Amorim, que foi chanceler nos governos de Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltou a relevância histórica e simbólica da Igreja Católica como promotora da paz mundial. "A Igreja Católica é muito importante como uma inspiração a favor da paz. Se puder falar de desigualdade e sustentabilidade também, melhor. Confio que o sucessor do papa Francisco vai manter esse discurso", afirmou o embaixador à reportagem.
O diplomata relembrou a firme oposição do papa João Paulo 2º à guerra do Iraque, em 2003, como exemplo de como pontífices tidos como mais conservadores também podem desempenhar um papel relevante na promoção da paz. "Sobre quem vai ser o próximo papa, deixo para o Espírito Santo decidir. Mas não acho necessariamente que será um conservador. O papa Paulo 6º sucedeu outro progressista [João 23], por exemplo", completou Amorim.
Celso Amorim teve encontros com o papa Francisco ao longo dos últimos anos. Em 2018, entregou pessoalmente ao pontífice um livro que abordava o processo de condenação do então ex-presidente Lula, preso na época. Francisco respondeu com um bilhete solidário ao petista. Amorim recorda com respeito a posição do papa sobre o uso indevido do sistema judiciário com fins políticos: “Foi muito importante a posição dele sobre o lawfare e o mal que isso fazia para a democracia na região. Ele era uma pessoa também profundamente democrata”.
Para Amorim, a afinidade entre Lula e Francisco se baseava em princípios compartilhados, como a justiça social e o cuidado com o meio ambiente. “A relação de Francisco com Lula foi muito próxima em razão dos temas que ambos priorizam, como o combate à pobreza”, afirmou.
Ele também destacou o papel do papa na convocação do Sínodo da Amazônia, realizado em 2019, que reuniu bispos e lideranças da região para discutir os desafios ambientais, sociais e espirituais da floresta. “O papa dizia sempre que a paz é possível. Também externou uma preocupação com o meio ambiente, convocou um Sínodo sobre a Amazônia. Ele tinha a força da oração, a força moral, mas também uma noção prática sobre como organizar as coisas”, disse.
A declaração de Amorim ocorre num momento de expectativa global após a morte do papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano da história, aos 88 anos. A sucessão papal será decidida em conclave nos próximos dias, e apesar das especulações sobre um possível giro conservador na Igreja, Amorim mantém o otimismo quanto à continuidade da agenda de paz e justiça social.
O diplomata encerra com uma mensagem de confiança no futuro da Igreja: "Independentemente de quem for eleito, a missão de Francisco criou raízes. O próximo papa encontrará uma base sólida para continuar falando aos pobres, aos que sofrem e aos que lutam pela dignidade humana".
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