“O governo foi sabotado quando a economia começou a dar certo”, diz Guido Mantega
Ex-ministro avalia que sabotagem liderada por Campos Neto e Congresso provocou alta do dólar, inflação e desgaste de Lula
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou que o governo Lula foi alvo de uma “sabotagem” quando os indicadores econômicos começaram a apresentar melhora, especialmente em 2024. Segundo ele, a ação teve como protagonistas o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e setores do Congresso Nacional.
“O governo mesmo estando amarrado conseguiu achar caminhos”, disse Mantega, ao comentar o desempenho positivo da economia mesmo com as restrições fiscais e políticas enfrentadas. Para o ex-ministro, o cenário começou a mudar quando a oposição percebeu que os números do governo Lula estavam melhorando. “Quando os adversários perceberam que o governo estava indo bem, a economia estava indo bem melhor do que eles imaginavam, aí deram um semi golpe”, declarou.
Mantega relatou que o presidente do Banco Central teria contribuído para desestabilizar o governo ao divulgar uma projeção de desequilíbrio fiscal, o que, segundo ele, afetou a credibilidade da política econômica. “Roberto Campos chegou e disse: ‘Porque tem desequilíbrio fiscal, a dívida vai subir’, puxou essa história. Aí começou a dizer: ‘A inflação vai subir’ porque teve muito gasto público — o que é mentira.”
O ex-ministro explicou que o impacto imediato dessas declarações foi a valorização do dólar e o aumento da inflação de alimentos. “Ele faz previsões que são aceitas pelo mercado. O mercado acreditou naquilo que ele falou e achou uma maneira de desgastar o governo.”
Mantega também comentou a derrubada do decreto que alterava as alíquotas do IOF, articulada por parlamentares. Ele classificou a medida como mais uma sabotagem. “Foi uma puxada de tapete que o Hugo Motta deu no governo”, disse, referindo-se à decisão de pautar a votação de surpresa em uma semana de festas juninas, quando a presença de deputados costuma ser mais baixa.
A estratégia do governo, segundo Mantega, era arrecadar R$ 20 bilhões com a mudança no IOF, uma medida que, por não depender do Congresso, havia sido adotada para evitar bloqueios políticos. “O IOF é prerrogativa do governo. Eu muitas vezes aumentei e baixei o IOF sem consultar ninguém”, afirmou. Ele, no entanto, reconheceu que houve falha na articulação política. “Acho que o governo aí não foi muito claro, devia ter negociado com os presidentes da Câmara e do Senado.”
O ex-ministro também defendeu a proposta atual da equipe econômica de cortar 10% dos subsídios fiscais, estimados em cerca de R$ 600 bilhões. “Quero ver o Congresso bancar isso. Tem que cortar na carne deles, nas emendas. Tem que ser linear.”
Na avaliação de Mantega, apesar das dificuldades, há sinais de melhora. “A inflação já está caindo, inclusive caiu o preço do arroz, do feijão, do ovo e até do café”, apontou. Ele previu que o efeito da revalorização do real deve ser sentido já nos próximos dois meses, ajudando a consolidar a recuperação econômica. “Isso vai aliviar um dos problemas do governo.”
Por fim, Mantega alertou que a condução da política monetária precisa de cuidado para não comprometer a retomada em 2026. “Se o Banco Central errar a mão, a gente entra em 2026 com a economia crescendo pouco e aí o presidente Lula perde a eleição.” Assista:
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