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“O BRICS não piscou diante de Donald Trump”, afirma Breno Altman

Segundo jornalista, bloco respondeu com firmeza à pressão dos EUA e reafirmou agenda contra-hegemônica apesar das ameaças do presidente norte-americano

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, posa para Fotografia de família dos Chefes de Estado e de Governo dos países-membros do BRICS (Foto: Ricardo Stuckert)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em análise ao Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman destacou o significado geopolítico da cúpula do BRICS realizada no Rio de Janeiro diante da retomada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Para Altman, o encontro marcou uma reação firme do bloco às ameaças norte-americanas e consolidou sua postura contra a hegemonia ocidental.

“O BRICS não piscou. Se o medo de alguns era esse, o BRICS não piscou”, afirmou. Segundo o jornalista, a reunião ocorreu em um momento decisivo: “É a primeira reunião do BRICS desde o início desse segundo mandato de Donald Trump. Portanto, ela tem um valor simbólico”.

Altman explicou que o conteúdo da declaração conjunta adotada no encontro foi “bastante contundente”, citando a denúncia dos ataques norte-americanos e israelenses contra o Irã — país que também integra o BRICS — e o reforço à agenda de desdolarização. Para ele, o texto reafirma a “necessidade de construir alternativas” ao domínio das potências ocidentais sobre o sistema financeiro e político internacional.

A resposta de Trump ao posicionamento do BRICS foi imediata. “Os jornais de hoje já estampam que ele fala em 10% de tarifa adicional para os países do BRICS que aderirem ao que ele considerou políticas anti-americanas”, relatou Altman, acrescentando que o presidente dos EUA vê com preocupação os avanços do bloco. Mesmo assim, enfatizou, “as posições especialmente da Rússia e da China são muito contundentes, e o discurso do presidente Lula também”.

Para o jornalista, o atual cenário internacional é marcado por uma polarização crescente, impulsionada pelos Estados Unidos. Ainda assim, Altman observa que os países do BRICS não recuaram diante da pressão. “Era possível se esperar, como hipótese, que os países do BRICS recuassem, que o BRICS tentasse algum acochamento com Donald Trump... Mas não foi o que aconteceu”.

Ao tratar da função estratégica do BRICS no cenário global, Altman argumentou que o bloco vem passando de uma articulação meramente econômica para um ator geopolítico relevante: “O BRICS nasceu como uma articulação econômica à qual poucos davam real importância, e foi, especialmente nos últimos 10 anos, evoluindo como um bloco geopolítico”.

Em sua avaliação, essa evolução foi posta à prova com a volta de Trump ao poder. “A clara afirmação do BRICS sobre a necessidade de controlar as big techs e de caminhar para a desdolarização provocou essa reação da Casa Branca”, avaliou.

A entrevista apontou ainda o contraste entre o BRICS e o G7, grupo que, segundo Altman, “já está tão maduro que envelhece e entra em decadência”. Ele afirmou que os países do G7, liderados pelos EUA, enfrentam contradições internas e declínio econômico relativo frente às economias do BRICS, e que esse cenário amplia o espaço para uma ordem internacional mais multipolar. Assista:

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