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Alysson Mascaro: “O sonho brasileiro é ver o povo no poder”

Jurista avalia que disputa em torno da taxação dos super-ricos pode marcar virada do governo Lula rumo à mobilização popular

Alysson Leandro Mascaro (Foto: Nicolas Iwashita)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o jurista e filósofo Alysson Mascaro defendeu que a luta por justiça tributária pode representar um momento decisivo no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Mascaro, ao propor a taxação dos super-ricos e a redução do IOF, o governo ensaia seu primeiro grande confronto com os interesses das elites econômicas — e isso exige mobilização social ampla. “O sonho brasileiro é ver o povo no poder”, afirmou.

Segundo ele, depois de dois anos e meio governando sob a lógica da conciliação, o Planalto começa a reconhecer que não há mais espaço para alianças com setores da burguesia que rejeitam qualquer agenda de redistribuição. “O presidente Lula está percebendo que algumas frações de classe do Brasil não o apoiarão mesmo que ele se pinte de ouro", afirmou.

Mascaro classificou a iniciativa em torno do IOF como “uma bola no campo muito boa para fazer disputa ideológica” e afirmou que se trata de uma oportunidade rara. “Quando acontece, é um dever social de quem luta por transformação aproveitar”, disse. Ele também alertou que a elite brasileira, mesmo dividida entre interesses financeiros, comerciais ou agroexportadores, atua em bloco contra qualquer projeto de emancipação popular.

“O único apoio que ele pode ter — e, se tiver, é tudo o que precisa — é o povo. Só que, até agora, essa variável não foi tentada. O governo Lula organizou-se para não criar conflito”, explicou. Mascaro considera que a decisão de levantar bandeiras como a justiça tributária indica uma mudança de estratégia forçada pelo esgotamento das alianças com o centrão e pelo reposicionamento da direita, que já se articula em torno de um novo nome para 2026.

“A extrema direita é quem tem feito discurso de mudança. Pela primeira vez em dois anos e meio, a esquerda institucional levanta um cartaz de enfrentamento ao capital, e isso já energiza 40% das massas”, afirmou. Para o jurista, existe uma “massa sedenta por dar soco”, mas que acaba sendo capturada por discursos autoritários por falta de uma alternativa popular combativa à esquerda.

Ao analisar a conjuntura, Mascaro argumentou que, mesmo com o histórico conservador do presidente Lula, este momento exige clareza estratégica e ruptura com setores que não entregarão apoio político real. “O governo precisa saber quem está com ele. Se dá um ministério inteiro a um partido que só entrega dez votos, é hora de reorganizar”, disse. E concluiu: “Se a esquerda ajudar o governo a ser ajudado, podemos iniciar um processo, ainda que modesto, de mudança social real”. Assista: 

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