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“A tática da frente ampla está entrando em colapso", diz Breno Altman

Jornalista critica articulação do governo Lula com partidos de direita e alerta para reorganização conservadora em torno de Tarcísio

Breno Altman | Lula (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | REUTERS/Carla Carniel)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Durante participação no Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman afirmou que a estratégia da frente ampla adotada pelo governo Lula "está entrando em colapso" diante do avanço de uma nova coalizão de direita que se articula em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Para Altman, o fracasso do recente ato bolsonarista no Rio de Janeiro é um indicativo de que a candidatura de Jair Bolsonaro perdeu viabilidade, mas não significa o fim do bolsonarismo nem da direita. “As pessoas sabem que o Bolsonaro não será candidato”, afirmou. “A insistência dele em se manter no jogo já não anima mais sua base social”.

Altman sustentou que a crise da frente ampla tem origem na própria lógica de composição do governo com partidos de centro e direita, o que, segundo ele, deslocou o programa do governo para longe das promessas progressistas de campanha. “Ao se aliar com partidos de direita, o governo desloca seu programa para uma posição aceitável a esses setores. Com isso, perde apoio da base social que votou à esquerda e esperava mudanças profundas”, criticou. Ele avalia que mesmo com indicadores econômicos positivos, como a queda do desemprego e o crescimento do PIB, a percepção de estagnação e recuo nas promessas sociais tem minado a popularidade do governo.

"Bolsonaro será preso", diz Altman

Ao comentar o esvaziamento do ato de Bolsonaro nas Laranjeiras, Altman reforçou que o enfraquecimento da mobilização de sua base está ligado à percepção de que o ex-presidente será condenado e preso. “Bolsonaro está sendo processado, será punido e será preso. Isso, além de ter respaldo em vastas provas, é de interesse da maioria das classes dominantes”, pontuou. Para ele, o recuo nas ruas não indica perda de apoio eleitoral da extrema direita, mas sim a transição para uma nova liderança no campo conservador.

Direita se reorganiza ao redor de Tarcísio

O jornalista apontou que há uma convergência de setores da direita e do centro em torno de Tarcísio de Freitas, vista na derrota do governo na votação do IOF no Congresso. Segundo ele, o apoio de Bolsonaro é o último elemento que falta para consolidar a candidatura do governador paulista. “Todos os fatores para a candidatura do Tarcísio já estão amadurecendo. Só falta o apoio de Bolsonaro”, analisou. “Está se construindo uma frente ampla conservadora anti-Lula”.

Altman criticou duramente o governo por manter ministros de partidos que traem a agenda do Executivo no Congresso. “Esses partidos derrotaram o governo na votação do IOF e continuam com cargos. Isso é um retrato do fracasso da frente ampla. Você oferece ministérios a partidos que não votam com você nem constroem sua reeleição”, disse.

Esquerda precisa romper ilusões

Na entrevista, Altman defendeu que o PT e o governo precisam abandonar as ilusões sobre os partidos de direita e reorientar sua estratégia. “Essas ilusões são primárias. Alcolumbre, Hugo Motta, esses personagens sempre foram o que são. Não há traição, o problema está na máquina de ilusões instalada na esquerda brasileira”, declarou.

Ele também defendeu uma reaproximação direta com o povo e criticou o impacto do arcabouço fiscal sobre a capacidade do governo de ampliar os investimentos sociais. “A esquerda fala em taxar os ricos, mas não rompe com a lógica do arcabouço fiscal. Se a arrecadação cresce, os cortes continuam. Isso é insustentável”, explicou, propondo a retirada de educação e saúde do limite imposto pelo novo regime fiscal. Assista: 

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