Workshop criado por artista brasileira resgata conexão humana em era digital
Unindo arte, educação e empreendedorismo, Mara Braga transforma vivência pessoal em método que valoriza o corpo, a escuta e a presença no mundo digital
Beatriz Bevilaqua, 247 - Em um mundo cada vez mais acelerado e digital, a multiartista Mara Braga resgata o essencial: o toque, o olhar, o encontro. Cantora, atriz, compositora e educadora, ela criou o workshop CorpoVoz como resposta sensível ao excesso de telas e à carência de conexão verdadeira, especialmente depois do impacto emocional e social causado pela pandemia.
Nascida em Araraquara (SP), Mara é formada em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina e vem construindo uma carreira multifacetada que une música, teatro, pedagogia e expressão corporal. Em 2024, lançou seu primeiro álbum autoral, MarAdentro, e desde então tem rodado o estado de São Paulo com shows e oficinas formativas. Mas é com o CorpoVoz, metodologia desenvolvida a partir de sua própria pesquisa artística, que ela encontrou seu caminho empreendedor.
“Ser artista é ser empreendedora. Quando criamos um método a partir de uma vivência pessoal e o compartilhamos com o mundo, estamos empreendendo. É uma arte que nasce do corpo e se transforma em ofício”, resume Braga.
O CorpoVoz não separa a técnica vocal do corpo em movimento. Para Mara, os dois são indissociáveis e revelam, juntos, a potência expressiva do ser humano. A oficina tem sido aplicada em instituições culturais como o SESC, e também em escolas, coletivos artísticos e empresas.
“Quando ganhamos consciência corporal, ampliamos nossos espaços internos. E isso reflete na maneira como nos expressamos, nos relacionamos e nos colocamos no mundo”, explica.
A metodologia mescla práticas somáticas, psicologia, improvisação e técnicas vocais, fruto de anos de estudos com mestres como Wagner Barbosa e Tiago Kaltenbacher. O foco está em despertar a escuta, o olhar e a presença: capacidades afetadas pela hiperconexão tecnológica e intensamente abaladas durante o isolamento da pandemia.
Empreender como forma de sobrevivência e liberdade
A trajetória empreendedora de Mara também nasce da maternidade. Diante de um diagnóstico de alergia alimentar severa do filho, ela precisou se afastar de empregos formais e reinventar sua fonte de renda. Foi aí que a arte e a educação se uniram como caminho possível.
“Empreender, para muitas mulheres, não é escolha e sim necessidade. Mas também é uma possibilidade de liberdade. De moldar o próprio tempo, de viver daquilo que pulsa em você”, afirma.
A artista também lidera a banda Diabaria, com releituras carnavalescas e tropicalistas, e realiza shows autorais, apresentações em casamentos e projetos educativos. Entre 2018 e 2023, também comandou um e-commerce, experiência que a ensinou sobre os desafios e os limites do empreendedorismo digital.
“Empreender é uma montanha-russa. Já tive vontade de desistir. Mas percebi que meu eixo está na arte. E mesmo isso é empreender. É buscar caminhos com autonomia e verdade”, diz.
O papel do artista no mundo das máquinas
Ao refletir sobre o futuro da arte diante da inteligência artificial e da automação, Mara é enfática que nada substitui a experiência humana presencial. “Durante a pandemia, as lives perderam o impacto. Porque o que nos conecta é o agora, é o efêmero, é estar junto. O papel do artista é emocionar, provocar, despertar sentidos que nenhuma máquina vai alcançar”, acredita.
Para ela, o teatro, a música ao vivo e as oficinas como o CorpoVoz têm um papel fundamental: re-humanizar o cotidiano. “Vivemos uma era em que bebês sabem usar celular antes de falar. Mas continuam existindo crianças que precisam de afeto, de escuta, de presença. O artista é esse canal entre o sensível e o mundo”, explicou.
Assista à entrevista na íntegra:
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