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Empresas precisam enfrentar riscos psicossociais e proteger a saúde mental dos trabalhadores

Com mais de 470 mil afastamentos por transtornos mentais em 2024, empresas devem se adequar a novas regras e promover ambientes emocionalmente seguros

Imagem: Pixabay
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247 - A saúde mental dos trabalhadores tornou-se um tema central nas organizações, impulsionado por números alarmantes. De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, mais de 470 mil afastamentos por transtornos mentais foram registrados no Brasil apenas em 2024, o maior número em pelo menos dez anos. 

Diante desse cenário, cresce a urgência de ações efetivas. Até maio de 2026, todas as empresas precisarão estar em conformidade com a nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que passou a incluir diretrizes específicas para riscos psicossociais. Entre os fatores citados estão estresse crônico, assédio moral e sobrecarga emocional — todos com impacto direto na saúde dos trabalhadores e no desempenho das equipes.

Para o psicólogo e especialista em saúde organizacional Filipe Colombini, o enfrentamento desses riscos exige mais do que medidas pontuais. “Não basta colocar um tapete de mindfulness ou oferecer um café. É preciso construir uma cultura genuína de cuidado, que integre a saúde mental à estratégia da empresa, da liderança ao operacional”, afirma.

Colombini reforça que a saúde mental não pode ser tratada de forma isolada da saúde física. “Essa separação é apenas didática. Tudo está interligado. Uma empresa saudável é feita por pessoas saudáveis física e emocionalmente”, explica.

Liderança preparada é chave para o sucesso

De acordo com o especialista, qualquer programa efetivo de saúde mental precisa começar pelo treinamento contínuo das lideranças. “São os líderes que moldam a cultura organizacional no dia a dia, influenciam comportamentos e têm o poder de reforçar — ou minar — ambientes psicologicamente seguros”, observa Colombini.

Ele destaca ainda que lideranças bem preparadas desenvolvem competências como escuta ativa, empatia, comunicação não violenta e gestão de conflitos. “Sem esse preparo, qualquer iniciativa tende a se tornar superficial ou incoerente com a prática cotidiana da organização. Portanto, investir em líderes emocionalmente inteligentes é um passo essencial para construir ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e sustentáveis.”

Caminhos para promover bem-estar mental

Para além da capacitação da liderança, empresas devem investir em uma estrutura robusta e coerente de apoio à saúde mental, que inclua:

  •  Canais de escuta e compliance efetivos, com garantia de sigilo e acolhimento de denúncias de comportamentos nocivos;
  •  Monitoramento constante do clima organizacional e das práticas de gestão;
  •  Subsídios para psicoterapia ou psiquiatria, tratando o cuidado emocional como um benefício essencial;
  •  Gestores que liderem pelo exemplo, falando abertamente sobre saúde mental e demonstrando vulnerabilidade quando necessário;
  •  Incentivo às relações saudáveis, com ênfase em respeito, empatia e cooperação no ambiente de trabalho;
  •  Postura firme contra assédio, discriminação e atitudes tóxicas, promovendo um espaço acolhedor e seguro.

Quebrando tabus e mudando a cultura

Colombini ressalta a importância de combater estigmas culturais que ainda rondam o tema. “É necessário romper com padrões tóxicos, como a ideia de que buscar apoio psicológico é ‘frescura’ ou ‘sinal de fraqueza’. Isso ainda está muito presente, principalmente entre lideranças masculinas”, afirma.

Para ele, saúde mental é sinônimo de força. “Empresas que não entendem isso estão fadadas a perder produtividade, talentos e reputação”, conclui o especialista.

A adequação à NR-1 não é apenas uma exigência legal, mas uma oportunidade estratégica para transformar ambientes de trabalho, reduzir afastamentos e fortalecer equipes. Afinal, cuidar da saúde mental é, cada vez mais, uma questão de sobrevivência — para empresas e para pessoas.

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