HOME > Economia

Trump anuncia tarifa de 50% sobre importação de cobre

Presidente dos EUA prepara novo pacote de tarifas setoriais

O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa ao lado do secretário de Defesa, Pete Hegseth, e do secretário de Comércio, Howard Lutnick, durante uma reunião de gabinete na Casa Branca, em Washington, DC, EUA, em 8 de julho de 2025 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)
Luis Mauro Filho avatar
Conteúdo postado por:

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta terça-feira (8) que pretende impor uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre. A medida faz parte de um novo pacote de tarifas direcionadas a setores estratégicos, que inclui também medicamentos, semicondutores e outros metais. A informação foi divulgada pela Bloomberg.

Ao ser questionado sobre qual seria a alíquota aplicada ao cobre, Trump respondeu: “Acredito que a tarifa sobre o cobre vai ser de 50%”. A fala fez os contratos futuros do metal dispararem em Nova York, com alta intradiária de até 17% — a maior desde, pelo menos, 1988.

Pouco depois da reunião, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse à CNBC que o Departamento de Comércio concluiu seu estudo sobre o setor. “O cobre está concluído. Terminamos nosso estudo. Entregamos o estudo ao presidente. O presidente sabe que tem a capacidade, já que estudamos o mercado do cobre, de definir a tarifa de mercado para o cobre”, afirmou. Ele indicou que a tarifa pode entrar em vigor até o fim de julho, ou em 1.º de agosto.

Trump também declarou que dará um prazo para que a indústria farmacêutica transfira sua produção para dentro dos Estados Unidos antes da aplicação de uma tarifa que pode chegar a 200% sobre produtos fabricados fora do país. “Vamos dar às pessoas cerca de um ano, um ano e meio, para se adaptarem”, disse. “Depois disso, elas serão tarifadas se tiverem que trazer os medicamentos e outros produtos para o país. Eles vão ser tarifados a uma taxa muito, muito alta, como 200%. Vamos dar um certo período para que eles se organizem.”

As ações de farmacêuticas reagiram negativamente às declarações. O índice S&P 500 de empresas do setor virou para o vermelho após as falas, e os papéis de Eli Lilly, Merck e Pfizer perderam os ganhos registrados mais cedo.

Segurança nacional e tarifas

O novo pacote tarifário é sustentado por investigações conduzidas sob a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, que permite ao presidente impor tarifas com base em ameaças à segurança nacional. Segundo Trump, a entrada desenfreada de importações em setores-chave representa risco estratégico para os Estados Unidos. As apurações já foram iniciadas para cobre, fármacos e semicondutores.

Paralelamente, o presidente planeja anunciar tarifas específicas por país, desvinculadas da Seção 232, que devem ser divulgadas no início de agosto. “Não vamos adiar de novo”, disse Trump, segundo a Bloomberg, sobre a aplicação dessas medidas.

Impacto no setor de cobre

Embora já esperada, a tarifa sobre o cobre deve impactar fortemente uma cadeia produtiva que há décadas depende de uma combinação de produção doméstica e importações de países aliados. Durante seu primeiro mandato, Trump concentrou sua política de guerra comercial sobre o aço e o alumínio, deixando o setor de cobre relativamente protegido — algo que agora deve mudar.

Em 2024, os EUA consumiram cerca de 1,6 milhão de toneladas de cobre refinado, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). A produção interna foi de aproximadamente 850 mil toneladas, obrigando o país a importar o restante. Os principais fornecedores foram Chile (38% das importações), Canadá (28%) e México (8%). Estimativas do Morgan Stanley apontam que 36% da demanda americana depende de cobre estrangeiro.

A medida ocorre em um momento de crescente demanda global pelo metal, essencial para a transição energética. A eletrificação de transportes, a ampliação das redes elétricas e a expansão de data centers devem elevar exponencialmente a necessidade de cobre, que ainda está aquém da capacidade de produção atual.

Medicamentos na mira

Trump vem há tempos criticando a dependência externa na produção de medicamentos, apontando o problema como uma ameaça à segurança nacional. A proposta de tarifas serve como incentivo para que empresas do setor invistam em fábricas nos EUA. Segundo a TD Cowen, Pfizer e Eli Lilly mantêm quase 20 plantas industriais na Irlanda, país com o qual os EUA registram um superávit comercial de US$ 54 bilhões — boa parte relacionado a produtos farmacêuticos.

A Irlanda, com seu regime tributário favorável e mão de obra qualificada, tende a ser um dos países mais atingidos pela eventual sobretaxa.

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...