'Não há fato econômico que justifique tarifas de 50% anunciadas pelos EUA', afirma CNI
A Confederação Nacional da Indústria também denunciou informações falsas na carta de Donald Trump enviada ao presidente Lula
247 - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, demonstrou indignação com as tarifas de 50% anunciadas pelo governo do presidente norte-americano, Donald Trump, contra o Brasil.
“Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, afirmou.
De acordo com a nota emitida pela CNI, “ao contrário da afirmação do governo dos Estados Unidos, o país norte-americano mantém superávit com o Brasil há mais de 15 anos”. “Somente na última década, o superávit norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. Incluindo o comércio de serviços, o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões. Entre as principais economias do mundo, o Brasil é um dos poucos países com superávit a favor dos EUA”, continuou a entidade.
Na carta endereçada ao presidente Lula, Trump disse que é necessário “corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos”. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!”.
A Confederação da Indústria disse que a decisão de Trump também “afeta a economia americana”. “O relacionamento bilateral é marcado por complementariedade, isto é, o comércio bilateral é composto por fluxos intensos de insumos produtivos. Na última década, esses bens representaram, em média, 61,4% das exportações e 56,5% das importações brasileiras”, pontuou a CNI.
“A forte integração econômica entre os dois países é evidenciada pelas 3.662 empresas americanas com investimentos no Brasil e pelas 2.962 empresas brasileiras com presença nos Estados Unidos. Os Estados Unidos foram o principal destino dos anúncios de investimentos greenfield brasileiro no mundo entre 2013 e 2023, concentrando 142 projetos de implantação produtiva”.
Conforme a entidade, “as exportações brasileiras para os EUA têm grande relevância para a economia nacional. Em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil”. “O aumento da tarifa de importação americana para 50% impacta diretamente a economia brasileira e abala a cooperação com os EUA”, criticou.
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